Um espaço de aprendizagem

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Seja queer, faça um site  0

Um conjunto de 6 giz pastel coloridos em uma superfície difícil de ver, mas bastante manchada com várias cores diferentes.

[fonte da foto]


Eu poderia falar que todas as grandes empresas por trás de redes sociais são culpadas por ou coniventes com atrocidades – como o genocídio em Myanmar, ameaças de bombas em escolas e trabalhadóries urinando em garrafas por medo de perderem emprego se tiverem que ir até o banheiro. Poderia também falar do que essas empresas fazem com sues usuáries, como usar dados de usuáries para treinar algoritmos de “inteligência artificial”, censura de postagens que chamam a atenção para sistemas opressivos e exposição de pessoas a desinformação e ódio.

A onda atual é enfiar “inteligência artificial” generativa em tudo, o que também é uma questão bastante problemática. Este texto fala sobre questões de ética e imprecisão nos resultados de pesquisas de Google, este é sobre como os bancos de dados usados por esse tipo de algoritmo foram construídos via exploração e este é sobre os grandes impactos ambientais que a tecnologia demanda.

Mas entendo que a maioria das pessoas não se importa com nada disso. Vão dar de ombros e reclamar que as alternativas mais éticas simplesmente não têm gente suficiente para serem interessantes a elas, ou que gostam dos algoritmos de curadoria que não exigem o esforço de pesquisar por assuntos que interessam ou de perguntar ativamente por recomendações.

E, por isso, não vou argumentar sobre largar redes mais populares, e sim sobre considerar abrir lugar em sua vida para espaços alternativos.

 

O ciclo de informações perdidas

Redes sociais que funcionam com base em linhas do tempo – ou qualquer coisa parecida que priorize conteúdo atual – dificulta o acesso a coisas que cada pessoa pode considerar informações básicas. Isso prejudica tanto pessoas que não sabem muito sobre certo assunto e que podem nunca entrar em contato com tais informações quanto pessoas que podem querer repassar tais informações a outres.

Sites de pesquisa também são cada vez mais inúteis. Alguns começaram a mostrar logo de cara respostas geradas automaticamente que não requerem entrar em alguma página para conferir seus contextos, e mesmo lugares que não fazem isso automaticamente, como Ecosia e DuckDuckGo, acabam priorizando sites que consideram mais consagrados (sites de notícias, wikis, sites comerciais) acima de lugares onde informações são construídas e circuladas com mais frequência (blogs, redes sociais).

Acredito que a necessidade de postar todo ano “o que significa LGBTQIAPN+“, “qual a diferença entre bi e pan“, “o que é não-binárie” e outras coisas provavelmente batidas pra grande maioria das pessoas lendo este texto – mas quase sempre perguntadas quando estamos interagindo com estranhes – acaba sendo por um hábito de querer chegar em pessoas novas no assunto que só engajariam nele por estar sendo esfregado na cara. Tal hábito também tem a ver com a ideia abstrata de “informação acessível”: provavelmente algo assim vai ser mais popular a curto prazo do que um assunto como “pronome/d[pronome] é uma maneira redundante de expressar linguagem pessoal“, “existem sim orientações específicas para pessoas não-binárias” ou “o que faz com que uma identidade de gênero esteja dentro do guarda-chuva xenogênero“.

Redes sociais que colocam limites estritos nos formatos e números de caracteres também contribuem para que assuntos não sejam aprofundados, além de acostumarem pessoas com a ideia de que extrapolar tais limites justifica ignorar o que essas pessoas têm a dizer (a questão do “textão”). Vivemos num mundo complexo e cheio de nuances, mas frases prontas com opiniões extremas conseguem sempre receber mais atenção.

Afinal, o que é mais fácil repetir ou opinar sobre: “toda pessoa não-binária é trans” ou “pessoas não-binárias são cisdissidentes e suas pautas estão entrelaçadas com as da população trans, mas há motivos válidos para pessoas não-binárias nem sempre se entenderem dentro deste termo“? Ainda mais se a pessoa tiver que explicar o que é ultergênero, isogênero ou afins para que o argumento seja melhor contextualizado e entendido.

Daí as discussões ficam estagnadas. Não há o hábito – ou, dependendo da rede social, a própria possibilidade – de colocar links em textos para que pessoas saibam qual é a base da discussão, então há sempre a necessidade de se repetir quando se vai referenciar algum conceito que não for considerado comum. A maioria também não quer ter o trabalho de organizar coisas fora das redes sociais às quais se apegam, preferindo uma sequência de postagens referenciando outras sequências ou uma coleção de stories (isso quando há alguma organização) a sistemas disponíveis para quem não quer ter contas em tais sites ou em formatos mais preparados para lidar com informações pertinentes.

Sempre há gente não informada, e portanto sempre há gente que precisa de informações básicas, e portanto há uma ausência de discussões aprofundadas, a qual também contribui para que menos gente lembre das informações básicas. Discussões mais profundas acabam tendo alcance limitado, porque lugares favoráveis a tais discussões são menos frequentados e mais difíceis de pesquisar. Já postagens feitas em perfis pessoais ordenados de forma cronológica sem oferecer muitas alternativas se perdem facilmente.

 

A falácia da falta de alcance

“Todo mundo está no Instagram.” Só que as poucas vezes que visito o site não são o suficiente para acompanhar tudo o que todas as contas que sigo postam. Só que conheço outras pessoas que não usam muito ou nada dessa rede social, só entrando no máximo quando alguém manda um link ou uma mensagem.

Só que praticamente toda pessoa que sei que tentou produzir conteúdo frequente para a rede demonstrou decepção com a pouca repercussão de suas postagens e com a superficialidade do entendimento dos assuntos que tratavam no site. Há relatos frequentes de pessoas que recebem grandes números de “curtidas” em suas publicações, mas que posteriormente presenciam as mesmas pessoas que “curtiram” interagindo da mesma forma com publicações defendendo opiniões opostas, ou fazendo perguntas que demonstram uma falta total de compreensão de informações que foram repetidas várias vezes.

Espaços chamados de alternativos na internet se tratam de colocar qualidade acima de quantidade. Quem está em fóruns quer falar com outres entusiastas de certo assunto, mesmo que isso signifique que haja menos gente com quem interagir e compactuar com regras mais rígidas. Quem está em redes sociais mantidas por entusiastas está procurando gente com valores parecidos em ambientes mais saudáveis, mesmo que suas postagens não tenham chance de “viralizar”. Quem tem blogs ou sites pessoais muitas vezes não tem métricas boas acerca de quantas pessoas diferentes estão lendo ou ouvindo suas palavras.

Mas a questão é que, na minha experiência, com poucas exceções, o que faz com que alguém preste atenção em qualquer assunto é uma conexão pessoal. E essa conexão pode acontecer com conteúdo online aleatório achado por alguém, mas isso vai ser sempre muito mais raro do que quando relações ativas são formadas com grupos e pessoas.

A maioria das pessoas que absorveu a questão de artigo/pronome/final de palavra ser importante fez isso por conta da repetição, de ter mais de uma pessoa falando sobre isso no mesmo lugar, de estar um espaço comunitário obrigando todes a aprenderem esse sistema ou da minha insistência em ensinar como ele funciona em conversas presenciais. Eu posso ter distribuído centenas de livretos sobre linguagem pessoal e ter falado sobre o sistema em diversos lugares e formatos, mas gente que tem 99% de contato com quem usa indicações como “elu/delu” e “pronomes neutros” ainda vai cair nisso se o único contato com a/p/f for como uma curiosidade abstrata ao invés de pessoas com conjuntos incomuns lutando pra que um sistema mais inclusivo seja popularizado.

Esse é um exemplo, e ele pode parecer “de nicho”, mas a realidade é que qualquer questão não tão presente na vida de alguém vai parecer “de nicho” se não houver investimento pessoal. Existem trocentos espaços que consideram quaisquer questões de marginalização como “políticas demais para espaços de lazer” porque as pessoas marginalizadas à sua volta não falam disso, por mais que em certos espaços para pessoas marginalizadas qualquer pessoa seria ridicularizada ao levantar a ideia de que chamar a atenção para racismo ou misoginia seja irrelevante só porque o assunto não é esse.

Mesmo que o que você faça não tenha a ver com ativismo, a questão é que a maioria das pessoas não se importa em absorver informações, e que quem realmente se importa vai ir atrás do que você faz mesmo que não esteja nas redes sociais que geralmente usa. Redes sociais populares podem ser úteis pra espalhar a mensagem de que o que você faz existe, mas se limitar aos seus formatos de organização e postagens não vai te beneficiar tanto assim.

 

Primeiro passo

Considere qual o formato mais adequado para disponibilizar as informações:

  • Um blog geralmente já vai vir com sistemas de comentários e de tags embutidos, além de possibilitar a criação de páginas estáticas para ajudar a apontar pessoas para os locais onde elas se interessam. Porém, estes são mais voltados para uma lógica de “linha do tempo”, a qual destaca publicações mais recentes.
  • Um site estático geralmente permite uma liberdade maior em relação a como o conteúdo publicado será exposto, embora isso exija mais de seu tempo e de sua imaginação (mesmo que você vá usar um serviço que não necessite aprender a usar HTML). Se você só quer listar algumas informações, ou quiser experimentar mais com formatos diferentes para cada publicação, provavelmente um site estático será um formato mais adequado do que um blog.
  • Uma wiki é uma enciclopédia online que facilita contribuições coletivas e categorização de publicações. Se a ideia é disponibilizar informações mas também permitir que outres contribuam, este formato pode ser interessante.
  • Um fórum é uma espécie de comunidade independente, geralmente direcionada a um assunto central. Mesmo fóruns sem assunto específico tendem a ter identidades próprias em relação ao tom permitido dentro deles, geralmente indicado pelas regras e/ou pelo comportamento de outres usuáries. Fóruns são úteis para requisitar opiniões e conversar, e, embora às vezes sejam usados como blogs (para postar informações organizadas com as mais recentes no topo de forma que permite comentários), não é um formato que recomendo caso o objetivo seja disponibilizar informações, a não ser que a ideia seja ter só o trabalho de moderação e abrir para que todes contribuam da forma que quiserem.

É possível ter um domínio que disponibilize mais de um tipo de formato: aqui no Orientando, o menu oferece uma série de páginas estáticas, e as listas nunca são categorizadas simplesmente por qual página foi feita mais recentemente, mas há também este blog, que embora tenha tags vá sempre priorizar publicações mais recentes. A parte estática é mais adequada para passar informações que não vão ser mais ou menos relevantes dependendo da época visitada de forma organizada, enquanto o blog possui publicações que fazem mais sentido de acordo com contextos específicos, ou que são opiniões ou compilações consideradas menos essenciais para o foco do site.

O blog também permite comentários diretamente após cada publicação, enquanto comentários ou correções direcionadas às páginas estáticas devem ser feitas em nosso fórum. Que é por si só um formato diferente que visivelmente usa um software separado para seu funcionamento.

Enquanto isso, Blogue Alternative, cuja manutenção é feita por ume amigue minhe, tem majoritariamente publicações de opinião, muitas das quais são feitas em resposta a discussões do momento, mas também tem um menu oferecendo algumas páginas estáticas com informações que podem ir sendo atualizadas quando isso for adequado.

Existem opções envolvendo mais ou menos complexidade dentro de cada um dos formatos citados:

  • Dreamwidth, WordPress.com e instâncias de WriteFreely são exemplos de lugares onde é possível criar blogs;
  • Ghost, Hugo, Jekyll e WordPress.org são exemplos de softwares de blogs/sites que podem ser instalados num servidor próprio;
  • ichi, Nekoweb, Neocities e yay.boo permitem que usuáries criem páginas com base em seus próprios arquivos HTML/CSS/etc. Já Carrd, mmm.page e Straw.Page têm a proposta de fornecer os próprios blocos para construção de sites de forma que necessita menos conhecimento sobre como funciona a publicação de páginas;
  • Miraheze e Wikidot são lugares que permitem a criação de wikis;
  • dokuwiki e MediaWiki são softwares de publicação de wikis que podem ser instalados num servidor próprio;
  • Forumeiros e ProBoards são exemplos de lugares onde é possível criar fóruns;
  • Flarum e MyBB são exemplos de softwares de fóruns que podem ser instalados em um servidor próprio.

Para quem não sabe, quando eu digo um servidor próprio, estou me referindo a uma máquina que terá sempre que estar ligada para que o site fique acessível. É possível usar um computador na própria casa, mas é mais comum a utilização de serviços oferecidos por empresas ou outras entidades, como leprd.space, NearlyFreeSpeech.Net ou TinyKVM. Esta é uma opção mais avançada que eu não recomendo para quem não sabe o que está fazendo, mas há sempre a possibilidade de aprender a usar servidores se houver vontade de ir atrás do conhecimento.

Ao se registrar em um site como Dreamwidth, Miraheze, Neocities ou Straw.Page, ainda há servidores envolvidos: é só que sues usuáries têm menos controle sobre eles. Isso tem suas próprias vantagens e desvantagens.

Após fazer uma conta e/ou instalar programas na máquina, é possível testar se suas ideias funcionam naquele formato. Por exemplo, talvez o site gratuito que não requisite mexer com código acabe não possibilitando o layout desejado para a página, ou talvez o servidor barato não tenha memória suficiente para a intenção original do projeto. Pode ser importante testar os limites de cada formato antes de insistir em algum.

 

POSSE

Publish (on your) Own Site, Syndicate Elsewhere (publique em seu próprio site, transmita no resto dos lugares) é um princípio que defende manter conexões em quaisquer redes sociais que a pessoa quiser, mas de forma que indique um link para a página original a qual (a princípio) a pessoa tem mais controle sobre. Assim, outras pessoas recebem a notícia de publicações novas nos aplicativos/sites que frequentam, mas de forma que (idealmente) a pessoa não precisa repostar versões diferentes da mesma coisa em lugares diferentes.

Por exemplo: Ariel tem seu próprio site em ariel.example. Quando Ariel publica a página ariel.example/texto.html, elu pode espalhar a informação sobre essa publicação em grupos de WhatsApp, no Tumblr, no Reddit, em colorid.es e no BlueSky, sem ter que se preocupar com reescrever o texto de forma diferente para cada lugar, com fornecer um link que vai pedir para que ume visitante crie uma conta para ler ou com seu texto ser perdido por Ariel ter sido banide de uma plataforma social por motivos alheios à publicação.

RSS também é uma ferramenta útil para acompanhar blogs alheios e agregá-los de forma compatível com diversas plataformas diferentes. Nem sempre faz sentido acompanhar as atualizações de um site via RSS, mas é uma ferramenta bem importante para o formato de blog. Um texto explicando mais sobre RSS e como usar está disponível aqui.

 

Mas afinal, o que há de tão queer nisso?

Alguns princípios comuns em comunidades queer são:

  • Expressão pessoal independente das estruturas impostas como corretas pela sociedade hegemônica;
  • Questionamentos sobre o quanto do que é empurrado como comportamento “correto”, “importante” ou “natural” é realmente relevante para nossas vidas;
  • Desconfiança em relação às grandes empresas, que têm mais interesse em nos explorar do que em nos acolher;
  • Construção e manutenção de comunidades e meios de comunicação alternatives a espaços construídos e dominados por pessoas mais privilegiadas.

Quanto mais alguém se aventura a construir o próprio layout, codificar o próprio site, manter serviços personalizados em um servidor próprio e afins, mais a pessoa pode exercer independência sobre sua própria página. Em um mundo onde perfis de redes sociais estão cada vez mais padronizados, até algumas plataformas de blogs e sites gratuitos conseguem oferecer possibilidades mais diversas de identidade visual.

Quanto menos alguém depende de alguma rede social específica funcionando para socializar ou conseguir visualizações para seu trabalho, mais é possível questionar o quanto é importante alguém ter que frequentar tal rede social. E se há menos publicações, ou publicações mais vagas que apontam para links próprios, há menos material para ser usado livremente e facilmente por grandes empresas.

Fóruns e wikis moderades por pessoas queer permitem colaborações alheias em ambientes que não deixam espaço para discursos de ódio, fortalecendo também a saúde mental des interessades. Também tendem a ser ambientes que estimulam discussões com mais nuance do que simplesmente expressar concordância ou discordância do que alguém disse.

Promover sites próprios e comunidades alternativas também se alinha com o que o próprio Orientando faz: mostrar que não existe um limite absurdamente pequeno para as formas de existência que alguém pode expressar, o qual é baseado em popularidade e só pode aumentar com base no que publicações mais formais reconhecem.

 

Recursos e exemplos

Aqui vão uns exemplos de projetos na língua portuguesa que foram requisitados por mim:

Também posso apresentar como exemplos de independência das redes sociais comerciais este próprio site (orientando.org), nosso fórum e meu blog pessoal, assim como outras coisas linkadas no meu site pessoal.

Presumir gênero é inerentemente antitrans?  0

Presumir gênero é inerentemente antitrans?

Aviso de conteúdo: Esta é uma postagem sobre presunção de gênero. Ela é contra a presunção de identidades de gênero, mas como o público-alvo são pessoas que se acham justificadas em presumir gênero, ela menciona exemplos que podem machucar quem lida com disforia de gênero ou com questões similares.

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Alguns termos cunhados em 2023  2

Boas vindas ao quarto ano seguido de postagens que apresentam certas identidades que foram cunhadas no ano que recém passou!

Como sempre, esta é apenas uma pequena parcela do que o ano de 2023 teve a oferecer em relação a cunhagens. Epikulupu, neopronouns e ryanyflags são alguns exemplos de Tumblrs que publicaram uma porção de cunhagens novas durante o ano, enquanto r/XenogendersAndMore e LGBTQIA+ Wiki são alguns exemplos de lugares de participação coletiva onde vários termos são publicados.

Também quero ressaltar novamente que o advento de terminologia mais específica não tem o objetivo nem de obrigar pessoas a largarem os rótulos que já usam, nem de obrigar pessoas a adicionarem novos termos às suas listas e nem de colocarem termos mais comuns ou gerais como “ultrapassados”. Para saber mais sobre isso, há dois textos mais antigos por aqui que já tratam desse assunto: “Por que usar [y] ao invés de [x]?”A culpa des excluídes.


Retângulo composto por nove losangos, considerando que cinco deles estão cortados por irem além do retângulo. Suas cores, de fora para dentro, são verde azulada, verde azulada escura, cinza azulada, roxa escura, lavanda clara, púrpura, azul, verde água e cinza clara. A parte lavanda é proporcionalmente maior do que as outras.

Bandeira fictopersonen

Fictopersonen

O primeiro termo desta lista foi cunhado em 3 de fevereiro por epikulupu no Tumblr a pedido de uma pessoa anônima.

Ele é definido como um gênero relacionado à personalidade de ume personagem fictície.

Ficto tem relação com ficcional, enquanto personen provavelmente se refere à palavra pessoas na língua alemã.


Aviamasculine

Onze faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa, rosa avermelhada, roxa, púrpura, azul, verde água, azul, púrpura, roxa, rosa avermelhada e rosa.

Bandeira aviamasculina

Este termo foi cunhado em 5 de abril por Reign, mogai-sunflowers no Tumblr, a pedido de Atticus-Kirby, fagdykefrank na mesma rede.

Ele se refere a um gênero masculino da mesma forma que pássaros experienciam masculinidade. Isso porque é comum que pássaros “machos” sejam chamativos e/ou coloridos e tentem chamar a atenção de parceires em potencial por meio de danças e cantos.

O termo original é aviamasc, e pode ser viável utilizá-lo assim na lusosfera também, mas decidi por traduzi-lo utilizando uma forma mais completa do sufixo. Desta forma, seu final de palavra é flexível: uma pessoa seria aviamasculina, um grupo seria aviamasculino, etc.


Gênero-ponte, pontegênero ou ponte

Em 17 de abril, Nil (kitgay em write.as) publicou um texto detalhando o que este xenogênero cobre. Ele pode ser lido na íntegra aqui, e acredito que dê pra resumir alguém que possui esta identidade de gênero como:

  • Alguém cuja identidade de gênero possui, está aberta a construir ou é composta por “uma ponte” que atravessa ou vem de outras experiências de sua vida, como neurodivergência, orientação ou regionalidade, por exemplo;
  • Alguém que percebe que a própria identidade de gênero contém pontes entre seus gêneros;
  • Alguém cujo gênero é relacionado com uma ou mais pontes reais ou imaginárias em relação a suas estruturas, seus materiais, suas cores ou afins;
  • Alguém que se apresenta para o mundo de forma aberta à possibilidade de relacionar sua identidade de gênero com pontes.

Alguém não precisa cumprir todos estes parâmetros para se dizer gênero-ponte; só há a necessidade de associar de alguma forma a identidade de gênero com alguma forma de ponte, sendo os itens acima alguns exemplos de como atingir isso.


Gênero-baleia

Theo

Portanto, é um termo que pode abranger praticamente qualquer gênero que tenha a ver com baleias, como um gênero grande como uma baleia, ou que lembra sons que baleias fazem.


Retângulo composto por três faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores amarela, creme e amarela. Há um girassol estilizado no centro da faixa creme.

Bandeira méstrica

Méstrique

Este termo descreve qualquer forma de atração, relacionamento, orientação ou afins que envolvam ao menos uma pessoa não-binária. Ele foi cunhado em 4 de julho por Delta, the-delta-quadrant no Tumblr.

Méstrique é uma resposta a diamórique, um termo juvélico que foi feito para centralizar pessoas não-binárias. Uma pessoa não-binária pode chamar qualquer atração que tem de diamórica, e qualquer relacionamento envolvendo ao menos uma pessoa não-binária pode ser chamado de diamórico, mas pessoas binárias (as que são sempre, completamente e somente homens ou sempre, completamente e somente mulheres) não podem se dizer diamóricas. No entanto, uma pessoa binária que sente atração por pessoas não-binárias pode chamar tal atração de méstrica.

Para facilitar a explicação da diferença entre méstrique e outros termos juvélicos que envolvem pessoas não-binárias, vou usar as seguintes siglas:

  • NBaNB descreve pessoas não-binárias atraídas por pessoas não-binárias.
  • BaNB descreve pessoas binárias atraídas por pessoas não-binárias.
  • NBaB descreve pessoas não-binárias atraídas por pessoas binárias.
  • NB/NB descreve um relacionamento envolvendo duas pessoas não-binárias.
  • NB/B descreve um relacionamento envolvendo uma pessoa não-binária e uma pessoa binária.

(Não existem termos específicos para relacionamentos envolvendo mais de duas pessoas, e portanto fica a critério de cada ume que termos se aplicam a si dentro de um polículo.)

Enfim:

  • Embinárique (enboric) descreve atração de qualquer pessoa LGBTQIAPN+ por pessoas não-binárias.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como embinárica.
    • Atração BaNB pode ser descrita como embinárica.
    • Atração NBaB não deve ser descrita como embinárica.
    • De forma geral, este termo não parece ter sido feito para descrever relacionamentos.
  • Enebeane (enbian) descreve atração/relacionamentos entre duas pessoas não-binárias.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como enebeana.
    • Atração BaNB ou NBaB não deve ser descrita como enebeana.
    • Relacionamentos NB/NB podem ser descritos como enebeanos.
    • Relacionamentos NB/B não devem ser descritos como enebeanos.
  • Diamórique (diamoric) descreve relacionamentos envolvendo ao menos uma pessoa não-binária ou a atração de uma pessoa não-binária que considera sua não-binaridade relevante.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como diamórica.
    • Atração BaNB não deve ser descrita como diamórica.
    • Atração NBaB pode ser descrita como diamórica.
    • Relacionamentos NB/NB podem ser descritos como diamóricos.
    • Relacionamentos NB/B podem ser descritos como diamóricos.
    • Em adição a isso, o termo “orientações diamóricas” é ocasionalmente utilizado para falar sobre orientações e termos juvélicos que envolvem atração vinda de pessoas não-binárias, como enebeane, mártique, feminamórique e escapolitiane.
  • E, finalmente, méstrique (mestric) descreve qualquer relacionamento, orientação ou atração envolvendo alguma pessoa não-binária.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como méstrica.
    • Atração BaNB pode ser descrita como méstrica.
    • Atração NBaB pode ser descrita como méstrica.
    • Relacionamentos NB/NB podem ser descritos como méstricos.
    • Relacionamentos NB/B podem ser descritos como méstricos.
    • Em adição a isso, o termo “orientação méstrica” pode ser usado para descrever quaisquer orientações e termos juvélicos que envolvem especificamente atração por e/ou vinda de pessoas não-binárias.

O termo mestric foi inspirado em Mnestra/Mestra da mitologia grega, que ganhou a habilidade de trocar de forma do deus Poseidon. A tradução, méstrique, possui final de palavra flexível: um símbolo seria méstrico, alguém que usa i como final de palavra seria méstriqui e por assim vai.

A bandeira méstrica usa a cor amarela para simbolizar não-binaridade e um girassol para representar alegria.


Retângulo dividido em cinco faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores violeta, lavanda, amarela clara, lavanda e roxa escura. No centro da faixa central, há um círculo - também amarelo claro - que se expande por cima das faixas adjacentes, o qual contém um halo e cinco estrelas em volta do halo, na cor branca com contornos pretos.

Bandeira angelissexo/angeligenital

Angeligenital ou angelissexo

Em 15 de agosto, queer-coining no Tumblr postou uma resposta à pergunta de uma pessoa anônima que pediu uma bandeira para o termo. A bandeira foi postada em 27 de agosto.

Os termos em si se referem a alguém que quer ter genitália/sexo angelical. É um termo altersexo do mesmo tipo que transgenital, angenital e genital-fluxo, por exemplo.

Esta identidade provavelmente foi cunhada com base na ideia de que anjos não possuem genitália ou possuem genitália que não é humana, visto que não é uma espécie que precisa se reproduzir de acordo com várias histórias produzidas sobre a espécie.


Retângulo dividido em seis faixas horizontais de tamanhos ligeiramente diferentes, nas cores marrom, marrom clara, bege, salmão, vermelha e roxa escura.

Bandeira queertina

Queertine

Em 12 de dezembro, queer-coining publicou bandeiras e definições de queertine, que se refere àquelus cujas identidades queer são influenciadas por serem latines (ou seja, por serem ou terem ascendência da América Latina). É possível dizer que este termo é uma forma de identidade vesil.

Queertine tem final de palavra flexível. Uma pessoa é queertina, um grupo é queertino, etc.


Virnorromântique

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores roxa escura, roxa, roxa clara, rosa clara, rosa, vermelha acinzentada e vinho.

Bandeira virnorromântica

Este termo foi cunhado por lovesicklie no Tumblr em uma postagem feita em 14 de dezembro. Sua base foi um pedido feito no Tumblr the-mogai-request-graveyard publicado em 2 de dezembro por Autumn, autumnmoon-morrison no Tumblr. O pedido em si continha uma definição sem qualquer menção a possíveis nomes ou símbolos para a identidade.

Uma pessoa virnorromântica – o final de palavra é flexível, assim como acontece em geral com orientações românticas – sente atração romântica facilmente por conta de neurodivergência e/ou trauma. No sentido de que tem quedas por praticamente qualquer pessoa em volta de sua idade que demonstra bondade para ela e compatibilidade com suas preferências.

Esta orientação não especifica gênero, então é tanto possível que seja uma orientação múlti que não depende de identidade de gênero quanto uma orientação “combinável” com outras (hétero, tóren, bi, etc). É, de qualquer forma, uma neuro-orientação.


Retângulo composto por cinco faixas iguais do mesmo tamanho, nas cores verde, verde clara, amarela, amarela clara e branca.

Bandeira enebaorientada

Enba- (possíveis traduções: emba, eneba)

A pedido de uma pessoa anônima, Dexter, neopronouns no Tumblr, cunhou a orientação enba e postou sobre ela e sua bandeira em 28 de dezembro. O termo descreve alguém que sente atração por pessoas não-binárias, de forma que explicitamente não se refere à identidade de gênero de quem possui tal atração.

Enba vem de enban, um termo para descrever pessoas não-binárias adultas (o qual eu adaptaria como embã ou enebã). A orientação é para ser equivalente a home/ma e mulhe/woma; por isso a ausência da última letra. A bandeira também imita algumas das bandeiras de tais orientações.

Como o termo é quase que uma palavra usada para descrever pessoas não-binárias, pode ser uma boa ideia tentar usá-lo com sufixos de orientações quando possível, como em enbaorientade, embarromântique ou enebassexual.


Retângulo composto por cinco faixas horizontais, os quais possuem as cores índigo, ameixa, vermelha clara, bege e laranja clara.

Bandeira saliliana

Saliliane

Também no dia 28 de dezembro, Lacey, haunted-thing no Tumblr, cunhou salilian, uma palavra para descrever lésbiques inconformistas de gênero.

A cunhagem foi inspirada por laveniane, que descreve turianes (homens gays) inconformistas de gênero.

Saliliane é uma palavra com final de palavra flexível. Uma lésbica seria saliliana, enquanto um lésbico seria saliliano. (Há pessoas que, mesmo tendo alguma associação com mulheridade, não usam a/ela/a, por conta de não-binaridade e/ou inconformismo de gênero. Leia mais sobre não-conformidade de linguagem aqui.)


Como quatro destes termos foram cunhados em dezembro, que tal uma lista rápida com mais termos, um por mês?

  • Janeiro: humor-fluxo, uma forma de gênero-fluxo que varia com base no humor;
  • Fevereiro: poetauródique, alguém cujo gênero é relacionado a ter uma aura de tragédia poética;
  • Março: turiknight (ou turicavaleire), um gênero relacionado a ser homem com atração por homens e ume cavaleire;
  • Abril: deceptóxique, alguém cujo gênero é relacionado a parecer mais perigose do que realmente é;
  • Maio: myceriane (ou miceriane), um neurogênero relacionado a fungos de forma que é vasto, interconectado, relacionado a ciclos naturais, além da compreensão e só entendível depois de deixar conceitos mundanos para trás;
  • Junho: sistema de gêneros shroom, o qual é majoritariamente composto por gêneros relacionados a outros gêneros mas de forma que só podem ser conceitualizados como fungos;
  • Julho: bitgênero, 1-10% de um gênero enquanto o resto é outra(s) coisa(s), de forma similar a nanogênero/demigênero;
  • Agosto: eteriane, alguém que é veldiane e urânique, e talássique, alguém que é lésbique e netúnique;
  • Setembro: chaosoul, um gênero relacionado com a alma da pessoa e com caos;
  • Outubro: cenilunar, uma identidade relacionada com feminilidade e/ou com ser mulher ou que está indo em direção a isso, e cenitidal, uma identidade relacionada com masculinidade e/ou com ser homem ou que está indo em direção a isso;
  • Novembro: luminaeiane, um termo juvélico para pessoas transfemininas atraídas por pessoas transfemininas, e estariane, um termo juvélico para pessoas transmasculinas atraídas por pessoas transmasculinas;
  • Dezembro: gênero-alegria, um gênero que tem a sensação de ser feliz e alegre; um gênero relacionado a euforia de gênero e felicidade; um gênero que tem a sensação de ser morno como um dia de sol.

Aqui terminam os destaques de 2023. Que eles tenham ajudado a descobrir termos novos para considerar!

Um podcast acerca de aliades  2

Eu e Oltiel gravamos este podcast no dia 9 de março para o Rodízio NHINCQ+ sobre o tema aliades. O áudio tem quase uma hora de duração e fala sobre tanto o que aliades fazem de ruim quanto o que fazem de bom.

A edição do áudio foi feita por mim (Aster). A transcrição foi feita por niê e a revisão de tal transcrição foi feita por Oltiel.

(Interessades no trabalho de transcrição de niê podem entrar em contato via e-mail: amilomorim em gmail.com.)

Avisos de conteúdo: Como este podcast fala sobre erros de aliades e sobre resistência contra o sistema, ele fala sobre aspectos de opressão (por exemplo: maldenominação, falta de emprego, repressão policial). Não há relatos muito gráficos, mas esse tipo de assunto é discutido.

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Alguns termos cunhados em 2022  1

Descrição: Bandeiras de orgulho em vários tamanhos e ângulos, umas por cima das outras. Elas representam as identidades simigênero, erossêntien, aceactial, viadevesil, limenegênero, somewharo, valeogênero, gênero-roubado, laveniq e sertãopunkic.


Boas vindas a mais uma retrospectiva arbitrária de cunhagens NHINCQ+! Assim como em 2017, 2020 e 2021, esta postagem destaca alguns termos interessantes que, por serem relativamente novos e/ou específicos, podem não aparecer muito em listas de identidades por aí, especialmente no momento atual.

Quero destacar que esta lista ou qualquer outra não tem a intenção de obrigar ninguém a usar certos rótulos por se encaixar neles, e muito menos de fazer com que pessoas se forcem a agir de certa forma para que se encaixem melhor em identidades mais específicas. Apenas cada pessoa pode dizer em quais termos identitários se encaixa, e pessoas que só usam termos mais abrangentes como assexual mesi, múlti ou não-binárie não são superiores ou inferiores a pessoas que preferem especificar que são cáligo, ômni, beluagênero ou termos desta ou de qualquer outra lista.

Algumas pessoas preferem usar termos mais específicos, especialmente em ambientes onde identidades NHINCQ+ são discutidas em maiores detalhes, enquanto outras não se importam com isso, e ambas estas posturas devem ser respeitadas. Questionar a necessidade de termos quando eles descrevem experiências existentes é uma atitude queermísica, ainda que venha de pessoas que também são cisdissidentes e/ou heterodissidentes.

Ao “não entender” uma identidade, é importante refletir sobre os possíveis preconceitos que fazem com que tal identidade seja “impossível” (ex.: uma identidade arromântica que envolve namorar ou um gênero não-binário que não usa os gêneros binários como referência), e pesquisar mais sobre experiências destas comunidades que vão além de definições básicas ou estereótipos.

Caso isso ainda não tenha ajudado com a dúvida, dá pra perguntar para quem conhece do assunto. Porém, é fundamental levantar a questão de forma respeitosa, sem desdém ou presunções negativas contra pessoas que usam ou que entendem a identidade. Afinal, se a “pergunta sincera” parece mais um deboche, faz sentido exigir paciência e compaixão de quem tem a capacidade de responder? Aplique o caso a qualquer outro assunto, seja profissão, hobby ou mídia: se você não sabe muito sobre algo que faz parte da vida de outras pessoas por anos, faz sentido exigir respostas enquanto é passada a impressão de que quem sabe sobre o assunto não presta, e de que a pessoa ignorante sobre o assunto na verdade sabe mais mesmo que nunca tenha tentado entender sobre ele em boa-fé?

Enfim, fica aí a reflexão pra quem precisar. Sem mais enrolação, vamos aos termos!


Retângulo composto por quatro faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa, rosa avermelhada, vermelha e roxa.

Bandeira aceactial

Aceactial descreve alguém que deseja realizar ações tipicamente sexuais com pessoas pelas quais sentem atração romântica, ainda que não sintam atração sexual.

Aromactial descreve alguém que deseja realizar ações tipicamente românticas com pessoas pelas quais sentem atração sexual, ainda que não sintam atração romântica.

Ainda que os termos sejam centrados apenas em atrações românticas e sexuais (para quem não sabe, existem outros tipos), eles são interessantes por serem para pessoas variorientadas que sentem atração sexual sem atração romântica – ou vice-versa – sem definir a atração que conseguem sentir como alo ou a-espectral.

Caso eles pareçam específicos demais, é porque termos como cúpio já existem. Aroflirt (aroflerte? Acho que faria sentido uma tradução que também seja substantivo, mas não sei dizer qual substantivo seria adequado) também é um termo cunhado em 2022, e descreve pessoas arromânticas que gostam de flertar mas que não possuem interesse em relacionamentos românticos. Bélus (bellus) é um prefixo com utilidade similar: é para pessoas que não sentem atração mas que gostam de algumas ações tradicionalmente associadas com tal atração.

Retângulo composto por quarto faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores vermelha, rosa, rosa clara e verde.

Bandeira aromactial

A parte act de aceactial e aromactial vem do verbo atuar na língua inglesa, então é possível que algumas pessoas prefiram remover a letra T destes termos ao usá-los no contexto da língua portuguesa brasileira. Mas estou só especulando: em geral, tem muita gente que não se importa em traduzir os termos que usam para suas orientações, identidades de gênero ou afins.

Ambos os termos foram cunhados pela mesma pessoa: Dexter (neopronouns no Tumblr). Eles foram requisitados por pessoas anônimas. A cunhagem de aromactial foi em 11 de junho, e a de aceactial no dia 20 do mesmo mês. As bandeiras também foram feitas por Dexter.


Erossêntien (adaptação minha) ou erosentien (original) é um prefixo que pode ser usado para descrever quando uma orientação é afetada por não-humanidade. Alguém erossentienromântique é alguém cuja orientação romântica é afetada, entrelaçada ou definida por sua identidade não-humana, por exemplo.

Retângulo composto por 11 faixas horizontais, sendo as quatro primeiras e quatro últimas do mesmo tamanho, a faixa central maior e as faixas ao redor da faixa central menores a ponto de serem praticamente linhas. Suas cores são índigo, roxa azulada, lilás, branca, roxa, rosa, roxa, branca, amarela, laranja e vermelha. No centro da bandeira, há um símbolo preto composto por flechas cruzadas apontando para quatro direções diagonais, um círculo grande, um círculo menor com duas linhas pequenas saindo dele para cima e para baixo e um losango quase do tamanho do círculo maior.

Bandeira erossêntien

Não-humanidade, aqui, é um conceito utilizado no sentido que alterumanes usam. Este termo é basicamente a versão para orientações da identidade de gênero gênero-alterumano. Tanto erossêntien quanto gênero-alterumano não definem exatamente qual a orientação ou qual a identidade de gênero específica de quem usa tais termos, somente que são definidas por sua não-humanidade ou alterumanidade, respectivamente.

Existem outras orientações que funcionam da mesma forma. Pessoas neurossexuais ou aroicas podem ou não saber se são oligossexuais, pansexuais, heterossexuais e/ou de outras orientações que definem se sentem atração sexual ou por quem/de qual forma, mas expressam que suas orientações sexuais são afetadas por neurodivergência e arromanticidade.

Esse termo, composto por eros (amor) e sentien (de senciência), foi cunhado em 7 de dezembro por Reign (mogai-sunflowers no Tumblr). A postagem especifica que este termo não deve ser usado para justificar abuso de seres que não podem consentir.


Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores preta, cinza, cinza clara, branca, amarela, rosa e azul.

Bandeira gênero-roubado

Gênero-roubado (termo original: stolengender) descreve alguém que tem a sensação de ter roubado um ou mais gêneros de outres.

A descrição não especifica como esse processo acontece, de quem um gênero pode ser roubado ou o motivo pelo qual a identidade é descrita como um roubo ao invés de uma cópia de gêneros alheios, então tais questões ficam abertas à interpretação de quem usa o termo.

Assim como ocorre em outras experiências poligênero, é possível que a pessoa mude entre os gêneros que roubou, ou é possível que acumule-os de forma que tenha todos de forma simultânea.

Esta identidade é descrita por quem a cunhou como um xenogênero, e é provável que isso seja por conta da sensação do gênero não ser originalmente da pessoa e/ou do conceito de “roubar o gênero” em geral.

A cunhagem foi realizada em 26 de fevereiro pelo Coletivo Aoi (the-aoi-collective-term-archive no Tumblr).


Retângulo composto por cinco faixas diagonais da mesma altura. Elas vão do canto superior direito até o canto inferior esquerdo. Começando do canto superior esquerdo, suas cores são roxa, roxa clara, bege clara, marrom clara e marrom.

Uma das cinco bandeiras de orgulho lavenique postadas junto com o anúncio do termo

Lavenique ou laveniq foi um termo decidido em conjunto para descrever lésbiques pretes/negres. Isso é por causa de muites laveniques se sentirem desconectades e/ou serem excluídes de tal rótulo por conta da dominação branca dentro da história, dos estereótipos e dos espaços lésbiques.

É um termo explicitamente aberto para qualquer pessoa preta/negra (multirracial ou não) que poderia se dizer lésbica, de forma que não limita ou define o que é ser lésbique.

Geralmente, termos NHINCQ+ que são originalmente terminados em -ique (exemplos: maverique, autonomique) não são traduzidos como se tivessem final de palavra flexível: uma maverique que usa a/ela/a ainda seria chamada de maverique e não de maverica. Porém, visto que lavenique é uma orientação, como lésbique, vóirique ou netúnique, é possível que eventualmente tenham pessoas se dizendo lavenicas (ou até mesmo lavênicas) ao invés de laveniques.

O termo foi postado no Tumblr thegenderthieves no dia 27 de julho.


Retângulo composto por cinco faixas do mesmo tamanho, nas cores vermelha, salmão, amarela pálida, azul esverdeada e azul metálica.

Bandeira limenegênero

Limenegênero (termo original: limenegender) é um gênero conectado a lugares que passam uma sensação de liminaridade ou eterealidade. São lugares que atraem com falsa sensação de segurança e cores claras e bonitas, mas que não são seguros.

Este gênero também é relacionado a kidcore (uma estética relacionada a temas infantis), autoisolamento e esconder-se de monstros ao redor, que podem ou não ser ameaças.

Este xenogênero foi cunhado por Cupid, catgirlprotag no Tumblr, no dia 1º de dezembro.


Retângulo composto por nove faixas horizontais do mesmo tamanho. As faixas das pontas são laranjas e a do meio é marrom. As outras faixas formam uma espécie de degradê entre as cores.

Bandeira sertãopunkic

Sertãopunkic é um gênero relacionado à estética sertãopunk.

Sertãopunk é um movimento nordestino baseado em realismo mágico, solarpunk e afrofuturismo, o qual é descrito aqui e aqui.

Assim como em gêneros com o sufixo wavic, é meio complicado traduzir punkic (alguns outros termos com o sufixo podem ser encontrados aqui). É possível usar punkique, pânquique ou outro, ou mesmo punkic como na língua inglesa.

O termo foi cunhado por Adam, gender-mailman no Tumblr, em 16 de julho.


Retângulo composto por sete faixas horizontais que são do mesmo tamanho com a exceção da faixa central que é praticamente uma linha, nas cores rosa, rosa clara, amarela, branca, verde, ciano e turquesa.

Bandeira simigênero

Simigênero descreve alguém que, mesmo não sendo necessariamente trans binárie, prefere ser viste como alguém do gênero binário diferente daquele imposto ao nascimento.

Por conta disso, está mais para um termo de expressão de gênero do que para uma identidade de gênero.

O termo pode ser útil para pessoas transfemininas ou transmasculinas questionando sua binaridade e para pessoas não-binárias que gostam de ter expressões de gênero binárias, por exemplo.

Quem cunhou o termo em 20 de agosto, serromani no Reddit, é transmasculine e não-binárie, e prefere ser percebide como homem pela maioria das pessoas.


Retângulo composto por seis faixas horizontais do mesmo tamanho. A primeira faixa é turquesa escura e a última é amarela limão; as outras faixas formam uma espécie de degradê entre as duas cores, com a exceção da quarta faixa (verde clara) sendo mais escura do que a quinta (amarela escura).

Bandeira somewharo

Somewharo (possível tradução: algum lugaro) é um termo que descreve alguém que se encaixa no espectro arromântico, mas sem saber onde.

A definição original também explica que ou a pessoa não se encaixa em nenhum rótulo existente, tem uma orientação romântica que muda entre várias possibilidades dentro do espectro arromântico ou não consegue definir um termo específico para si por conta de neurodivergência.

Alguns termos já servem para tais situações: alguém vexerromântique não consegue dizer onde está no espectro arromântico por não entender o conceito de atração romântica, alguém arofluxo tem uma orientação fluida entre mais de uma do espectro arromântico, alguém arovague tem sua orientação no espectro arromântico afetada por neurodivergência, alguém quoirromântique não consegue aplicar nenhuma orientação romântica a si e por assim vai. Mesmo assim, somewharo oferece um trocadilho e uma definição um pouco diferenciada das existentes.

O termo foi cunhado por aro-mantic-fairy no Tumblr em 3 de agosto.


Valeogênero descreve uma identidade de gênero que amadurece, se desenvolvendo com o passar do tempo. Embora seja uma identidade que passe por mudanças, assim como gênero-fluido, ela não muda completamente, assim como uma criança não muda todas as suas características ao crescer.

Retângulo composto por sete faixas horizontais, nas cores preta, vermelha escura, vermelha, laranja, laranja pálida, rosa dessaturada e roxa dessaturada. Em seu centro há um símbolo que é um olho fechado estilizado dentro de um círculo, tudo isso em cor dourada com contorno vermelho.

Bandeira valeogênero

Pessoas valeogênero não conseguem explicar ou entender completamente sua identidade de gênero, por conta das mudanças ocorridas com o passar do tempo. Além disso, como experiências variam de pessoa para pessoa valeogênero, não é possível descrever este rótulo como necessariamente feminino, masculino, xenino ou afins.

Porém, a descrição de valeogênero também ressalta que quem utiliza esta identidade tem uma presença de gênero, e que portanto tais pessoas não são sem gênero.

Outros termos parecidos são mutare, progrefluide e gênero-plasma, ainda que apenas mutare passe perto da descrição de valeogênero e ainda assim pode descrever experiências diferentes.

Quem cunhou valeogênero foi Rhapsody, venitvesperum no Tumblr, em 3 de dezembro.


Viadevesi, vesiviade ou viadevesil é um termo vesil para viades. Ou seja:

  • Retângulo composto por oito faixas horizontais, na proporção 2:2:1:1:1:1:2:2. As três primeiras faixas vão de um marrom em tom médio até um marrom de tom bem claro. A quarta faixa é roxa e a quinta é magenta. As três últimas faixas vão de um marrom bem claro até um marrom médio.

    Bandeira viadevesi

    Quem pode usar o termo é qualquer pessoa que se diz viada. A identidade viada é um insulto ressignificado positivamente entre certes homens queer e pessoas trans, entre outras pessoas.

  • Por ser um termo vesil, ele denota que a identidade viada da pessoa é relevante para outros aspectos de sua vida, como algo que influencia identidade de gênero, orientação, expressão de gênero, alterumanidade e/ou outras coisas.

O termo foi cunhado como viadevesil, mas segundo a postagem original sobre o termo vesil, termos vesis devem ser grafados sem a letra L; por isso as alternativas citadas. Viade tem final de palavra flexível, então alguém que usa o final -o seria viadovesi, alguém que usa o final -ae seria viadaevesi, e por assim vai.

A pessoa que fez a bandeira e juntou os termos é Sami, julietianboy no Tumblr.


Então é isso, em relação a esta postagem. Obviamente houveram muito mais termos cunhados em 2022 do que estes destacados aqui: gênero-buquê, calagênero, omnagênero, tidálique/mareique, pondigênero (aviso: link menciona comida), rain-, aéldique, ápex-, vális-, -zódium, withoure e distaregênero são alguns exemplos.

Algo que prejudica este tipo de compilação (assim como outres listas e arquivos) são os desejos de não ter termos repostados e de não querer que certos termos sejam usados por pessoas que não se encaixem em certo lado em certas discussões irrelevantes à identidade. Embora não exista lei que vá defender o direito exclusivo a uma palavra que não é pra ser nome próprio de empresa/mídia/etc., não quero desrespeitar o pedido de quem quer que seus termos permaneçam exclusivos, e assim eles não serão copiados aqui.

Só que não há como impedir alguém de se encaixar em certa identidade, especialmente se ela for abrangente. Então peço pela consideração de quem está lendo isso e quer cunhar termos eventualmente: a ideia é mesmo cunhar uma palavra pra preencher um vácuo léxico, ou é mais importante que a palavra seja considerada uma propriedade sua que não deve ser espalhada em outros círculos sociais, onde haverá riscos da palavra evoluir para outra coisa fora de seu controle ou ser usada por pessoas com opiniões diferentes? E se é pra ser uma propriedade sua, faz sentido postar ela publicamente, onde pessoas podem facilmente escolher desrespeitar tal pedido?

Já vi gente pensando que a ideia do Orientando é confundir pessoas sobre rótulos. Não é. A ideia é oferecer informações sobre termos para que pessoas possam se comunicar melhor em relação a eles: seja utilizando-os em perfis sabendo que outras pessoas vão poder pesquisar para saber o que significam, seja mencionando-os em discussões e podendo usar links para explicar a quem nunca entrou em contato com eles, seja oferecendo opções a quem não tinha antes vocabulário para poder comparar suas experiências.

Portanto, para mim, a utilidade da diversidade de termos é a comunicação, especialmente das pessoas que não veem termos populares como suficientes para suas experiências. E, quanto mais essas palavras se tornam comuns, mais fácil fica a comunicação das nuances de gênero, orientação, relacionamentos e afins. Como palavras que não podem ser repostadas não podem ser traduzidas ou adicionadas a listas que não podem conter links, isso prejudica sua popularização e, portanto, a tal da comunicação.

Não posso impedir alguém de querer considerar seus termos como propriedade intelectual exclusiva. No entanto, como não sei o quanto tal retórica está sendo somente copiada sem que haja muita reflexão sobre o assunto, este é meu pedido para que haja uma reflexão antes de igualar repostagens de cunhagem de termos a repostagens de textos/imagens/outros conteúdos artísticos.

Enfim, que o ano de 2023 tenha mais cunhagens interessantes para destacar!

Algumas cunhagens de 2020  2

Na imagem acima, podem ser vistas bandeiras leux, exparmasculina, queegênero, de quem sente atração fixual, urbanox, excentrigênero, forte, coexta, feminec e pluruna.

Esta é uma compilação de alguns dos vários termos relacionados a ser LGBTQIAPN+ cunhados no ano de 2020.

Como vários termos estão sempre sendo cunhados, não há como acompanhar tudo em nossas listas e outras páginas informativas; e esta nem é nem nunca foi nossa prioridade. Alguns dos termos daqui já foram colocados em outras páginas, outros talvez sejam no futuro, e outros podem acabar não recebendo nenhum destaque além desta postagem.

 


 

Um retângulo composto por 17 faixas verticais em várias cores, sendo a do meio mais grossa do que as outras, e sendo que as cores das faixas da direita e da esquerda são espelhadas.

Bandeira forte

Forte- é uma orientação para pessoas cuja atração é baseada nas chances de ter um relacionamento com alguém. Enquanto pessoas procul só sentem atração por pessoas distantes ou personagens, pessoas forte sentem atração por pessoas que seriam capazes de ter um relacionamento com elas.

Isso não significa que, por exemplo, uma pessoa forterromântica precise saber que outra pessoa sinta atração por ela para começar a sentir atração. Basta saber que a pessoa é compatível em relação à proximidade, à orientação e/ou ao que a pessoa busca em um relacionamento.

Forte é uma orientação a-espectral. Foi cunhada em 27 de outubro por Dödstöld Package. Quem sabe alguém que se sinta desta forma cunhe um nome mais adequado para usar na língua portuguesa?


Um retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho, sendo as três primeiras turquesas de um tom mais escuro até o mais claro, a faixa central branca e as três últimas faixas vinho, de um tom mais claro até um mais escuro.

Bandeira hélix

Hélix- é uma orientação para quem não consegue distinguir tipos de atração entre si por conta de neurodivergência.

Por exemplo, uma pessoa helixsexual pode não conseguir distinguir atração sexual de sensorial ou de outras atrações físicas por ser autista. Como outro exemplo, uma pessoa helixromântica pode não conseguir entender se o que sente é atração romântica, sexual, alternativa ou de outro tipo por sua neurodivergência.

Hélix é uma neuro-orientação, ou seja, uma orientação restrita a pessoas neurodivergentes por só funcionar para pessoas neurodivergentes. Também é uma orientação mais abrangente do que nébula, que tem um conceito parecido.

A cunhagem de hélix foi feita em 31 de julho por Ekene/Lexis.


Um quadrado composto por cinco faixas horizontais na proporção 6:4:5:4:6, nas cores verde, verde clara, cinza clara, roxa clara e roxa.

Bandeira ironetiana

Ironetiane é uma orientação para mulheres e pessoas não-binárias confortáveis com isso que sentem atração por pessoas que se encaixam em tal descrição, de forma que exclui completamente homens e pessoas não-binárias alinhadas com o gênero homem.

Foi um termo cunhado principalmente para pessoas que se viam/veem como lésbicas, mas que, por tal rótulo ser usado por lésbiques multi que sentem atração por homens (resgatando a ideia de usar lésbique do mesmo jeito que se usa sáfique), ou por lésbiques não-bináries que são parcialmente homens, preferem ter um rótulo separado que não possa incluir homens ou atração por homens por definição.

Ironetiane é uma orientação inclusiva de pessoas não-binárias (inclusive, as duas pessoas que cunharam o termo são não-binárias), ao mesmo grau que o termo lésbique não-binárie é; ou seja, nem todas as pessoas não-binárias vão se sentir confortáveis com o termo, nem as que também são trixen ou feminamóricas. Também inclui lésbiques que são inconformistas/não-conformistas de gênero e/ou linguagem, mulheres trans, pessoas transfemininas não-binárias e/ou pessoas transmasculinas (porque ser transmasculine não significa necessariamente ter a ver com ser homem).

Não foi um termo feito por pessoas que odeiam homens, quem sente atração por homens ou quem sente atração por múltiplos gêneros, e sim uma tentativa de cunhar um rótulo confortável para quem não quer associar a própria identidade com ser possivelmente homem ou atraíde por homens. Também não foi um rótulo feito para atacar lésbiques de qualquer tipo.

O termo ironetiane foi cunhado 3 de julho por Orchid e Naib.


Leux- é uma orientação vaga ou neblinosa que “foge” da pessoa que a tem quando ela tenta entendê-la. Esta orientação está sempre mudando, e não é possível que uma pessoa leux especifique por quem se atrai sem que sua orientação mude.

É uma orientação fluida, como abro ou merc, mas também tem uma ênfase extra na indefinição, como sans ou até mesmo cáligo.

Esta orientação foi cunhada em 20 de fevereiro por Dexter.


Um retângulo composto por 5 faixas horizontais, sendo que a primeira e a última são mais altas do que as outras. Suas cores são roxa, azul clara, cinza clara, azul clara e verde.

Bandeira pluruna

Pluruna- é uma orientação que descreve membres de sistemas que só sentem atração por quem está em seu próprio sistema ou em outro sistema específico, sem sentir atração fora de tais sistemas.

Para entender o que é multiplicidade (o que é fundamental para saber ao que esta orientação se refere), tem um artigo na Wikipédia (mal traduzido no momento) sobre isso, assim como recursos melhores em inglês sobre o assunto.

A orientação pluruna foi cunhada 15 de junho pelo sistema CS&G.


Atração fixual é um tipo de orientação definido por ter uma hiperfixação, um interesse especial ou outra conexão profunda baseada em neurodivergência direcionada ao alvo da atração.

Esta não é uma orientação equivalente a pan ou demi, e sim um tipo de atração, como atração sexual, romântica ou estética. Alguém pode ser, por exemplo, assexual, arromântique, aplatônique e torenfixual.

Este tipo de atração também pode ser usado por pessoas que não têm certeza sobre que tipo de atração estão sentindo por conta de sua hiperfixação ou similar. O equivalente a “crush” (queda) de atração fixual é fush.

O termo foi cunhado em 1 de setembro por Luigra.

Retângulo composto por 7 faixas horizontais na proporção 2:1:1:4:1:1:2. Suas cores são rosa, rosa clara, branca, roxa, branca, rosa clara e rosa.

Bandeira exparfeminina


Exparfeminine se refere a alguém intersexo que se sente conectade a experiências transfemininas mesmo que tenha sido designade mulher ao nascimento, por conta de ser intersexo.

Exparmasculine se refere a alguém intersexo que se sente conectade a experiências transmasculinas mesmo que tenha sido designade homem ao nascimento, por conta de ser intersexo.

Como são termos equivalentes a transfeminine e transmasculine, podem ser usados como identidades de gênero, modalidades de gênero ou rótulos à parte destas categorias.

Por exemplo, uma pessoa pode dizer que exparmasculine (ou exparmasculine não-binárie) é seu gênero (assim como termos como transmasculine e transneutre podem ser usados como gêneros); outra pessoa pode categorizar sua identidade de gênero somente como agênero e usar exparmasculine como algo que informa sua expressão de gênero; outra pessoa pode usar algo como homem não-binárie exparmasculine no lugar do que outras pessoas preencheriam como pessoa trans não-binária ou homem ipsogênero.

Os termos em questão foram cunhados por Doc em 28 de novembro.


Um retângulo de 7 faixas horizontais do mesmo tamanho nas cores amarela, amarela clara, branca, azul, cinza escura e preta.

Bandeira advenagênero para pessoas designadas homens ao nascimento

Advenagênero é outro termo para pessoas intersexo; desta vez para pessoas que se identificariam com ou como os gêneros que lhes foram designados ao nascimento – ainda que não necessariamente de forma cis ou binária – mas que não conseguem fazer isso por conta de como diadismo as alienou desses gêneros e de pessoas perissexo que se identificam de forma parecida.

Advenagênero pode ser uma forma de ressignificar tal gênero designado independentemente do que pessoas perissexo pensam sobre quem se encaixa nele. Desta forma, pessoas podem se dizer advenamulheres, advenamasculinas, advenafemininas ou afins (é a própria pessoa intersexo que escolhe qual dos termos é apropriado com base no que ela tem em comum com seu gênero designado).

Este termo foi cunhado por uma mulher não-binária que se vê como advenavir (vir é latim para homem), mas que não se vê como alguém com experiência transmasculina. 🦋 se chama Georgia e cunhou advenagênero em 18 de agosto.


Um retângulo composto por três faixas verticais do mesmo tamanho, nas cores cinza clara, cinza escura e amarela clara.

Bandeira coexta

Coexta descreve alguém cujo relacionamento com gênero é vago e/ou inconsistente. É alguém que às vezes sente que gênero não se aplica a si, mas que outras vezes sente que pode ter um gênero, ainda que não entenda qual é o gênero que está experienciando.

O gênero de alguém coexta nunca parece masculino, feminino ou fortemente relacionado a algo, e por conta disso é difícil ou impossível de descrevê-lo de forma precisa.

Coexta difere de termos como demigênero e poliagênero porque a flutuação tem a ver com a ideia de gênero em si só, não necessariamente com não ter gênero. Desta forma, talvez uma comparação mais próxima seja apofluxo, mas a postagem da cunhagem compara coexta com gênero-cinza, gênero-vago e quoigênero.

Coexta é um adjetivo (se diz uma pessoa coexta e não ume coexta). Este termo foi cunhado por Oz em 28 de fevereiro.


Excentrigênero (termo original: eccentrigender) é um gênero baseado em exagero, codificação queer, melodrama e outros atributos associados com vilanes/antagonistas. Também é associado com androginia, mas não é necessário ser andrógine ou se identificar de forma andrógina para se identificar com este gênero.

Este termo foi cunhado por alguém anônime em uma postagem que foi publicada 18 de outubro.


Expressão de gênero é uma forma de rotular a maneira que alguém se veste, se parece e age. Assim como identidade de gênero, é possível alguém rotular a própria expressão de gênero, e isso importa mais do que outras pessoas vendo de fora consideram que é a expressão de gênero da pessoa. Alguns exemplos de expressões de gênero podem ser encontrados neste tópico.

Inconformidade de gênero, não-conformidade de gênero e outros termos similares significam que alguém tem uma expressão de gênero diferente da esperada. Por exemplo, um homem que gosta de usar vestidos e maquiagem no dia-a-dia pode querer se dizer inconformista de gênero.

Inconformidade de gênero não é um conceito novo; muitas pessoas com experiências trans e não-binárias historicamente só sabiam que eram inconformistas de gênero, especialmente quando a ideia de ser trans era ser uma pessoa binária hétero rica que tinha acesso a cirurgias para “virar seu gênero de verdade”. Além disso, muitas pessoas heterodissidentes se sentem mais em casa quebrando padrões de gênero, e isso inclui pessoas binárias independentemente de suas modalidades de gênero.

Um retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho. Suas cores são turquesa, turquesa escura, roxa escura, roxa, rosa escura, rosa e rosa clara.

Bandeira feminec

Enfim, feminec é um gênero homem que está profundamente ligado à inconformidade de gênero feminina da pessoa. Alguém que é feminec vê sua inconformidade de gênero feminina como parte de seu gênero, e não apenas de sua expressão de gênero.

Este termo foi cunhado por Dexter a pedido de uma pessoa anônima em 13 de março. A postagem com sua bandeira e definição se encontra aqui.

Feminec também inspirou uma série de outros termos:

  • Neutranec, um gênero homem ligado profundamente a uma inconformidade de gênero neutra;
  • Formarenec, um gênero homem ligado profundamente a uma inconformidade de gênero;
  • Formarenec-fluxo, um gênero homem flutuante (ver: gênero-fluxo, quivergênero) ligado profundamente a uma inconformidade de gênero, sendo que esta pode mudar de tempos em tempos (entre feminina e neutra, por exemplo), e é possível que a pessoa mude entre ser inconformista e conformista de gênero de tempos em tempos;
  • Mascugen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero masculina;
  • Neutragen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero neutra;
  • Formaregen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero;
  • Um retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa clara, rosa, rosa escura, roxa escura, turquesa, verde e amarela clara.

    Bandeira formaregen-fluxo

    Formaregen-fluxo, um gênero mulher flutuante ligado profundamente a uma inconformidade de gênero, sendo que esta pode mudar de tempos em tempos, e é possível que a pessoa mude entre ser inconformista e conformista de gênero de tempos em tempos;

  • Femigec, um gênero neutro ligado profundamente a uma inconformidade de gênero feminina;
  • Mascugec, um gênero neutro ligado profundamente a uma inconformidade de gênero masculina;
  • Formaregec, um gênero neutro ligado profundamente a uma inconformidade de gênero;
  • Formaregec-fluxo, um gênero neutro flutuante ligado profundamente a uma inconformidade de gênero, sendo que esta pode mudar de tempos em tempos, e é possível que a pessoa mude entre ser inconformista e conformista de gênero de tempos em tempos;
  • Mascunec, um gênero homem ligado profundamente a uma inconformidade de gênero masculina. Embora ter inconformidade de gênero masculina sendo homem pareça sem sentido, masculinidade queer pode subverter as expectativas sociais direcionadas a homens.
  • Femigen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero feminina. Embora ter inconformidade de gênero feminina sendo mulher pareça sem sentido, feminilidade queer pode subverter as expectativas sociais direcionadas a mulheres.
  • Femipraes, alguém cuja expressão de gênero feminina é uma parte importante de seu gênero mesmo que seu gênero não seja nada feminino;
  • Mascupraes, alguém cuja expressão de gênero masculina é uma parte importante de seu gênero mesmo que seu gênero não seja nada masculino;
  • Neutrapraes, alguém cuja expressão de gênero neutra é uma parte importante de seu gênero mesmo que seu gênero não seja nada neutro.

Estes três últimos termos foram cunhados em 12 de dezembro.


Retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho. Suas cores são verde água, turquesa, turquesa escura, branca, vermelha escura, vermelha e vermelha clara.

Bandeira gênero-geodo

Gênero-geodo é um gênero composto por uma concha base que contém subtipos de/identidades parecidas com tal gênero.

Então, por exemplo, ume mulher gênero-geodo ou mulher-geodo pode ter gêneros como mulher, juxera, mulher-vague, ginx, neulier e libramulher.

Esta é uma identidade poligênero, mas também pode ser tratada como um gênero só, como gênero-poção. Independentemente de tratar esta identidade como um gênero ou como um conjunto de gêneros, é possível usá-la como um subgrupo de gêneros dentro da identidade de gênero de alguém que tem mais gêneros; por exemplo, alguém pode dizer que é gênero-fluido entre aueegênero-geodo, neutrois e zenino.

O termo gênero-geodo foi cunhado em 7 de fevereiro por gendergeode no Tumblr.


Um retângulo composto por 6 faixas verticais, nas cores roxa escura, roxa, bege, roxa e roxa escura. Proporção 1:1:2:1:1, aproximadamente. No centro da bandeira, ocupando todo o seu espaço vertical, encontra-se uma silhueta estilizada preta de poste de luz, que é simétrica e bem fina.

Bandeira urbanox

Urbanox é um xenogênero e estetigênero definido por sua conexão com luzes noturnas em uma cidade. Tem a ver com o efeito combinado de luzes de janelas de prédios, postes de luz, luzes de carros e luzes refletidas pela água no pavimento.

Este gênero pode ser calmo, fresco (no sentido de vento fresco) e relacionado aos sons de uma cidade, como sirenes, carros dirigindo e vento. Em algumas noites, inclui raios gentis de luz da lua iluminando o vapor que sobe dos esgotos e se dissipa no céu noturno.

Urbanox pode ser um gênero nostálgico e solitário, mas também confortável. Não é inerentemente gênero-fluido ou gênero-fluxo, mas pode ser. Pode ter quaisquer atributos ligados a gênero, mas a pessoa que cunhou urbanox experiencia neutralidade neste gênero.

Leaf cunhou urbanox em 4 de setembro.


O conceito de ambiguidade de gênero não é realmente algo novo, mas a cunhagem de AmEE (ambígue em essência) para abrigar identidades e experiências com esta característica é.

Ambiguidade de gênero é uma característica que significa que o gênero está aberto a várias interpretações, ou que não se conforma com nenhuma interpretação. Alguns exemplos de identidades de gênero ambíguas são nímise, livre de gênero e ambiguine.

A postagem explicando este conceito desta forma foi feita em 12 de maio por variant-archive no Tumblr.


Sete faixas horizontais, sendo que a faixa central possui o dobro do tamanho das outras, nas cores verde clara, amarela, amarela clara, branca, salmão, marrom clara e vermelha.

Bandeira aueegênero ou auingênero

AuEE (autônome em essência) é também uma cunhagem que inclui identidades que já existiam antes, como egogênero e maverique.

Autonomia de gênero descreve uma qualidade definida por autodeterminação e independência de outros conceitos de gênero. Uma pessoa com um gênero autônomo pode dizer que seu gênero é definido em seus próprios termos, emancipado ou livre de outros gêneros, de seus papéis, de suas categorizações e/ou de suas expressões.

Ter uma identidade caracterizada por autonomia de gênero significa ter uma identidade pessoal e íntima, o que significa que identidades assim podem ser expressadas e sentidas de formas diferentes por pessoas diferentes. Pessoas podem ver sua autonomia de gênero como o resultado de agir livremente em relação à sua identidade e expressão, e podem ver seus gêneros como algo que “simplesmente é”, que poderiam ser descritos como características pessoais que fazem dessas pessoas únicas.

A cunhagem deste conceito como uma categoria para gêneros se origina na cunhagem de cunêusique/kunneusik, um gênero com elementos autônomos e neutros que são ambos fracos e/ou indefinidos cunhado em 17 de fevereiro, que foi baseado em verneu/verrneu, um termo cunhado em 26 de dezembro de 2017.

Um retângulo composto por 4 faixas horizontais, nas cores verde escura, branca, amarela e verde.

Bandeira neutrique

Isso fez com que, mais pra frente, ume anônime tenha enviado uma pergunta para forgotten-mogai no Tumblr sobre querer algo como cunêusique sem o elemento de indefinição, o que fez com que Gent do Tumblr gender-resource respondesse com a cunhagem de Neutrique, um gênero autônomo e neutro em 28 de abril.

No dia 30 de abril, Gent postou uma lista de gêneros autônomos cunhados juntamente com Kaut (arco-pluris no Tumblr). Uma resposta explicando melhor o que é autonomia de gênero foi feita em 3 de maio, e a postagem sobre aueegênero foi feita em 12 de maio.

Definições traduzidas de alguns aueegêneros podem ser encontradas aqui.


Em 17 de maio, variant-archive fez uma postagem sobre Q(U)IN (queer in nature/por natureza), ou seja, QuEE (queer em essência). Esta seria outra característica relacionada a gênero, desta vez baseada em queer e genderqueer.

Uma bandeira de 7 faixas, nas cores roxa escura, roxa, roxa clara, branca, verde clara, verde e verde escura. A faixa branca é maior do que as outras.

Bandeira queegênero, quingênero ou qingênero.

É uma categoria relativamente aberta. A pessoa que cunhou diz que é similar a aporinidade e xeninidade, ao menos em relação ao seu próprio gênero que é queer, mas acredito que qualquer identidade de gênero que envolva algum tipo de queeridade ou inconformismo em relação à di/cis/heteronorma possa dizer que seu gênero é queer em essência. Gent faz apontamentos similares aqui.

 


 

Esta foi uma amostra dos termos cunhados neste ano! Eu adoraria fazer uma retrospectiva assim todos os anos, mas elas levam tempo e organização. Veremos se eu conseguirei fazer uma no ano que vem.

O processo de criação de novas páginas do Orientando  0

Uma captura de tela parcial da lista de identidades não-binárias.

Caso alguém tenha interesse, é este o processo que uso para fazer qualquer página específica que descreve algum termo, como neurálique ou não-binárie. Cada identidade pode ter as próprias particularidades, então nem sempre suas páginas são escritas desta forma, mas a maioria das páginas segue o esquema.

Ao final do texto, caso hajam dúvidas sobre como páginas são formatadas em alguma questão não mencionada, sugiro recorrer a estudar as páginas existentes, especialmente as mais recentes.

 

A identidade já está na lista?

Para que a página possa ser linkada em sua respectiva lista, a identidade já precisa estar lá.

Identidades são adicionadas às listas por serem:

  • Bem definidas (ou seja, possíveis de explicar);
  • Separadas o suficiente para terem o próprio lugar na lista;
  • Relevantes o suficiente para que elas sejam colocadas na lista ao invés de outras (mais identidades são cunhadas a cada semana e não faço questão de incluir as que são extremamente específicas e não utilizadas por ninguém);
  • Livres de racismo, cissexismo, diadismo, xenomisia, misoginia, capacitismo, gordemisia e afins. É possível que identidades sejam acusadas de justificarem ou perpetuarem tais opressões, desde que hajam defesas coerentes que apontem que isso não seja verdade.

Também evito colocar identidades que compartilham nomes com identidades já existentes, até porque é comum que nomes alternativos apareçam eventualmente.

Além disso, prefiro adicionar identidades em grupos de 4, pra manter a tabela certa no tamanho máximo da tela.

 

A página

Antes de começar, é necessário ler tudo ou bastante coisa sobre a identidade. Por exemplo:

  • Como arquivos de identidades definem o termo?
  • Como comunidades e blogs voltades para a identidade definem o termo?
  • Qual era a intenção de quem cunhou ao cunhar o termo?
  • Qual a etimologia do termo?
  • Em que situações pessoas usam o termo?
  • Que críticas e/ou concepções errôneas são ou foram feitas em relação ao termo, e o que faz delas erradas, ou o que aconteceu quando elas foram levadas em questão?
  • Há uma bandeira? Quais são seus significados? Quem fez a bandeira? Há motivos para não usar a bandeira?
  • Há mais de uma bandeira? Há alguma que é mais usada, ou que é mais acessível?

Depois de absorver estas informações, é hora de começar a escrever.

 

Introdução

As páginas devem começar com uma definição resumida do termo. Talvez menos resumida do que na página da lista de termos, mas o objetivo é que quem só queira ler como o termo é definido só precise ler uma frase ou um parágrafo (ou uma pequena lista, no caso de termos com mais de uma definição). Por exemplo:

 

Pessoas mir ou myr experienciam atração que pode ser descrita com mais de uma orientação do espectro assexual/arromântico/aplatônico/etc.

 

Maverique é um gênero completamente independente de gêneros binários e neutros. É caracterizado pela convicção interna e firme de que seu gênero está lá, mas que tal gênero não é homem, mulher, gênero neutro, ou qualquer combinação entre estes.

 

Depois disso, se adicionam explicações, exemplos ou informações extras. Alguém pode não entender como a identidade funciona só lendo a definição, e precisar de algo mais mastigado que ajude a compreender o termo. É preferível que os exemplos não sejam muito complexos, já que a ideia é fazer com que quem esteja lendo consiga entender como a identidade funciona. Ou seja, ao falar de uma identidade que flui entre um número indeterminado de gêneros, é melhor só usar dois ou três gêneros como exemplo, e não quinze ou dez.

Existem termos que já são cunhados acompanhados de detalhes ou explicações, ou que foram melhor explicados após a cunhagem, e isso é algo que deve aparecer nesta seção.

Aqui está um exemplo de uma explicação vinda da pessoa que cunhou o termo:

 

Ilyagênero foi um termo feito para ser mais específico do que aporagênero ou maverique, em relação a ser explicitamente definido como algo que não pode ser relacionado com gênero neutro. Também foi definido de forma que não é para ser uma posição política ou rejeição consciente de gênero, apenas descrevendo um gênero que existe mas que não é relacionado com o binário ou com neutralidade.

 

E aqui está um exemplo de detalhes/exemplos escritos com base em experiências que li de pessoas abro:

 

Algumas pessoas abro podem identificar as mudanças pelas quais passam: podem, por exemplo, se sentir gays em alguns momentos, toren em outros, e pan em outros. Outras pessoas abro podem não conseguir identificar suas mudanças, porque elas ocorrem de forma rápida ou confusa demais. Outras passam por estes dois estados, às vezes podendo identificar suas mudanças e às vezes não.

 

Controvérsias podem ser colocadas nesta seção, depois das explicações. Etimologia e nome do termo original também podem aparecer aqui.

 

Origem

Ocasionalmente, quem cunhou o termo é mencionade na introdução (na parte da explicação), mas, em geral, é só aqui que tal indivíduo ou grupo começa a ser mencionado.

Esta seção geralmente tem os seguintes dados:

  • Quando, por quem e onde o termo foi cunhado?
  • Houveram mudanças no significado do termo? (Se não, não há a necessidade de mencionar isso.)
  • Quando, por quem e onde a bandeira foi feita?

Às vezes, as controvérsias são mencionadas após falar da origem do termo e/ou da bandeira. A etimologia e o nome do termo original também podem aparecer aqui, embora isso seja raro. Tudo varia de caso em caso. Sempre priorizo ter um texto fácil de acompanhar do que seções bem definidas (tanto é que não separamos os textos em seções nas páginas em si).

 

Bandeira (e/ou símbolo, quando existente)

Após as informações básicas sobre a postagem da bandeira, geralmente são colocados os significados da bandeira. Caso a imagem em si não tenha descrição, uma descrição da bandeira é feita aqui, que inclui cores, divisões e proporções.

Se houver mais de uma bandeira, a origem é acompanhada dos significados da bandeira antes dos parágrafos sobre a bandeira seguinte. Isso conta pra símbolos também.

É possível que não haja espaço para mostrar todas as bandeiras/todos os símbolos na página (as bandeiras sempre são colocadas em 230×138 e outras imagens são redimensionadas para ocupar espaços similares, mas mantendo suas proporções). Afinal, todas as imagens são colocadas uma à direita e outra à esquerda na página inteira, de forma que duas imagens não fiquem na mesma linha, e que de preferência hajam linhas de texto sem imagem alguma na linha entre linhas com imagens.

Em tal caso, geralmente algumes bandeiras e símbolos não são mencionades, e são apenas linkades no final. Porém, se parecer importante, é possível descrever tais bandeiras/símbolos sem mostrar as imagens.

 

Informações finais

Caso tais informações não tenham aparecido ainda, a etimologia do termo pode ser mencionado, assim como os termos originais caso o termo seja uma tradução. No caso de orientações, recomendo mencionar mais de um tipo de orientação. Por exemplo:

 

Pan é o mesmo prefixo em inglês (pansexual, panromantic, panalterous, etc).

 

Geralmente coloco os links nesta ordem:

  • Blogs, grupos e organizações direcionades a pessoas que usam o termo;
  • Definições do termo;
  • Informações do/identificações com o termo;
  • Bandeiras, símbolos e informações sobre elus.

Não coloco links que sejam apenas sobre discriminação, ou que sejam de ódio contra o termo (no máximo posso colocar alguém rebatendo quem estiver criticando a identidade).

Priorizo que os links sejam de lugares inclusivos. Não vou colocar links para experiências que defendem ser cissexista (ou que perpetuam outra discriminação), ou para grupos que engajam em apagamento de outras comunidades ou experiências.

Acho importante ter vários links, porque mesmo que possam parecer repetitivos, eles indicam que a identidade foi divulgada/definida em vários lugares, e também são úteis para quando alguns dos links saírem do ar.

 

Linkbacks

Após a página ser feita, eu coloco links:

  • Na bandeira na página da lista;
  • No nome da identidade na página da lista;
  • Na página inicial, com anúncio de página nova.

Pra mudar qualquer coisa nas listas, o modo texto precisa ser selecionado antes de entrar na página de editar a lista em questão, já que sequer entrar no modo visual da edição das listas quebra a pesquisa. Caso a pesquisa seja quebrada, seu código deve ser copiado de outra lista.

A página inicial é mais complicada. Ao invés de editar páginas, deve-se criar ou usar uma postagem de blog existente, uma das que não aparecem nas páginas do blog, e que só possuem a categoria Destaque quando estão aparecendo ou Uncategorized quando não estão. A postagem de blog deve estar configurada para linkar para a página nova, ter o nome “Página nova: [nome da página]” ou similar, e uma imagem destacada de uma ou mais bandeiras da identidade em questão, em um tamanho de 530 x 318 até 1500 x 900 com a proporção 5:3.

Bandeiras em 5000×3000 não devem ser utilizadas por serem relativamente pesadas, e demorarem para carregar. Bandeiras em proporções diferentes de 5:3 vão fazer com que os destaques mudem de tamanho para cada “slide”, o que não é ideal, esteticamente.

 

Finalizando…

O motivo de tantos detalhes aqui é que eu quero que o Orientando continue mesmo se eu não puder mais fazer isso. Quero prevenir que o site passe por problemas por conta de detalhes técnicos.

Mesmo assim, qualquer pessoa pode, se quiser, enviar conteúdo para o Orientando. Quanto mais detalhes, melhor vai ser pra eu conseguir postar, e também posso dar cargos de edição caso hajam pessoas confiáveis dispostas a ajudar com o trabalho de forma regular.

Como sempre, quem se interessar pode entrar em contato, de alguma forma melhor do que pelos comentários daqui. No entanto, se você quer apenas sugerir termos para listas ou novas bandeiras, você pode utilizar este tópico.

Postagens de outros lugares que explicam conceitos básicos  0

Um monte de bandeiras de orgulho. É possível reconhecer as bandeiras multi, NCL, não-binária, NHINCQ+, altersexo, trans, variorientada e intersexo.

Infelizmente, eu acabo sentindo que não tem muita coisa que eu queira escrever que acho mais relevante postar aqui do que em outros lugares. Também tem conteúdo de outras pessoas que nem seria postado diretamente no Orientando, de qualquer forma. Então aqui está um compilado de textos e outros materiais dos últimos anos que podem te ajudar – ou ajudar pessoas próximas – a entender alguns conceitos básicos relacionados à comunidade LGBTQIAPN+.

Caso alguém esteja procurando por conteúdo ainda mais básico e mastigado, como “o que é intersexo” ou “o que é orientação romântica”, utilize o menu do site. Estes textos complementam os do site (incluindo os do blog), ao invés de resumi-los.

Conteúdos básicos / gerais

Conteúdos intersexo

Conteúdos cisdissidentes

Conteúdos sobre orientações e termos juvélicos

Conteúdos sobre linguagem pessoal e neolinguagem

Outros conteúdos

Alguns destes textos podem já estar ou serem adicionados futuramente ao tópico Recursos básicos, mas quis fazer uma postagem focando nestes textos mais novos que talvez nem todo mundo que acompanhe o site tenha visto.

Algumas cunhagens de 2017!  1

2017 recém acabou. Poucas identidades novas foram adicionadas às nossas listas, mas, como sempre, temos muitos termos novos.

Esta postagem não possui o objetivo de ditar quais são as identidades mais importantes do ano, nem de ditar que você deveria estar se identificando com essas ao invés de usar o que você usa atualmente. Também não são identidades que você precisa decorar. Estas são apenas algumas identidades que podem ser interessantes para quem se interessa em conhecer ou em recomendar rótulos.

Orientações

Descrição da imagem: um retângulo composto por cinco faixas horizontais do mesmo tamanho. As faixas são, respectivamente, vinho, branca, rosa, branca e verde escura.

Bandeira feminamórica

Viramórique e Feminamórique: São orientações para pessoas não-binárias que sentem atração apenas por um gênero: homens no caso de viramórique, e mulheres no caso de feminamórique.

Enquanto os prefixos vir e femina já haviam sido sugeridos como alternativas a home e mulhe, foi apenas neste ano que sugeriram utilizar estes com o sufixo amórique. A intenção é não ter que depender de sufixos como sexual ou romântique. Ainda assim, é possível se chamar de feminassexual ou de virromântique, caso queiram.

Não consegui achar provas concretas de que os termos foram cunhados em 2017, mas todas as postagens que consegui achar com os termos foram feitos a partir de junho. Aqui está uma delas.

Netúnique (ou neptúnique) e Urânique: Ao contrário das orientações acima, estas são baseadas em exclusão. Uma pessoa netúnica sente atração por todas as pessoas que não são homens ou pessoas não-binárias que sentem conexão com o gênero masculino ou com masculinidade. Uma pessoa urânica sente atração por todas as pessoas que não são mulheres ou pessoas não-binárias que sentem conexão com o gênero feminino ou com feminilidade.

Descrição da imagem: um retângulo composto de seis faixas horizontais de mesmo tamanho. As quatro primeiras formam um degradê de azul até ciano claro, a quinta é um tom claro de creme, e a última é um tom não tão claro de creme.

Bandeira urânica

Estes termos não são exclusivos a pessoas não-binárias, e foram feitos como alternativas ao que seriam mais ou menos orientações como nomin (atração por qualquer pessoa sem conexão com masculinidade), nofin (atração por qualquer pessoa sem conexão com feminilidade), nãomem (atração por qualquer pessoa não-homem) e nãolher (atração por qualquer pessoa não-mulher).

Quem cunhou estes termos foi Ichi, socialjusticeichigo no Tumblr, em 31 de agosto.

Paro-: Esta é uma orientação para pessoas que sentem atração por diferentes gêneros de forma diferente. Por exemplo, a pessoa sente atração por mulheres frequentemente, mas para sentir atração por homens, precisa de um laço especial primeiro. Ou a pessoa tem atração por pessoas agênero frequentemente e por outras pessoas não-binárias às vezes sim e às vezes não, enquanto sua atração por homens e mulheres é presente mas fraca.

É uma orientação multi, por requerer atração por múltiplos gêneros. Pessoas com esta orientação geralmente não se sentem confortáveis em se sentir parte do espectro assexual/arromântico/etc., pois geralmente consideram que ao menos parte da sua atração é completamente alo (frequente/forte/etc.; fora do espectro assexual/arromântico/etc).

Esta orientação foi cunhada por Beau, beau-is-gai (previamente hello-im-cielo) no Tumblr. Aqui está uma postagem com a discussão da bandeira.

Nomaflux (e, consequentemente, nowomaflux): Uma orientação para quem geralmente não sente atração por homens, mas que pode sentir ao menos um pouco de vez em quando. Nowomaflux seria alguém que geralmente não sente atração por mulheres, mas que pode sentir ao menos um pouco de vez em quando. É similar ao conceito de orientações flexíveis, mas é definida de forma mais específica.

Esta orientação também foi cunhada por Beau. Aqui está a sugestão dada.

Path- (é possível traduzir como pat-): Um rótulo para quem não consegue entender sua orientação devido a uma natureza empática.

Além da informação de que o rótulo pode ser usado junto a bi-, a- ou a outros prefixos, não há informação sobre qual a intenção do rótulo. Talvez a pessoa sinta empatia de forma que sinta ter a orientação de outras pessoas, talvez a pessoa não saiba diferenciar a empatia por outras pessoas de atração sexual, romântica, ou outra. Talvez se aplique a ambas as situações.

A cunhagem desta orientação é creditada a caijda no Tumblr, mas a única postagem sobre essa orientação foi postada pelo blog Uncommon Genders.

Gêneros

Descrição da imagem: Um retângulo composto por cinco faixas horizontais de mesmo tamanho. A primeira faixa é turquesa clara. A segunda é amarela clara. A terceira é rosa. A quarta é roxa clara. A quinta é roxa. No centro da terceira faixa, há o símbolo estelariano, uma grande estrela de cinco pontas rodeada de três outras estrelas, uma menor do que a outra. As estrelas são pretas.

Bandeira lunetiana

Jupariane, lunetiane, saturniane e mercuriane: São gêneros não-binários ligados a leves energias celestiais, as quais possuem certas características de gêneros, embora não necessariamente indiquem proximidade destes gêneros. Esta energia pode mudar e variar em intensidade.

A energia celestial de juparianes é masculina, a de lunetianes é feminina, a de saturnianes masculina e feminina, e a de mercurianes é alguma energia que pode ou não ter gênero, mas que de qualquer forma não é masculina, feminina ou de alguma combinação entre as duas.

Estes termos foram criados a partir de outubro de 2017. Evian, juparian no Tumblr, cunhou jupariane, e a partir daí, outros termos foram surgindo.

Gênero-Netuno: Um gênero que de início parece grande e fluido, mas que com o tempo é possível perceber que é relativamente sólido e estável.

Nomeado desta forma porque Netuno é um planeta gasoso com um núcleo sólido.

Este gênero foi cunhado com outros gêneros planetários, lá pelo meio do ano. Confira o resto da lista aqui!

Descrição da imagem: Um retângulo composto por diversas faixas vermelho-rosadas em tons e tamanhos diferentes. A bandeira é simétrica e imita um degradê, de forma que a faixa no centro da bandeira é mais clara e as das pontas são mais escuras.

Bandeira gênero-rubi

Gênero-rubi, gênero-safira e gênero-esmeralda: São gêneros não-binários vagamente fluidos associados esteticamente com suas respectivas pedras. Gênero-rubi é associado com masculinidade, gênero-safira com feminilidade e gênero-esmeralda com neutralidade.

Estes foram cunhados no primeiro semestre. A cunhagem de gênero-rubi e de gênero-safira foi num chat, mas é possível ver a cunhagem de gênero-esmeralda aqui.

Pirogênero: Um gênero associado com fogo. Não apenas com o movimento do fogo, que é o caso de gênero-fogo, mas também com o consumo do fogo, e/ou com a alta temperatura do fogo (que também pode ser relacionada com alguma emoção em relação ao gênero).

Descrição da imagem: Uma bandeira retangular formada por diversos triângulos. O triângulo menor, central na parte inferior, é de uma cor creme. Atrás dele, há um triângulo maior laranja claro. Atrás deste, um triângulo maior laranja avermelhado. Atras deste, podem ser vistas faixas marrons. Atrás delas, é possível ver um fundo preto, ou talvez marrom escuro.

Bandeira pirogênero

Este gênero foi cunhado próximo ao início do ano. A primeira postagem sobre ele está aqui, e alguns outros comentários sobre o gênero estão aqui.

Possigênero: Um gênero para quem não sabe se seu gênero é fluido ou não. Possi vem da palavra possível.

Este gênero foi cunhado anonimamente lá pelo meio do ano.

Feliz 2018, e lembre-se de que sempre há novos termos sendo cunhados para aprender e pesquisar!