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Alguns termos cunhados em 2023  2

Boas vindas ao quarto ano seguido de postagens que apresentam certas identidades que foram cunhadas no ano que recém passou!

Como sempre, esta é apenas uma pequena parcela do que o ano de 2023 teve a oferecer em relação a cunhagens. Epikulupu, neopronouns e ryanyflags são alguns exemplos de Tumblrs que publicaram uma porção de cunhagens novas durante o ano, enquanto r/XenogendersAndMore e LGBTQIA+ Wiki são alguns exemplos de lugares de participação coletiva onde vários termos são publicados.

Também quero ressaltar novamente que o advento de terminologia mais específica não tem o objetivo nem de obrigar pessoas a largarem os rótulos que já usam, nem de obrigar pessoas a adicionarem novos termos às suas listas e nem de colocarem termos mais comuns ou gerais como “ultrapassados”. Para saber mais sobre isso, há dois textos mais antigos por aqui que já tratam desse assunto: “Por que usar [y] ao invés de [x]?”A culpa des excluídes.


Retângulo composto por nove losangos, considerando que cinco deles estão cortados por irem além do retângulo. Suas cores, de fora para dentro, são verde azulada, verde azulada escura, cinza azulada, roxa escura, lavanda clara, púrpura, azul, verde água e cinza clara. A parte lavanda é proporcionalmente maior do que as outras.

Bandeira fictopersonen

Fictopersonen

O primeiro termo desta lista foi cunhado em 3 de fevereiro por epikulupu no Tumblr a pedido de uma pessoa anônima.

Ele é definido como um gênero relacionado à personalidade de ume personagem fictície.

Ficto tem relação com ficcional, enquanto personen provavelmente se refere à palavra pessoas na língua alemã.


Aviamasculine

Onze faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa, rosa avermelhada, roxa, púrpura, azul, verde água, azul, púrpura, roxa, rosa avermelhada e rosa.

Bandeira aviamasculina

Este termo foi cunhado em 5 de abril por Reign, mogai-sunflowers no Tumblr, a pedido de Atticus-Kirby, fagdykefrank na mesma rede.

Ele se refere a um gênero masculino da mesma forma que pássaros experienciam masculinidade. Isso porque é comum que pássaros “machos” sejam chamativos e/ou coloridos e tentem chamar a atenção de parceires em potencial por meio de danças e cantos.

O termo original é aviamasc, e pode ser viável utilizá-lo assim na lusosfera também, mas decidi por traduzi-lo utilizando uma forma mais completa do sufixo. Desta forma, seu final de palavra é flexível: uma pessoa seria aviamasculina, um grupo seria aviamasculino, etc.


Gênero-ponte, pontegênero ou ponte

Em 17 de abril, Nil (kitgay em write.as) publicou um texto detalhando o que este xenogênero cobre. Ele pode ser lido na íntegra aqui, e acredito que dê pra resumir alguém que possui esta identidade de gênero como:

  • Alguém cuja identidade de gênero possui, está aberta a construir ou é composta por “uma ponte” que atravessa ou vem de outras experiências de sua vida, como neurodivergência, orientação ou regionalidade, por exemplo;
  • Alguém que percebe que a própria identidade de gênero contém pontes entre seus gêneros;
  • Alguém cujo gênero é relacionado com uma ou mais pontes reais ou imaginárias em relação a suas estruturas, seus materiais, suas cores ou afins;
  • Alguém que se apresenta para o mundo de forma aberta à possibilidade de relacionar sua identidade de gênero com pontes.

Alguém não precisa cumprir todos estes parâmetros para se dizer gênero-ponte; só há a necessidade de associar de alguma forma a identidade de gênero com alguma forma de ponte, sendo os itens acima alguns exemplos de como atingir isso.


Gênero-baleia

Theo

Portanto, é um termo que pode abranger praticamente qualquer gênero que tenha a ver com baleias, como um gênero grande como uma baleia, ou que lembra sons que baleias fazem.


Retângulo composto por três faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores amarela, creme e amarela. Há um girassol estilizado no centro da faixa creme.

Bandeira méstrica

Méstrique

Este termo descreve qualquer forma de atração, relacionamento, orientação ou afins que envolvam ao menos uma pessoa não-binária. Ele foi cunhado em 4 de julho por Delta, the-delta-quadrant no Tumblr.

Méstrique é uma resposta a diamórique, um termo juvélico que foi feito para centralizar pessoas não-binárias. Uma pessoa não-binária pode chamar qualquer atração que tem de diamórica, e qualquer relacionamento envolvendo ao menos uma pessoa não-binária pode ser chamado de diamórico, mas pessoas binárias (as que são sempre, completamente e somente homens ou sempre, completamente e somente mulheres) não podem se dizer diamóricas. No entanto, uma pessoa binária que sente atração por pessoas não-binárias pode chamar tal atração de méstrica.

Para facilitar a explicação da diferença entre méstrique e outros termos juvélicos que envolvem pessoas não-binárias, vou usar as seguintes siglas:

  • NBaNB descreve pessoas não-binárias atraídas por pessoas não-binárias.
  • BaNB descreve pessoas binárias atraídas por pessoas não-binárias.
  • NBaB descreve pessoas não-binárias atraídas por pessoas binárias.
  • NB/NB descreve um relacionamento envolvendo duas pessoas não-binárias.
  • NB/B descreve um relacionamento envolvendo uma pessoa não-binária e uma pessoa binária.

(Não existem termos específicos para relacionamentos envolvendo mais de duas pessoas, e portanto fica a critério de cada ume que termos se aplicam a si dentro de um polículo.)

Enfim:

  • Embinárique (enboric) descreve atração de qualquer pessoa LGBTQIAPN+ por pessoas não-binárias.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como embinárica.
    • Atração BaNB pode ser descrita como embinárica.
    • Atração NBaB não deve ser descrita como embinárica.
    • De forma geral, este termo não parece ter sido feito para descrever relacionamentos.
  • Enebeane (enbian) descreve atração/relacionamentos entre duas pessoas não-binárias.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como enebeana.
    • Atração BaNB ou NBaB não deve ser descrita como enebeana.
    • Relacionamentos NB/NB podem ser descritos como enebeanos.
    • Relacionamentos NB/B não devem ser descritos como enebeanos.
  • Diamórique (diamoric) descreve relacionamentos envolvendo ao menos uma pessoa não-binária ou a atração de uma pessoa não-binária que considera sua não-binaridade relevante.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como diamórica.
    • Atração BaNB não deve ser descrita como diamórica.
    • Atração NBaB pode ser descrita como diamórica.
    • Relacionamentos NB/NB podem ser descritos como diamóricos.
    • Relacionamentos NB/B podem ser descritos como diamóricos.
    • Em adição a isso, o termo “orientações diamóricas” é ocasionalmente utilizado para falar sobre orientações e termos juvélicos que envolvem atração vinda de pessoas não-binárias, como enebeane, mártique, feminamórique e escapolitiane.
  • E, finalmente, méstrique (mestric) descreve qualquer relacionamento, orientação ou atração envolvendo alguma pessoa não-binária.
    • Atração NBaNB pode ser descrita como méstrica.
    • Atração BaNB pode ser descrita como méstrica.
    • Atração NBaB pode ser descrita como méstrica.
    • Relacionamentos NB/NB podem ser descritos como méstricos.
    • Relacionamentos NB/B podem ser descritos como méstricos.
    • Em adição a isso, o termo “orientação méstrica” pode ser usado para descrever quaisquer orientações e termos juvélicos que envolvem especificamente atração por e/ou vinda de pessoas não-binárias.

O termo mestric foi inspirado em Mnestra/Mestra da mitologia grega, que ganhou a habilidade de trocar de forma do deus Poseidon. A tradução, méstrique, possui final de palavra flexível: um símbolo seria méstrico, alguém que usa i como final de palavra seria méstriqui e por assim vai.

A bandeira méstrica usa a cor amarela para simbolizar não-binaridade e um girassol para representar alegria.


Retângulo dividido em cinco faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores violeta, lavanda, amarela clara, lavanda e roxa escura. No centro da faixa central, há um círculo - também amarelo claro - que se expande por cima das faixas adjacentes, o qual contém um halo e cinco estrelas em volta do halo, na cor branca com contornos pretos.

Bandeira angelissexo/angeligenital

Angeligenital ou angelissexo

Em 15 de agosto, queer-coining no Tumblr postou uma resposta à pergunta de uma pessoa anônima que pediu uma bandeira para o termo. A bandeira foi postada em 27 de agosto.

Os termos em si se referem a alguém que quer ter genitália/sexo angelical. É um termo altersexo do mesmo tipo que transgenital, angenital e genital-fluxo, por exemplo.

Esta identidade provavelmente foi cunhada com base na ideia de que anjos não possuem genitália ou possuem genitália que não é humana, visto que não é uma espécie que precisa se reproduzir de acordo com várias histórias produzidas sobre a espécie.


Retângulo dividido em seis faixas horizontais de tamanhos ligeiramente diferentes, nas cores marrom, marrom clara, bege, salmão, vermelha e roxa escura.

Bandeira queertina

Queertine

Em 12 de dezembro, queer-coining publicou bandeiras e definições de queertine, que se refere àquelus cujas identidades queer são influenciadas por serem latines (ou seja, por serem ou terem ascendência da América Latina). É possível dizer que este termo é uma forma de identidade vesil.

Queertine tem final de palavra flexível. Uma pessoa é queertina, um grupo é queertino, etc.


Virnorromântique

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores roxa escura, roxa, roxa clara, rosa clara, rosa, vermelha acinzentada e vinho.

Bandeira virnorromântica

Este termo foi cunhado por lovesicklie no Tumblr em uma postagem feita em 14 de dezembro. Sua base foi um pedido feito no Tumblr the-mogai-request-graveyard publicado em 2 de dezembro por Autumn, autumnmoon-morrison no Tumblr. O pedido em si continha uma definição sem qualquer menção a possíveis nomes ou símbolos para a identidade.

Uma pessoa virnorromântica – o final de palavra é flexível, assim como acontece em geral com orientações românticas – sente atração romântica facilmente por conta de neurodivergência e/ou trauma. No sentido de que tem quedas por praticamente qualquer pessoa em volta de sua idade que demonstra bondade para ela e compatibilidade com suas preferências.

Esta orientação não especifica gênero, então é tanto possível que seja uma orientação múlti que não depende de identidade de gênero quanto uma orientação “combinável” com outras (hétero, tóren, bi, etc). É, de qualquer forma, uma neuro-orientação.


Retângulo composto por cinco faixas iguais do mesmo tamanho, nas cores verde, verde clara, amarela, amarela clara e branca.

Bandeira enebaorientada

Enba- (possíveis traduções: emba, eneba)

A pedido de uma pessoa anônima, Dexter, neopronouns no Tumblr, cunhou a orientação enba e postou sobre ela e sua bandeira em 28 de dezembro. O termo descreve alguém que sente atração por pessoas não-binárias, de forma que explicitamente não se refere à identidade de gênero de quem possui tal atração.

Enba vem de enban, um termo para descrever pessoas não-binárias adultas (o qual eu adaptaria como embã ou enebã). A orientação é para ser equivalente a home/ma e mulhe/woma; por isso a ausência da última letra. A bandeira também imita algumas das bandeiras de tais orientações.

Como o termo é quase que uma palavra usada para descrever pessoas não-binárias, pode ser uma boa ideia tentar usá-lo com sufixos de orientações quando possível, como em enbaorientade, embarromântique ou enebassexual.


Retângulo composto por cinco faixas horizontais, os quais possuem as cores índigo, ameixa, vermelha clara, bege e laranja clara.

Bandeira saliliana

Saliliane

Também no dia 28 de dezembro, Lacey, haunted-thing no Tumblr, cunhou salilian, uma palavra para descrever lésbiques inconformistas de gênero.

A cunhagem foi inspirada por laveniane, que descreve turianes (homens gays) inconformistas de gênero.

Saliliane é uma palavra com final de palavra flexível. Uma lésbica seria saliliana, enquanto um lésbico seria saliliano. (Há pessoas que, mesmo tendo alguma associação com mulheridade, não usam a/ela/a, por conta de não-binaridade e/ou inconformismo de gênero. Leia mais sobre não-conformidade de linguagem aqui.)


Como quatro destes termos foram cunhados em dezembro, que tal uma lista rápida com mais termos, um por mês?

  • Janeiro: humor-fluxo, uma forma de gênero-fluxo que varia com base no humor;
  • Fevereiro: poetauródique, alguém cujo gênero é relacionado a ter uma aura de tragédia poética;
  • Março: turiknight (ou turicavaleire), um gênero relacionado a ser homem com atração por homens e ume cavaleire;
  • Abril: deceptóxique, alguém cujo gênero é relacionado a parecer mais perigose do que realmente é;
  • Maio: myceriane (ou miceriane), um neurogênero relacionado a fungos de forma que é vasto, interconectado, relacionado a ciclos naturais, além da compreensão e só entendível depois de deixar conceitos mundanos para trás;
  • Junho: sistema de gêneros shroom, o qual é majoritariamente composto por gêneros relacionados a outros gêneros mas de forma que só podem ser conceitualizados como fungos;
  • Julho: bitgênero, 1-10% de um gênero enquanto o resto é outra(s) coisa(s), de forma similar a nanogênero/demigênero;
  • Agosto: eteriane, alguém que é veldiane e urânique, e talássique, alguém que é lésbique e netúnique;
  • Setembro: chaosoul, um gênero relacionado com a alma da pessoa e com caos;
  • Outubro: cenilunar, uma identidade relacionada com feminilidade e/ou com ser mulher ou que está indo em direção a isso, e cenitidal, uma identidade relacionada com masculinidade e/ou com ser homem ou que está indo em direção a isso;
  • Novembro: luminaeiane, um termo juvélico para pessoas transfemininas atraídas por pessoas transfemininas, e estariane, um termo juvélico para pessoas transmasculinas atraídas por pessoas transmasculinas;
  • Dezembro: gênero-alegria, um gênero que tem a sensação de ser feliz e alegre; um gênero relacionado a euforia de gênero e felicidade; um gênero que tem a sensação de ser morno como um dia de sol.

Aqui terminam os destaques de 2023. Que eles tenham ajudado a descobrir termos novos para considerar!

Termos de identidades de gênero que remetem à infância  0

Bandeiras barnean, fleurlingen, gênero-menino, gênero-menina, emboyinmaic e gênero-fofo.

Aviso de conteúdo: A introdução desta postagem e o segundo parágrafo do primeiro item mencionam brevemente pedofilia e abuso sexual de menores de idade. Não há exemplos ou detalhes gráficos, mas quem preferir pode querer pular tais seções.


 

O tema do último Rodízio NHINCQ+ foi infância, então tive a ideia de fazer uma postagem reunindo termos para identidades não-binárias que remetem ao assunto. Infelizmente, não a terminei dentro do prazo, mas ainda assim quis terminar e postar.

Por ser uma forma de trollagem popular, quero ressaltar que identidades de gênero de qualquer tipo não são justificativas para realizar quaisquer ações abusivas. Alguém com uma identidade de gênero relacionada a ser criança não necessariamente tem atração por crianças e, independentemente disso, não pode usar sua identidade como desculpa para tentar ter qualquer relação inapropriada com menores de idade. Pessoas dizendo que quaisquer facetas de suas identidades dão algum tipo de permissão para cometer abuso e/ou violência contra outres com menos poder e ter isso respeitado estão ou querendo se aproveitar de pessoas desinformadas ou tentando se aproveitar de pânico moral para virar grupos de pessoas contra pessoas marginalizadas.

Enfim, aqui estão alguns termos que podem ser usados por pessoas de quaisquer idade para descrever que seus gêneros passam sensações de características relacionadas com ser criança. A maioria deles são xenogêneros, então recomendo entender o conceito antes de ler as definições nesta página.

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Alguns termos cunhados em 2022  1

Descrição: Bandeiras de orgulho em vários tamanhos e ângulos, umas por cima das outras. Elas representam as identidades simigênero, erossêntien, aceactial, viadevesil, limenegênero, somewharo, valeogênero, gênero-roubado, laveniq e sertãopunkic.


Boas vindas a mais uma retrospectiva arbitrária de cunhagens NHINCQ+! Assim como em 2017, 2020 e 2021, esta postagem destaca alguns termos interessantes que, por serem relativamente novos e/ou específicos, podem não aparecer muito em listas de identidades por aí, especialmente no momento atual.

Quero destacar que esta lista ou qualquer outra não tem a intenção de obrigar ninguém a usar certos rótulos por se encaixar neles, e muito menos de fazer com que pessoas se forcem a agir de certa forma para que se encaixem melhor em identidades mais específicas. Apenas cada pessoa pode dizer em quais termos identitários se encaixa, e pessoas que só usam termos mais abrangentes como assexual mesi, múlti ou não-binárie não são superiores ou inferiores a pessoas que preferem especificar que são cáligo, ômni, beluagênero ou termos desta ou de qualquer outra lista.

Algumas pessoas preferem usar termos mais específicos, especialmente em ambientes onde identidades NHINCQ+ são discutidas em maiores detalhes, enquanto outras não se importam com isso, e ambas estas posturas devem ser respeitadas. Questionar a necessidade de termos quando eles descrevem experiências existentes é uma atitude queermísica, ainda que venha de pessoas que também são cisdissidentes e/ou heterodissidentes.

Ao “não entender” uma identidade, é importante refletir sobre os possíveis preconceitos que fazem com que tal identidade seja “impossível” (ex.: uma identidade arromântica que envolve namorar ou um gênero não-binário que não usa os gêneros binários como referência), e pesquisar mais sobre experiências destas comunidades que vão além de definições básicas ou estereótipos.

Caso isso ainda não tenha ajudado com a dúvida, dá pra perguntar para quem conhece do assunto. Porém, é fundamental levantar a questão de forma respeitosa, sem desdém ou presunções negativas contra pessoas que usam ou que entendem a identidade. Afinal, se a “pergunta sincera” parece mais um deboche, faz sentido exigir paciência e compaixão de quem tem a capacidade de responder? Aplique o caso a qualquer outro assunto, seja profissão, hobby ou mídia: se você não sabe muito sobre algo que faz parte da vida de outras pessoas por anos, faz sentido exigir respostas enquanto é passada a impressão de que quem sabe sobre o assunto não presta, e de que a pessoa ignorante sobre o assunto na verdade sabe mais mesmo que nunca tenha tentado entender sobre ele em boa-fé?

Enfim, fica aí a reflexão pra quem precisar. Sem mais enrolação, vamos aos termos!


Retângulo composto por quatro faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa, rosa avermelhada, vermelha e roxa.

Bandeira aceactial

Aceactial descreve alguém que deseja realizar ações tipicamente sexuais com pessoas pelas quais sentem atração romântica, ainda que não sintam atração sexual.

Aromactial descreve alguém que deseja realizar ações tipicamente românticas com pessoas pelas quais sentem atração sexual, ainda que não sintam atração romântica.

Ainda que os termos sejam centrados apenas em atrações românticas e sexuais (para quem não sabe, existem outros tipos), eles são interessantes por serem para pessoas variorientadas que sentem atração sexual sem atração romântica – ou vice-versa – sem definir a atração que conseguem sentir como alo ou a-espectral.

Caso eles pareçam específicos demais, é porque termos como cúpio já existem. Aroflirt (aroflerte? Acho que faria sentido uma tradução que também seja substantivo, mas não sei dizer qual substantivo seria adequado) também é um termo cunhado em 2022, e descreve pessoas arromânticas que gostam de flertar mas que não possuem interesse em relacionamentos românticos. Bélus (bellus) é um prefixo com utilidade similar: é para pessoas que não sentem atração mas que gostam de algumas ações tradicionalmente associadas com tal atração.

Retângulo composto por quarto faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores vermelha, rosa, rosa clara e verde.

Bandeira aromactial

A parte act de aceactial e aromactial vem do verbo atuar na língua inglesa, então é possível que algumas pessoas prefiram remover a letra T destes termos ao usá-los no contexto da língua portuguesa brasileira. Mas estou só especulando: em geral, tem muita gente que não se importa em traduzir os termos que usam para suas orientações, identidades de gênero ou afins.

Ambos os termos foram cunhados pela mesma pessoa: Dexter (neopronouns no Tumblr). Eles foram requisitados por pessoas anônimas. A cunhagem de aromactial foi em 11 de junho, e a de aceactial no dia 20 do mesmo mês. As bandeiras também foram feitas por Dexter.


Erossêntien (adaptação minha) ou erosentien (original) é um prefixo que pode ser usado para descrever quando uma orientação é afetada por não-humanidade. Alguém erossentienromântique é alguém cuja orientação romântica é afetada, entrelaçada ou definida por sua identidade não-humana, por exemplo.

Retângulo composto por 11 faixas horizontais, sendo as quatro primeiras e quatro últimas do mesmo tamanho, a faixa central maior e as faixas ao redor da faixa central menores a ponto de serem praticamente linhas. Suas cores são índigo, roxa azulada, lilás, branca, roxa, rosa, roxa, branca, amarela, laranja e vermelha. No centro da bandeira, há um símbolo preto composto por flechas cruzadas apontando para quatro direções diagonais, um círculo grande, um círculo menor com duas linhas pequenas saindo dele para cima e para baixo e um losango quase do tamanho do círculo maior.

Bandeira erossêntien

Não-humanidade, aqui, é um conceito utilizado no sentido que alterumanes usam. Este termo é basicamente a versão para orientações da identidade de gênero gênero-alterumano. Tanto erossêntien quanto gênero-alterumano não definem exatamente qual a orientação ou qual a identidade de gênero específica de quem usa tais termos, somente que são definidas por sua não-humanidade ou alterumanidade, respectivamente.

Existem outras orientações que funcionam da mesma forma. Pessoas neurossexuais ou aroicas podem ou não saber se são oligossexuais, pansexuais, heterossexuais e/ou de outras orientações que definem se sentem atração sexual ou por quem/de qual forma, mas expressam que suas orientações sexuais são afetadas por neurodivergência e arromanticidade.

Esse termo, composto por eros (amor) e sentien (de senciência), foi cunhado em 7 de dezembro por Reign (mogai-sunflowers no Tumblr). A postagem especifica que este termo não deve ser usado para justificar abuso de seres que não podem consentir.


Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores preta, cinza, cinza clara, branca, amarela, rosa e azul.

Bandeira gênero-roubado

Gênero-roubado (termo original: stolengender) descreve alguém que tem a sensação de ter roubado um ou mais gêneros de outres.

A descrição não especifica como esse processo acontece, de quem um gênero pode ser roubado ou o motivo pelo qual a identidade é descrita como um roubo ao invés de uma cópia de gêneros alheios, então tais questões ficam abertas à interpretação de quem usa o termo.

Assim como ocorre em outras experiências poligênero, é possível que a pessoa mude entre os gêneros que roubou, ou é possível que acumule-os de forma que tenha todos de forma simultânea.

Esta identidade é descrita por quem a cunhou como um xenogênero, e é provável que isso seja por conta da sensação do gênero não ser originalmente da pessoa e/ou do conceito de “roubar o gênero” em geral.

A cunhagem foi realizada em 26 de fevereiro pelo Coletivo Aoi (the-aoi-collective-term-archive no Tumblr).


Retângulo composto por cinco faixas diagonais da mesma altura. Elas vão do canto superior direito até o canto inferior esquerdo. Começando do canto superior esquerdo, suas cores são roxa, roxa clara, bege clara, marrom clara e marrom.

Uma das cinco bandeiras de orgulho lavenique postadas junto com o anúncio do termo

Lavenique ou laveniq foi um termo decidido em conjunto para descrever lésbiques pretes/negres. Isso é por causa de muites laveniques se sentirem desconectades e/ou serem excluídes de tal rótulo por conta da dominação branca dentro da história, dos estereótipos e dos espaços lésbiques.

É um termo explicitamente aberto para qualquer pessoa preta/negra (multirracial ou não) que poderia se dizer lésbica, de forma que não limita ou define o que é ser lésbique.

Geralmente, termos NHINCQ+ que são originalmente terminados em -ique (exemplos: maverique, autonomique) não são traduzidos como se tivessem final de palavra flexível: uma maverique que usa a/ela/a ainda seria chamada de maverique e não de maverica. Porém, visto que lavenique é uma orientação, como lésbique, vóirique ou netúnique, é possível que eventualmente tenham pessoas se dizendo lavenicas (ou até mesmo lavênicas) ao invés de laveniques.

O termo foi postado no Tumblr thegenderthieves no dia 27 de julho.


Retângulo composto por cinco faixas do mesmo tamanho, nas cores vermelha, salmão, amarela pálida, azul esverdeada e azul metálica.

Bandeira limenegênero

Limenegênero (termo original: limenegender) é um gênero conectado a lugares que passam uma sensação de liminaridade ou eterealidade. São lugares que atraem com falsa sensação de segurança e cores claras e bonitas, mas que não são seguros.

Este gênero também é relacionado a kidcore (uma estética relacionada a temas infantis), autoisolamento e esconder-se de monstros ao redor, que podem ou não ser ameaças.

Este xenogênero foi cunhado por Cupid, catgirlprotag no Tumblr, no dia 1º de dezembro.


Retângulo composto por nove faixas horizontais do mesmo tamanho. As faixas das pontas são laranjas e a do meio é marrom. As outras faixas formam uma espécie de degradê entre as cores.

Bandeira sertãopunkic

Sertãopunkic é um gênero relacionado à estética sertãopunk.

Sertãopunk é um movimento nordestino baseado em realismo mágico, solarpunk e afrofuturismo, o qual é descrito aqui e aqui.

Assim como em gêneros com o sufixo wavic, é meio complicado traduzir punkic (alguns outros termos com o sufixo podem ser encontrados aqui). É possível usar punkique, pânquique ou outro, ou mesmo punkic como na língua inglesa.

O termo foi cunhado por Adam, gender-mailman no Tumblr, em 16 de julho.


Retângulo composto por sete faixas horizontais que são do mesmo tamanho com a exceção da faixa central que é praticamente uma linha, nas cores rosa, rosa clara, amarela, branca, verde, ciano e turquesa.

Bandeira simigênero

Simigênero descreve alguém que, mesmo não sendo necessariamente trans binárie, prefere ser viste como alguém do gênero binário diferente daquele imposto ao nascimento.

Por conta disso, está mais para um termo de expressão de gênero do que para uma identidade de gênero.

O termo pode ser útil para pessoas transfemininas ou transmasculinas questionando sua binaridade e para pessoas não-binárias que gostam de ter expressões de gênero binárias, por exemplo.

Quem cunhou o termo em 20 de agosto, serromani no Reddit, é transmasculine e não-binárie, e prefere ser percebide como homem pela maioria das pessoas.


Retângulo composto por seis faixas horizontais do mesmo tamanho. A primeira faixa é turquesa escura e a última é amarela limão; as outras faixas formam uma espécie de degradê entre as duas cores, com a exceção da quarta faixa (verde clara) sendo mais escura do que a quinta (amarela escura).

Bandeira somewharo

Somewharo (possível tradução: algum lugaro) é um termo que descreve alguém que se encaixa no espectro arromântico, mas sem saber onde.

A definição original também explica que ou a pessoa não se encaixa em nenhum rótulo existente, tem uma orientação romântica que muda entre várias possibilidades dentro do espectro arromântico ou não consegue definir um termo específico para si por conta de neurodivergência.

Alguns termos já servem para tais situações: alguém vexerromântique não consegue dizer onde está no espectro arromântico por não entender o conceito de atração romântica, alguém arofluxo tem uma orientação fluida entre mais de uma do espectro arromântico, alguém arovague tem sua orientação no espectro arromântico afetada por neurodivergência, alguém quoirromântique não consegue aplicar nenhuma orientação romântica a si e por assim vai. Mesmo assim, somewharo oferece um trocadilho e uma definição um pouco diferenciada das existentes.

O termo foi cunhado por aro-mantic-fairy no Tumblr em 3 de agosto.


Valeogênero descreve uma identidade de gênero que amadurece, se desenvolvendo com o passar do tempo. Embora seja uma identidade que passe por mudanças, assim como gênero-fluido, ela não muda completamente, assim como uma criança não muda todas as suas características ao crescer.

Retângulo composto por sete faixas horizontais, nas cores preta, vermelha escura, vermelha, laranja, laranja pálida, rosa dessaturada e roxa dessaturada. Em seu centro há um símbolo que é um olho fechado estilizado dentro de um círculo, tudo isso em cor dourada com contorno vermelho.

Bandeira valeogênero

Pessoas valeogênero não conseguem explicar ou entender completamente sua identidade de gênero, por conta das mudanças ocorridas com o passar do tempo. Além disso, como experiências variam de pessoa para pessoa valeogênero, não é possível descrever este rótulo como necessariamente feminino, masculino, xenino ou afins.

Porém, a descrição de valeogênero também ressalta que quem utiliza esta identidade tem uma presença de gênero, e que portanto tais pessoas não são sem gênero.

Outros termos parecidos são mutare, progrefluide e gênero-plasma, ainda que apenas mutare passe perto da descrição de valeogênero e ainda assim pode descrever experiências diferentes.

Quem cunhou valeogênero foi Rhapsody, venitvesperum no Tumblr, em 3 de dezembro.


Viadevesi, vesiviade ou viadevesil é um termo vesil para viades. Ou seja:

  • Retângulo composto por oito faixas horizontais, na proporção 2:2:1:1:1:1:2:2. As três primeiras faixas vão de um marrom em tom médio até um marrom de tom bem claro. A quarta faixa é roxa e a quinta é magenta. As três últimas faixas vão de um marrom bem claro até um marrom médio.

    Bandeira viadevesi

    Quem pode usar o termo é qualquer pessoa que se diz viada. A identidade viada é um insulto ressignificado positivamente entre certes homens queer e pessoas trans, entre outras pessoas.

  • Por ser um termo vesil, ele denota que a identidade viada da pessoa é relevante para outros aspectos de sua vida, como algo que influencia identidade de gênero, orientação, expressão de gênero, alterumanidade e/ou outras coisas.

O termo foi cunhado como viadevesil, mas segundo a postagem original sobre o termo vesil, termos vesis devem ser grafados sem a letra L; por isso as alternativas citadas. Viade tem final de palavra flexível, então alguém que usa o final -o seria viadovesi, alguém que usa o final -ae seria viadaevesi, e por assim vai.

A pessoa que fez a bandeira e juntou os termos é Sami, julietianboy no Tumblr.


Então é isso, em relação a esta postagem. Obviamente houveram muito mais termos cunhados em 2022 do que estes destacados aqui: gênero-buquê, calagênero, omnagênero, tidálique/mareique, pondigênero (aviso: link menciona comida), rain-, aéldique, ápex-, vális-, -zódium, withoure e distaregênero são alguns exemplos.

Algo que prejudica este tipo de compilação (assim como outres listas e arquivos) são os desejos de não ter termos repostados e de não querer que certos termos sejam usados por pessoas que não se encaixem em certo lado em certas discussões irrelevantes à identidade. Embora não exista lei que vá defender o direito exclusivo a uma palavra que não é pra ser nome próprio de empresa/mídia/etc., não quero desrespeitar o pedido de quem quer que seus termos permaneçam exclusivos, e assim eles não serão copiados aqui.

Só que não há como impedir alguém de se encaixar em certa identidade, especialmente se ela for abrangente. Então peço pela consideração de quem está lendo isso e quer cunhar termos eventualmente: a ideia é mesmo cunhar uma palavra pra preencher um vácuo léxico, ou é mais importante que a palavra seja considerada uma propriedade sua que não deve ser espalhada em outros círculos sociais, onde haverá riscos da palavra evoluir para outra coisa fora de seu controle ou ser usada por pessoas com opiniões diferentes? E se é pra ser uma propriedade sua, faz sentido postar ela publicamente, onde pessoas podem facilmente escolher desrespeitar tal pedido?

Já vi gente pensando que a ideia do Orientando é confundir pessoas sobre rótulos. Não é. A ideia é oferecer informações sobre termos para que pessoas possam se comunicar melhor em relação a eles: seja utilizando-os em perfis sabendo que outras pessoas vão poder pesquisar para saber o que significam, seja mencionando-os em discussões e podendo usar links para explicar a quem nunca entrou em contato com eles, seja oferecendo opções a quem não tinha antes vocabulário para poder comparar suas experiências.

Portanto, para mim, a utilidade da diversidade de termos é a comunicação, especialmente das pessoas que não veem termos populares como suficientes para suas experiências. E, quanto mais essas palavras se tornam comuns, mais fácil fica a comunicação das nuances de gênero, orientação, relacionamentos e afins. Como palavras que não podem ser repostadas não podem ser traduzidas ou adicionadas a listas que não podem conter links, isso prejudica sua popularização e, portanto, a tal da comunicação.

Não posso impedir alguém de querer considerar seus termos como propriedade intelectual exclusiva. No entanto, como não sei o quanto tal retórica está sendo somente copiada sem que haja muita reflexão sobre o assunto, este é meu pedido para que haja uma reflexão antes de igualar repostagens de cunhagem de termos a repostagens de textos/imagens/outros conteúdos artísticos.

Enfim, que o ano de 2023 tenha mais cunhagens interessantes para destacar!

Alguns termos cunhados em 2021  2

Imagem composta por várias bandeiras, em várias rotações e tamanhos, como se fossem uma pilha de papéis.

Bandeiras, desde o canto superior esquerdo, seguindo no sentido horário e terminando no centro: nonangi, gênero-humano, inmo(ssexual), diomni, plurabro, gênero-diário, ambix, diatraída e mavári. As bandeiras inmo e diomni usadas são diferentes das que aparecem durante a postagem.


Então, né, no ano passado, eu tinha até começado a reunir termos cunhados durante o ano para que eu não tivesse que ir correndo atrás deles na última hora e demorar demais com a postagem.

Porém, por conta de vários ocorridos na minha vida pessoal, eu acabei parando de juntar tais termos em abril, e quando me organizei o suficiente para poder postar aqui, já não estávamos mais no início do ano.

E então… veio junho. O mês do orgulho. Então pensei, por que não fazer esta postagem agora? As únicas coisas que eu não queria deixar de fazer também eram postar algo em meu blog pessoal, além de postar 60 termos na conta @termos em colorid.es, sendo que esta última meta está em progresso.

Enfim, aqui vai uma seleção de termos para orientações e identidades de gênero que foram cunhadas no ano passado! Os termos traduzidos virão primeiro, e, caso os termos originais sejam diferentes, eles aparecerão entre parênteses em seguida.


Subtipos da orientação abro

Retângulo composto por 7 faixas horizontais, nas cores verde, verde clara, branca, preta, branca, rosa clara e rosa. As faixas brancas possuem a metade do tamanho das outras faixas.

Bandeira nulabro

No dia 8 de março, Dexter (neopronouns no Tumblr) postou uma série de termos específicos a pessoas cuja atração é fluida, mas com um aspecto fixo. São estes:

  • Enabro: Alguém abro que sempre sente atração por identidades não-binárias;
  • Feeabro (finabro): Alguém abro que sempre sente atração por gêneros femininos;
  • Homabro (manabro): Alguém abro que sempre sente atração por homens/gêneros relacionados;
  • Meeabro (minabro): Alguém abro que sempre sente atração por gêneros masculinos;
  • Monabro: Alguém abro que sempre sente atração por um gênero. A postagem não explica se é alguém que sempre se atrai por um gênero específico e cuja atração por outros gêneros que vai e volta, ou se é alguém cuja atração é sempre por um gênero só que ela muda de gênero em gênero, mas considerando plurabro, acredito que a intenção tenha sido a segunda coisa;
  • Mulhabro (womabro): Alguém abro que sempre sente atração por mulheres/gêneros relacionados;
  • Neeabro (ninabro): Alguém abro que sempre sente atração por gêneros neutros;
  • Nulabro (nullabro): Alguém abro que é sempre a-espectral;
  • Plurabro: Alguém abro que sempre sente atração por múltiplos gêneros.

Ambix, angix

Assim como o próprio Roswell disse em sua cunhagem, é comum que pessoas caracterizem androginia e ambiguidade como a mesma coisa. Por conta disso, ele pensou nos seguintes termos, postados em 25 de abril:

  • Ambix: Um gênero ambíguo, mas que não é andrógino.
  • Angix: Um gênero andrógino, mas que não é ambíguo.
Retângulo composto por 5 faixas verticais, nas cores roxa, roxa clara, rosa, roxa clara e roxa.

Bandeira angix

Neste contexto, androginia é uma derivação/mistura de feminilidade e masculinidade, enquanto ambiguidade é algo incerto e enigmático que pode ser interpretado de várias formas.

Assim, algumas pessoas podem ter um gênero que é tanto ambíguo quanto andrógino, porém há pessoas cuja ambiguidade não tem necessariamente qualquer proximidade com gêneros binários ou com qualidades relacionadas a eles, assim como pessoas cuja androginia não tem nada de ambíguo.


Diatraíde

Retângulo composto por sete faixas horizontais, nas cores amarela clara, laranja clara, roxa, roxa escura, verde, azul e rosa. A faixa central possui o dobro do tamanho das outras faixas.

Bandeira diatraída

Diatraíde (tradução de diattracted) é alguém que sente atração por todos os gêneros de alguma forma caso esteja contando com todos os seus tipos de atração, mas que talvez não chegue a ser pan/omni/etc. em todos os seus tipos de atração.

Por exemplo:

  1. Uma pessoa que é pansexual, mas que é arromântica, analternativa e afins, que não é atraída por ninguém de qualquer forma que não seja a sexual, pode se dizer diatraída;
  2. Uma pessoa torenromântica que só não sente atração romântica por mulheres que também é feminassexual (ou seja, só sente atração sexual por mulheres) pode se dizer diatraída;
  3. Uma pessoa que só sente atração sexual por homens, romântica por pessoas que não são homens ou mulheres e queerplatônica por todos os gêneros menos algumas identidades não-binárias pode se dizer diatraída;
  4. Uma pessoa que sente atração por todos os gêneros em todas as suas orientações pode também se dizer diatraída.

O termo foi também cunhado por Dexter, e a versão arquivada de sua postagem, feita no dia 29 de abril, pode ser encontrada aqui.

É importante não confundir este termo com a orientação di, que é para pessoas que só sentem atração exatamente por dois gêneros.


Gênero-diário

Retângulo composto por uma série de losangos, todos eles um em volta do outro até que os maiores passam a sair da imagem. O losango central menor é preto, o que fica em volta dele é marrom escuro. Este é contornado por outro losango preto, o qual é contornado por um losango marrom. Em volta deste há outro preto, seguido por um marrom claro, outro preto, um bege e, finalmente, os cantos são pretos, só aparecendo como pequenos triângulos neste ponto.

Bandeira gênero-diário

Este termo, que é uma tradução de genderjournal, foi cunhado por Jesper (amerafluid no Tumblr) em 1º de março. É uma identidade de gênero que descreve uma multiplicidade de gêneros guardada como se tais gêneros fossem páginas num diário. Quando parece que um gênero não se aplica mais à pessoa, tal gênero é “arrancado” da mesma forma que uma página seria.

Esta é mais uma forma de descrever multiplicidade de gêneros, assim como álbum de gêneros, polifractal de gêneros e afins. Porém, esta descrição parece dar ênfase na coleção de gêneros e em algo que pode ser ou uma fluidez que não volta atrás (como mutare) ou um processo constante de autodescoberta.

Caso alguém não conheça os termos que acabei de citar, eles podem ser encontrados aqui.


Diomni

Retângulo essencialmente composto por 5 faixas horizontais do mesmo tamanho e uma faixa diagonal preta que vem do terço superior direito ao terço inferior esquerdo da bandeira. À esquerda da faixa diagonal, as cores estão na ordem rosa clara, rosa, roxa escura, azul e azul clara, mas a ordem das cores se inverte à direita da faixa diagonal. A faixa central permanece da mesma cor dos dois lados.

Uma das bandeiras diomni

Diomni, um termo que pode ser usado assim ou reduzido para dioni para quem não gosta de ficar com a letra M extra, descreve uma pessoa o(m)nissexual e o(m)nirromântica que possui preferências de gênero diferentes em sua atração sexual e romântica.

Por exemplo, ainda que sinta atração por todos os gêneros em ambas estas orientações, uma pessoa diomni pode preferir ter relacionamentos românticos com pessoas não-binárias, e se atrair sexualmente mais frequentemente por homens do que por pessoas de outros gêneros.

Pessoas que querem usar um sufixo para esta orientação, mas que não querem priorizar seu aspecto sexual ou romântico, podem usar termos como dioniatraíde ou diomniorientade.

Este termo é creditado a Morgan Finn, Dümpasepäkre na rede de wikis Fandom. Seu artigo na (atualmente deletada) LGBTA Wiki foi originalmente postado no dia 25 de agosto.


Gênero-humano

Retângulo composto por nove faixas horizontais do mesmo tamanho. A ordem das cores é amarela, branca, amarela, branca, verde clara, branca, laranja, branca e laranja.

Bandeira gênero-humano

Uma pessoa anônima cunhou gênero-humano (genderhuman) em envio(s) para o Tumblr neopronouns. A postagem original com sua definição foi feita em 11 de fevereiro.

O termo descreve uma identidade no espectro agênero onde a humanidade de alguém está no vácuo onde o gênero da pessoa estaria, de forma que humane é praticamente o gênero da pessoa. Pessoas gênero-humano também tendem a sentir (mais) euforia de gênero ao serem chamadas de humanas do que quando termos associados a gêneros específicos são usados para se referir a elas.


Enco

Este termo foi cunhado por mim em 11 de março nesta postagem, mas ei, não é como se esses fossem “os melhores termos do ano”, então não tem problema em ser parcial de vez em quando.

Enfim, sua definição base é a seguinte:

Enco-: Uma orientação para pessoas que só sentem atração por pessoas de certa(s) identidade(s) igual(is) à(s) sua(s), por esta(s) ser(em) identidade(s) marginalizada(s) ou subcultura(s) excluída(s) das culturas dominantes. A pessoa pode também sentir atração por pessoas de identidades parecidas ou que são marginalizadas da mesma forma.

Mais especificidades estão detalhadas na postagem linkada ali em cima, mas esta é basicamente uma orientação que cobre todas as que são do tipo “pessoa trans que não sente atração por pessoas cis”, “pessoa autista que só sente atração por outras pessoas autistas”, e por assim vai. Só que enco não só esconde o fator específico, como também pode ser aplicada a quem só sente atração dentro de certo grupo ainda que não seja necessariamente marginalizado (como uma pessoa gótica que só sente atração por outras pessoas góticas).

Eu ainda não vi ninguém se identificando desta forma, mas como já vi várias pessoas cunhando ou pedindo para saber sobre termos que se encaixam na definição de enco, acredito que seja um termo útil.


Juxári, mavári, proxrel(l)

Eu anotei que esses termos foram publicados no dia 28 de março, mas como as postagens originais no Tumblr plurgai (posteriormente plurgai-archive) foram apagadas, talvez não seja possível provar que tais identidades foram realmente cunhadas em tal data.

Imagem retangular com fundo preto e planeta com um anel, três luas e três estrelas. Os elementos sobre o fundo são compostos por faixas horizontais de diferentes tamanhos nas cores turquesa, laranja clara, marrom avermelhada, verde água e laranja. No meio da faixa laranja clara há um triângulo equilátero branco com uma das pontas para cima.

Bandeira juxári

Juxári/Júxari/Juxari (juxari) é uma identidade de gênero que tem conexão com feminilidade, mas em um plano separado. Não é alinhada com feminilidade de uma forma padrão, e é conectada a uma forma de feminilidade que não é sentida por outras pessoas. Não tem conexão com o gênero mulher e é apenas fracamente conectada com feminilidade comum.

Este termo também pode ser usado como um gênero feminino (no sentido de feminilidade, não de ter a ver com o gênero mulher) alienígena ou de outra dimensão.

Imagem retangular com fundo preto e planeta com um anel, três luas e três estrelas. Os elementos sobre o fundo são compostos por faixas horizontais de diferentes tamanhos nas cores amarela, esmeralda, verde escura, amarela clara e verde. No meio da faixa esmeralda há um triângulo equilátero branco com uma das pontas para cima.

Bandeira mavari

Mavári/Mávari/Mavari (mavari) é uma identidade de gênero que tem conexão com neutralidade, mas em um plano separado. Não é alinhada com neutralidade de uma forma padrão, e é conectada a uma forma de neutralidade que não é sentida por outras pessoas. Não tem conexão com não-binaridade e é apenas fracamente conectada com neutralidade comum.

Este termo também pode ser usado como um gênero relacionado com neutralidade alienígena ou de outra dimensão.

(É esta basicamente a definição, porém não sei se a parte de não ter conexão com não-binaridade faz muito sentido. Talvez seja só no sentido de ser uma identidade de gênero que pareça estar em um plano separado, e portanto separada de certa forma de outras pessoas não-binárias, ou talvez tenha sido uma declaração feita às pressas ao tentar achar um sinônimo apropriado para ser homem/ser mulher que funcione para uma identidade fundamentalmente não relacionada com nada que tenha a ver com isso.)

Imagem retangular com fundo preto e planeta com um anel, três luas e três estrelas. Os elementos sobre o fundo são compostos por faixas horizontais de diferentes tamanhos nas cores salmão, laranja pálida, índigo escura, vinho e vinho escura. No meio da faixa laranja pálida há um triângulo equilátero branco com uma das pontas para cima.

Bandeira próxrel

Próxrel/Proxrel/Proxrell (proxrell) é uma identidade de gênero que tem conexão com masculinidade, mas em um plano separado. Não é alinhada com masculinidade de uma forma padrão, e é conectada a uma forma de masculinidade que não é sentida por outras pessoas. Não tem conexão com o gênero homem e é apenas fracamente conectada com masculinidade comum.

Este termo também pode ser usado como um gênero masculino (no sentido de masculinidade, não de ter a ver com o gênero homem) alienígena ou de outra dimensão.

Estes três termos foram baseados conceitualmente em termos como juxera, proxvir, cenrel e fessari, e os nomes juxári e próxrel também vêm daí. O nome de mavári vem de maverique e censári, mas com as exceções de ambas serem identidades não-binárias e de censári ser um gênero neutro, não há muito em comum entre tais identidades.


Inmo

Retângulo composto por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa clara, preta, rosa, cinza, azul e azul escura. As cores são pouco saturadas.

Bandeira inmossexual (que talvez possa ser usada como bandeira inmo geral, já que não há bandeiras para outros tipos de atração)

O termo inmo foi cunhado com esse nome por ele ser omni de trás para frente. A definição também pode ser considerada “inversa” de certa forma: pessoas inmo sentem atração por mais de um gênero, sem sentirem atração por todos os gêneros, sendo que tal atração é igual para todos os gêneros pelos quais a pessoa sente atração. Ou seja, pessoas inmo não possuem qualquer preferência de gênero.

Ou seja, este termo não só é único por ser definido explicitamente como um termo para pessoas múlti que não sentem atração por todos os gêneros – muites acham que gente poli não podem ter atração por todos os gêneros, mas isso não é necessariamente verdade – mas também por explicitar uma ausência de preferência por gênero, algo comum em pessoas pan mas que não é um fator necessário para que pessoas se identifiquem como tal.

A cunhagem de Inmo foi feita em 13 de abril, por Emberfrost-cat na rede de wikis Fandom.


Nonangi

Retângulo composto por sete faixas horizontais, sendo que a primeira e a última são maiores do que as outras. Suas cores são roxa clara, branca, lilás, cinza escura, lilás, branca e roxa clara.

Bandeira nonangi

Nonangi – e eu vou omitir aqui o nome alternativo do termo, que é baseado nas versões originais de nonvir/nonera que a pessoa que cunhou pediu para que não fossem mais usados – foi um termo cunhado por AP do Tumblr Beyond MOGAI Pride Flags, no dia 15 de fevereiro.

Esta junção de non (não) com angi (de andrógine) descreve alguém cujo gênero tem uma forte conexão com androginia, mas que não é andrógine de forma nenhuma. O termo difere de inavire por este precisar de uma conexão com ambas feminilidade e masculinidade, o que pode ocorrer de forma separada, enquanto androginia é uma mistura de ou algo entre essas qualidades (ou mesmo outras qualidades, ocasionalmente).


Obviamente, vários termos são cunhados todo ano. Outros que também foram cunhados em 2021 incluem lovemine, orionemine, sodemine, daleko, solipastelle, eldurgênero, tulipiane, tulim, amato e illusio. E alguns cunhados em 2022 incluem distaregênero, nóstique, osci, aceactial e zódium.

Mesmo assim, espero que quem esteja lendo esta postagem tenha apreciado o destaque destas identidades!

Queerspectivas 3: Não-binaridade e narrativas trans  0

Queerspectivas é uma série de transmissões ao vivo (que depois são gravadas e postadas) feitas com o objetivo de pessoas com certas identidades poderem falar sobre suas próprias experiências sem terem que depender de painéis conduzidos por pessoas que não fazem parte do grupo, ou que são voltados a grupos completamente alheios às questões tratadas na transmissão.

Link para assistir no YouTube

Link para assistir no Nextcloud (ou baixar)

Licença: CC BY-NC-SA 4.0

Outros links:

Não temos ninguém para transcrever Queerspectivas no momento, mas entre em contato caso você queira fazer isso ou tenha feito uma legenda ou transcrição!

Identidades de gênero que poderiam ser mais populares  1

Uma combinação das bandeiras gênero-dissidente, gênero-cor e paragênero.

Existem centenas de termos relacionados a gênero, e por conta de uma série de fatores – como idade, popularidade de quem fez ou espalhou tais termos e originalidade em relação a outros termos existentes – alguns vão ser mais populares e conhecidos do que todos os outros.

Nesta postagem, eu gostaria de destacar termos que vejo que poderiam se encaixar a muitas situações que presenciei, mas que são conhecidos e/ou utilizados por pouquíssimas pessoas.


Uma bandeira composta por cinco faixas horizontais, nas cores vermelha, laranja, amarela, verde e azul. Todas as cores possuem tons relativamente claros. A proporção das faixas é 2:3:8:3:2.

Bandeira centrigênero

Centrigênero se refere a qualquer gênero entre ou no meio de um ou mais gêneros. Isso significa que identidades como andrógine, neutrangi, androx e aporagine podem ser consideradas centrigêneros.

Mas além de poder agir como guarda-chuva, centrigênero dá a liberdade de alguém falar que seu gênero está entre outros sem ter que depender de cunhar uma palavra própria para isso. Alguém pode dizer que é centrigênero maverique/caelgênero, ou centrigênero nímise/femigênero/ceteroneutre/homem, por exemplo.

Também existe gênero-poção, mas o uso de centrigênero ou de gênero-poção vai depender do quanto a pessoa sente que seu gênero é apenas um ponto entre identidades diferentes em um diagrama ou uma mistura/mescla de outras identidades.


Ceterogênero é um gênero não-binário relacionado com masculinidade, neutralidade ou feminilidade. É uma identidade relativamente antiga, mas foi possivelmente ignorada por existirem outras formas de comunicar essas características, como femigênero, mascugênero e neutrois.

O que acho interessante em ceterogênero é que pode ser uma forma de dizer que a pessoa não é mulher, homem ou gênero neutro, ainda que tenha um gênero não-binário associado com características associadas com estes gêneros.

Por exemplo, identidades como mulher não-binárie/zenina e transfeminine podem informar feminilidade, mas também podem informar mulheridade, ou até mesmo uma separação de gêneros binários em sua identidade de gênero mas uma conexão com mulheridade ou feminilidade por conta de outros aspectos, como expressão de gênero, pautas políticas ou aspectos da transição. Pessoa não-binária feminina também pode acabar tendo tal abrangência. Esses são termos muito populares, e que por isso acabam sendo bastante abrangentes. Nonpuella/nonera é um gênero fortemente feminino completamente nada a ver com ser mulher, mas esta não é necessariamente a experiência da pessoa. Fingênero e femigênero informam que a pessoa possui um gênero feminino de forma mais maleável, mas colocam feminilidade como a característica primária da identidade. Por isso, ceterofeminine pode funcionar como uma identidade separada destas, sendo mais específica em alguns pontos e mais abrangente em outras.

Cinco faixas horizontais do mesmo tamanho: Roxa, rosa, cinza, azul e verde.

Bandeira ceterofluida

Além disso, é possível interpretar ceterogênero como uma espécie de identidade próxima/relacionada a femigênero, mascugênero ou gênero neutro, mas sem ser exatamente tais identidades. Juxtaneu existe (sendo que ainda é recente em comparação com ceteroneutre), mas os gêneros juxera e proxvir são mais relacionados com gêneros binários do que com feminilidade ou masculinidade por si só.

Também existe a identidade ceterofluida, que pode ser útil para quem só muda entre gêneros não-binários que podem ser classificados como ceterogêneros. Ceterofluide é um termo mais curto do que gênero-fluido entre femigênero, mascugênero e juxtaneu, por exemplo.


Empilhadore de gêneros ou hordidem é uma identidade poligênero caracterizada por alguém ir achando identidades de gênero que se encaixam e as colocando em uma “pilha”, de forma que a pessoa tem todas aquelas identidades de uma vez só (e possivelmente mais outras que não foram cunhadas ainda, que a pessoa não achou ou que nem sabe como descrever ainda).

Esta identidade é bem mais recente do que colecionadore de gêneros, um termo cunhado lá por 2015 e que é citado ou usado por bastante gente, onde a única diferença é a questão de colecionadore de gêneros ser apenas para pessoas cuja identidade de gênero muda de tempos em tempos.

Acredito que hordidem seja um termo útil por eu já ter visto muitas pessoas com dezenas de gêneros (e gêneros parciais, identidades que denotam ausência de gênero, etc.) que não se veem como pangênero por também não serem de vários gêneros e nem como colecionadoras de gênero por suas identidades não mudarem de tempos em tempos. Muitas vezes, são até pessoas que frequentemente vão atrás de termos novos para adicionar às suas pilhas, e/ou que cunharam várias identidades para poderem descrever mais aspectos da sua.


Seis faixas horizontais do mesmo tamanho, começando com três tons de rosa e seguidas por três tons de azul. As faixas vão formando um degradê, de forma que as faixas centrais são mais claras e as faixas das pontas são mais escuras.

Bandeira femacha

Femache é alguém que é homem e mulher ao mesmo tempo. Não há especificação em relação a se este é um gênero como ambonec (que pode ser visto como um gênero ou como mais de um), ou se é referente especificamente a ter os gêneros homem e mulher (como alguém bigênero desses gêneros ou poligênero que inclui esses gêneros) ou a ser algo como gênero-poção ou andrógine/centrigênero de tais gêneros.

As únicas especificações são que ume femache não é especificamente 50% homem e 50% mulher, e que femaches não precisam só ser femaches (podem ter outros gêneros também).

Esta identidade me parece útil porque são várias as pessoas bigênero homem/mulher ou com outras experiências “mulher + homem” que podem não necessariamente se encaixar em andrógine ou ambonec. Além de ser uma identidade abrangente em relação a como alguém é mulher e homem, também é mais específica do que bigênero para quem tem estes dois gêneros, já que pessoas bigênero podem ter dois gêneros quaisquer.


Gênero-cinza é alguém que é parcialmente de um gênero não-binário ou sem gênero, mas que possui uma ambivalência natural em relação ao seu gênero e/ou à sua expressão de gênero. Pessoas gênero-cinza sentem possuir gênero, e inclinação ou desejo de expressá-lo, mas tal inclinação é fraca ou indefinível/indeterminada de certa forma, ou não é sentida pela maior parte do tempo, ou a pessoa gênero-cinza não se importa muito com sua inclinação.

Embora pareça ser algo meio específico ou complexo, o termo gênero-cinza foi feito para cobrir pessoas que não são totalmente agênero/sem gênero mas que ainda se encontram num espectro similar, da mesma forma que o termo gris/gray-a foi feito para abarcar pessoas a-espectrais que sentem alguma atração.

É relativamente comum ter pessoas com um gênero fraco, ou que se consideram basicamente sem gênero mas que possuem alguma conexão com gênero. A conexão parcial com ausência de gênero e não-binaridade está na definição para que não se confunda alguém gênero-cinza com alguém cis que não liga pra gênero (uma acusação que acredito que seja mais direcionada a pessoas casgênero hoje em dia), mas acredito que a definição possa ser resumida a ser alguém com um gênero fraco ou com uma experiência similar.

Desta forma, pessoas demigênero ou nanogênero que possuem um gênero parcial por ele ser fraco (e não por serem menores/parciais em relação a outros gêneros) ou pessoas gênero-Libra que sentem que sua conexão com algum gênero está mais para uma versão fraca de um gênero podem se dizer gênero-cinza, caso queiram.


Gênero-cor é algo que acaba sendo estigmatizado apenas por ser um xenogênero, mas é um termo bastante útil. Um gênero-cor é definido por remeter a uma cor ou a coisas que a pessoa relaciona com alguma cor.

Um fundo índigo com uma roda de cores em seu centro. A cor índigo cria um espaço na roda de cores.

Bandeira gênero-índigo

A questão é que isso pode ser usado para qualquer coisa. Pode ser usado como uma associação xenina, como algo sinestésico, como algo relacionado com outras identidades de gênero existentes, etc. Por exemplo, o termo gênero-índigo pode ser usado para descrever:

  • Um gênero definido por um tipo de masculinidade relativamente formal e adulta;
  • Um gênero similar a homem, mas que contém ao menos parcialmente algum elemento de androginia nele;
  • Um gênero que remete a frutas que são doces mas que não são necessariamente muito doces, como mirtilos, uvas, ameixas e amoras;
  • Um gênero definido por libertação e criatividade em relação às concepções tradicionais de gênero;
  • Um gênero não-binário fraco que remete a um céu vazio;
  • Um gênero que remete ao frio de uma noite de inverno pelo quanto é forte e difícil de ignorar.

Isso tudo vai depender de associações pessoais com a cor, mas também de como uma pessoa pode usar uma cor para descrever uma identidade de gênero. Ainda assim, acho que deu pra perceber como a identidade é versátil!


Gênero-dissidente ou gênero-inconformista é um gênero propositalmente similar a maverique, mas que também é definido por subversão intencional das expectativas de gênero da sociedade. Sua definição completa (ainda que resumida) é:

Uma experiência de gênero não tradicional (e não-binária) caracterizada pelo senso de desconexão e independência em relação a gêneros binários, e também pela intenção de subverter as expectativas de gênero da sociedade.

O motivo que vejo esta identidade como uma que poderia ser mais popular é que maverique é um gênero popular, e muitas pessoas não-binárias falam que querem intencionalmente confundir pessoas quanto ao seu gênero ou quebrar barreiras sobre o que é gênero ou coisas assim. Caso isso faça parte de sua experiência de gênero, gênero-dissidente expressa essas duas coisas em uma identidade só.


Gênero-estrela é outra identidade que pessoas rolam os olhos só de ver o nome, por conta do estigma contra xenogêneros, especialmente gêneros com adjetivos ou substantivos no nome. Enfim, gênero-estrela pode se referir a uma destas descrições:

  • O gênero de uma estrela;
  • Um gênero que não parece ser humano ou terrestre, por estar além da compreensão;
  • Uma identidade para quem acha que, não importa quantos rótulos para gênero inventarem, nenhum deles vai encaixar.
Um fundo azul escuro com uma estrela branca em seu canto inferior direito de onde saem três faixas curvas nas cores branca, azul clara e azul em direção à esquerda. No resto da bandeira, alguns brilhos brancos podem ser vistos.

Bandeira gênero-estrela

É comum ver essa primeira definição e pensar “ah não, que ridículo, a pessoa pensa que é ou quer ser literalmente uma bola de gás” sem ver qual a lógica ou o contexto desta definição. (Aliás, existem indivíduos que são kin com estrelas, mas isso não é o que gênero-estrela descreve. Ser de um gênero comparável a algo não significa ser kin com aquela coisa, embora pessoas possam ser os dois.)

A questão é que esta identidade foi cunhada quando havia pouquíssimo vocabulário para descrever gêneros fora da tríade homem/mulher/neutre, e mesmo vocabulário já existente como aporagênero e maverique era possivelmente pouco circulado. Assim, a pessoa que cunhou gênero-estrela estava tentando descrever um gênero distante dos binários a ponto de ser “alienígena”, e que era possivelmente grande e complexo.

Mesmo assim, as divagações de quem cunhou o termo e as definições que foram espalhadas por aí abrem portas para que gênero-estrela possa ser uma identidade que esteja descrevendo:

  • Alguém cujo gênero é difícil de entender por estar além de gêneros mais conhecidos;
  • Alguém cujo gênero é relacionado com o espaço;
  • Alguém cujo gênero parece ser extraterrestre;
  • Alguém que vê seu gênero como o gênero de uma estrela;
  • Alguém cujo gênero é potencialmente neutro, mas que também inclui ao menos feminilidade e masculinidade, ao mesmo tempo;
  • Alguém cujo gênero é grande de forma que parece um pequeno universo;
  • Alguém cujo gênero não se encaixa em nenhum termo mais específico.

Isso tudo geralmente é compactado como “um gênero relacionado a espaço que é distante de gêneros binários e que é possivelmente além da compreensão humana”, mas todas estas definições podem ser motivos válidos para se dizer gênero-estrela. Aliás, não é à toa que esta deve ser uma das identidades mais populares que pode ser considerada um xenogênero.


Paragênero é uma identidade de gênero para pessoas que se sentem próximas a certo gênero, sem serem exatamente de tal gênero. Gênero- (ou gênero-menos) é alguém cuja identidade pode ser descrita como algo próximo de certo termo, mas que não se encaixa completamente nele. Um termo ou outro pode ser escolhido por preferência pessoal ou pelas particularidades da identidade de gênero de alguém, mas estes são ambos termos para identidades próximas mas que divergem de certa identidade.

Acredito que tal proximidade possa ser interpretada de várias maneiras; alguém que é para-homem ou homem- poderia ter um gênero como proxvir, mas talvez esteja mais para magi-homem, quiver-homem, melle, hxmem, androx ou neuvir, por exemplo.

Desta forma, estes termos são úteis para quem acha algum termo que quase se aplica a si, sem se ver completamente como tal termo. Tem um gênero não-binário feminino, mas que não é exatamente só feminino? Dá pra dizer que é parafemigênero ou parafeminine (ou paraceterofeminine, parafingênero, etc). Tem um gênero meio ambíguo ou indefinido, mas que ao mesmo tempo não parece ser completamente bem descrito por isso? Dá pra dizer que é nímise-. Tem uma experiência de gênero que parece alienígena, grande e complexa, mas não quer usar o termo gênero-estrela por parecer descrever bem mais do que isso? Dá pra se dizer estrela-menos.

Muitas pessoas usam o termo demigênero para isso, por ser mais conhecido, mas quem quer evitar a conotação de seu gênero ser parcialmente algo ao invés de ser completamente algo, só que algo diferente/adjacente pode usar paragênero e/ou gênero-.


4 faixas horizontais na proporção 22:13:11:10. Suas cores são amarela clara, laranja, vermelha e marrom avermelhada.

Bandeira vanabrela; fogo/calor

O sistema vanabrela (ou vanabrella, vanarela ou vanarella) foi cunhado como uma forma de falar sobre algum xenogênero que é de alguma forma relacionado a algo, de forma abrangente ou específica.

Isso significa que, se uma pessoa só quer descrever que seu gênero é relacionado ou comparável a algo como, por exemplo, fogo, chuva, arrepios, pétalas caindo ou o que for, sem especificar além disso, a pessoa só precisa dizer que seu gênero é vanarela (fogo), vanabrella; chuva, vanarella – arrepios, vanabrela [pétalas caindo], etc.

Embora ainda termos mais específicos ainda sejam úteis em vários casos, o sistema vanabrela ajuda quem só quer descrever seu gênero como alguma palavra ou expressão curta. Assim, qualquer pessoa que saiba o que é vanabrela vai entender do que o gênero se trata, quando teria que pesquisar ou perguntar caso um termo mais específico fosse usado.

Uma pessoa que usa esse sistema pode ser chamada de vanabrélica.


Espero que esta lista tenha ajudado mais pessoas a considerarem usar ou espalhar informações sobre estas identidades de gênero. Todos estes termos estão em nossa lista de identidades não-binárias, embora vários destes não tenham páginas específicas.

Fontes:

As diferenças (ou não diferenças) entre orientações multi  3

Uma bandeira composta por cinco faixas horizontais: uma rosa, uma roxa, uma amarela, uma verde e uma azul. As faixas centrais são um terço do tamanho da primeira e da última faixa.

É extremamente comum haverem discussões sobre o que significam as orientações dentro do guarda-chuva multi – ou seja, as que são definidas por atração por mais de um gênero – especialmente hoje em dia, quando existem pessoas usando várias orientações diferentes.

Existem, assim, duas visões principais contrárias sobre o assunto:

  • Todas estas orientações são idênticas, e dentro deste campo existem tanto as pessoas que acham que por isso todo mundo deveria usar um rótulo só (geralmente bi) quanto as pessoas que veem rótulos como uma preferência pessoal que, ainda que inútil, deva ser respeitada;
  • Todas estas orientações são completamente diferentes, e duas pessoas que sentem atração da mesma forma usando rótulos diferentes ou estão desinformadas, ou ao menos uma das pessoas está ativamente cometendo apagamento contra o rótulo que ela deveria estar usando.

Como dá para perceber lendo a lista de orientações disponíveis neste site ou a matéria na Revista Elx que escrevi há anos atrás sobre isso (página 15), acredito que ambas as visões estão (parcialmente) erradas.

Isso não porque simplesmente quero ter uma opinião diferente, mas sim porque ambas as ideias vão contra a identificação de muitas pessoas, e muitas vezes até mesmo contra as definições que boa parte das comunidades dessas identidades específicas usam para elas.


Vou começar a explicar isso pelas orientações mais comumente discutidas nesse tipo de briga: bi, poli, pan e o(m)ni. Dentro de suas próprias comunidades, elas são comumente definidas como:

Bi: atração por mais de um gênero (x), atração por múltiplos gêneros (x), atração por dois ou mais gêneros (x) (x) (x).

Enquanto o texto não define o que é ser bi, o Manifesto Bissexual diz explicitamente para as pessoas não verem bi como uma identidade com “dois lados”, ou como algo que se resume a sentir atração pelos dois gêneros binários.

Ainda que estas sejam definições colocadas de formas diferentes, é importante destacar que estas comunidades não restringem bi a sentir atração por dois gêneros, por poucos gêneros ou por todos os gêneros; qualquer quantidade de gêneros maior do que um é inclusa nessas definições.

Poli: atração por múltiplos gêneros (x) (x), atração por múltiplos gêneros mas não necessariamente todos (x) atração por múltiplos gêneros mas não todos (x) (x), atração por mais de um gênero (x).

Uma das definições exclui pessoas que sentem atração por todos os gêneros, mas as outras não; por isso, acredito que faça mais sentido definir poli simplesmente como atração por múltiplos gêneros (a parte “não necessariamente todos” está implícita na definição, e pode ou não ser adicionada sem excluir ninguém).

Pan: atração por todos os gêneros ou que não é determinada por gênero (x) (x) (x), atração por todos os sexos e gêneros ou, para algumas pessoas, independentemente de gênero (x), atração por todos os sexos e gêneros (x), atração não limitada por gênero (x).

Observação: A questão de atração por sexo é excludente. Enquanto pessoas pan vão sentir atração por pessoas de qualquer sexo se gênero não é um fator em sua atração, ou se sentem atração por pessoas de qualquer identidade de gênero, colocar isso na definição infere que outras pessoas estão certas em excluir pessoas intersexo ou trans de sua atração, ou incluí-las injustamente, porque “sentem atração por certo(s) sexo(s)”.

Qualquer pessoa pode recusar a se relacionar com outras por qualquer motivo. Qualquer pessoa pode ter certos fetiches ou preferências do que gostaria ou não gostaria de fazer durante relações sexuais. Mas essas coisas não são determinadas pela capacidade da pessoa de sentir atração por certo(s) gênero(s), que é o que uma orientação definida por atração por certo(s) gênero(s) descreve. Nem é como se fosse possível saber quais hormônios, cromossomos e genitálias que todas as pessoas possuem antes de sentir atração (enquanto identidade de gênero em geral é algo que a pessoa vai dizer antes de tirar a roupa ou mostrar exames médicos).

Por isso, nenhuma orientação deve ser definida como “atração por tal sexo”, e a capacidade de sentir atração independentemente do sexo não é exclusiva de qualquer orientação.

Deixando isso de lado, as definições comumente usam dois possíveis critérios: atração por todos os gêneros e atração que não é limitada por gênero. Uma pessoa pan pode achar que um desses dois a representa mais do que o outro, ou pode não ter preferência entre eles. Mais sobre isso na página sobre a identidade pan.

Mas acho bom destacar que pessoas pan podem, sim, sentir atração mais por uns gêneros do que por outros. A questão de sentir atração sem o gênero ser o fator é uma possibilidade, não uma obrigação.

Em relação a omni, a coisa é mais complicada, porque poucas pessoas se identificam como tal, não existindo grupos maiores definindo esta orientação. Portanto, as perspectivas acabam sendo mais pessoais, e não necessariamente são resultados de interagir com mais pessoas da comunidade para achar pontos em comum.

Mas aqui estão algumas definições: atração por todos os gêneros, vendo eles de forma diferente (ou seja, atração por todos os gêneros mas que é determinada por gênero) (x) (x), atração por muitos gêneros (x), atração por todos os gêneros igualmente ou diferentemente, e talvez atração por otherkin/therians (x), atração por muitos gêneros mas não todos, sendo que a atração pode não ser por todos os gêneros por conta de escolha (x), atração por todos os gêneros que pode não ser limitada a humanes (e que pode teoricamente incluir outras espécies que podem consentir, como aliens) (x), atração por todos os gêneros igualmente (x), atração por todos os gêneros e expressões de gênero (x), atração por todos os gêneros de múltiplas espécies que podem consentir (x), atração por tudo (x).

Tentando organizar isso:

  • A grande maioria das definições inclui atração por todos os gêneros;
  • Muitas definições restringem ou enfatizam que pessoas omni em geral sentem atração por gêneros diferentes de formas diferentes;
  • Algumas definições dizem que pessoas omni sentem atração igual por todos os gêneros;
  • Algumas definições incluem não-humanes na atração;
  • Uma ou outra definição considera que pessoas omni não precisam sentir atração por todos os gêneros, ou não sentem atração por todos os gêneros.

Como estas definições são contraditórias, é difícil definir omni como uma coisa só, mas eu prefiro dizer que é atração por todos os gêneros, e que esta orientação geralmente é usada por pessoas que não querem se associar à identidade pan, ou pela conotação de “gênero não ser fator na atração” ser algo que queiram evitar (mesmo que ela seja opcional), ou por serem basicamente pan mas não sentirem atração por todos os gêneros, ou por quererem expressar de alguma forma que sua atração é “maior do que só por humanes” (ainda que eu não veja porque pessoas de outras orientações não poderiam ter atração por seres como alienígenas ou anjos ou vampires caso tivessem contato com tais seres).


Em relação a estas quatro orientações, consigo ver que se dividem em dois tipos: atração que não precisa incluir todos os gêneros (bi, poli) e atração que geralmente inclui todos os gêneros (pan, omni).

Embora pessoas que sejam bi e poli possam ter atração por todos os gêneros, é importante incluir as que não possuem. Dizer que são a mesma coisa que pan (que inclui atração em potencial por pessoas de qualquer identidade de gênero em todas as suas definições) é excluir pessoas que sentem atração por mais de uma identidade não-binária sem sentir atração por gêneros binários, pessoas que sentem atração por homens e mulheres sem sentirem atração por nenhuma identidade não-binária ou só por algumas identidades não-binárias e pessoas que sentem atração por um gênero binário e por uma ou mais identidades não-binárias sem sentir atração pelo outro gênero binário.

Essa é uma questão séria porque isso deixa essas pessoas sem nenhuma opção de rótulo popular que não as apague. E efetivamente as exclui de espaços multi, como se fossem “basicamente mono” só por não terem atração por todas as identidades de gênero.

Observação: E, sim, pessoas binárias, atração por pessoas não-binárias é relevante. Alguém que é bi por sentir atração por mulheres e por pessoas gênero neutro é tão bi quanto alguém que sente atração por homens e mulheres. Se você imediatamente pensa que alguém que sente atração só por mulheres e por pessoas gênero neutro é alguém que “sente atração por pessoas que parecem mulheres e quer disfarçar”, é você quem está reduzindo pessoas à sua aparência e possível genitália de forma cissexista.

Uma pessoa que sente atração só por mulheres, de diferentes expressões de gênero e gêneros designados, sente atração por um gênero. Uma pessoa que sente atração por diversas identidades de gênero sente atração por múltiplas identidades de gênero independentemente de passabilidade, expressão de gênero, gênero designado ou corporalidade.

Voltando ao assunto: Você pode, sim, se definir como bi ou poli por sentir atração por todos os gêneros. Porém, definir estas orientações como restritas a quem tem atração por todos os gêneros é excluir pessoas dela.

Da mesma forma, você pode se definir como bi por sentir atração por dois gêneros, mas dizer que todas as pessoas bi sentem atração por dois gêneros é apagar a experiência de outras pessoas bi. E você pode se definir como poli por sentir atração por “muitos gêneros mas não todos”, “três ou mais gêneros” ou “algum número de gêneros entre dois e todos, sem incluir esses extremos”, mas há outras pessoas que usam esta identidade que não possuem tais experiências, e elas não estão “deturpando o rótulo” quando a maioria das definições já as inclui.

Também quero destacar que em nenhuma definição existe algum critério como “ter que sentir atração por mais de um gênero igualmente” ou “ter que sentir atração por gêneros diferentes de formas diferentes”. Algumas pessoas bi/poli vão ter preferência por certos gêneros, outras não. Isso não é algo que diferencia bi de poli, ou bi/poli de pan e/ou omni.

Eu espero que já tenha ficado óbvia a distinção entre bi/poli e pan, mas e a distinção entre pan e omni?

Sinceramente, é o que já foi escrito lá em cima. Muitas pessoas veem os rótulos como a mesma coisa, outras gostam do aspecto sobrenatural de omni, outras querem se afastar da conotação de “atração não influenciada por gênero” que muitas pessoas pan se identificam como tendo.

Isso não significa que pessoas pan estejam apagando a identidade omni caso sua atração seja influenciada por gênero. Também não significa que pessoas omni só querem se achar melhores do que pessoas pan. Os motivos pessoais para pessoas se identificarem com um rótulo ao invés do outro podem vir de “a bandeira é mais legal” até “tenho trauma do termo porque sofri abuso de alguém que o usa”, além de virem de alguma das ênfases citadas.

Múltiplas palavras possuem sinônimos, muitas vezes que possam ser mais adequados em situações diferentes. Não é ruim que pessoas possam escolher que rótulo achem melhor.

Quanto a pessoas “se excluindo e fragmentando a comunidade”: quem está mesmo fazendo isso é quem insiste em só incluir rótulos mais antigos/populares. Se você insiste que seu espaço é só bissexual e que todo mundo que quer participar precisa lidar com pessoas presumindo que são bissexuais, ainda que você queira atingir toda a população multi, sim, seu espaço é excludente e está contribuindo com a fragmentação da comunidade, mais do que pessoas que preferem usar alguma palavra mais específica por representá-las melhor.

Existem termos guarda-chuva inclusivos: multi, pluraliane, monodissidente, não-monoatraíde (estes últimos dois também incluem ou deveriam incluir pessoas a-espectrais, de orientações fluidas, de orientações indefinidas e outras que sofrem com monossexismo). Existem espaços que usam BiPanPoli+, BPQ+ ou outras siglas, e embora não sejam tão inclusivas, podem ser um começo para quem tem medo de que só os termos citados não sejam suficientes para atrair gente.

A ideia de que existe um número limitado de termos aceitáveis para orientações é, também, monossexista. Assim como a ideia de que qualquer orientação precise ser completamente exclusiva de outras, sem ter nenhuma sobreposição entre elas. Afinal, é o tipo de normatividade pregada por quem diz que só existe “gay(/lésbica) ou hétero”, que o resto é desnecessário, complicado demais, irrelevante, tentativa de conseguir atenção, falta de caráter, contraprodutivo, inexistente. Que essas acusações não sejam feitas por outras pessoas multi também.

Finalmente, gostaria de pedir que pessoas usem definições como guias gerais, não como regras que precisam ser seguidas ao pé da letra. Pessoas podem se identificar como pan com exceções, e não ter atração por todos os gêneros. Pessoas podem se identificar como omni e sentir atração sem que gênero seja um fator. Talvez sejam casos menos comuns, mas ainda existem e devem ser respeitados.


O texto está bem mais longo do que eu planejava, então a conclusão em si está aí em cima. Mas aqui tem outras orientações multi, e suas similaridades e diferenças de outras orientações:

Toren/Trixen: Excluem atração por um gênero binário, mas incluem atração por um gênero binário e uma ou mais identidades não-binárias. São alternativas úteis a bi ou poli quando se quer especificar a falta de atração por um gênero binário (assim como pan é uma alternativa útil quando se quer especificar a atração por todos os gêneros).

Orientações flexíveis (heteroflexível, feminaflexível, torenflexível, etc.): Ao contrário do que muita gente prega, ser “de alguma orientação com exceções” não é exclusividade de quem não tem atração por pessoas não-binárias, ou de “pessoas inseguras que só não querem se dizer bi”. Uma pessoa pode se dizer bi, multi, poli, etc. e ainda usar um desses rótulos. Uma pessoa não-binária pode sentir atração frequente por mulheres e atração infrequente por qualquer outra identidade de gênero, e preferir feminaflexível a pan/omni, ou usar dois destes rótulos, ou os três. Estes rótulos não invalidam qualquer outro, só especificam atração. Também não são uma tentativa de não se dizerem multi, quando tais rótulos estão inclusos no critério de sentir atração por mais de um gênero.

Equ: É uma orientação definida como “atração por pessoas em geral, sem especificação; atração por todes igualmente”. Ou seja, é basicamente uma orientação que exclui gênero da definição (similar a uma das definições de pan), e que especifica que a atração é igual por todas as pessoas (similar a uma das definições de omni). Uma provável tentativa de fazer algo com uma definição mais específica.

Paro: Uma orientação para pessoas que explicitamente sentem atração por gêneros diferentes de formas diferentes. Mais específica do que bi ou poli, mais abrangente do que as orientações flexíveis. Este rótulo foi feito para pessoas que, por exemplo, sentem atração com frequência por pessoas não-binárias, mas só sentem atração por homens quando não são pessoas próximas, e só sentem atração por mulheres raramente. É bem importante como uma forma de especificar que a pessoa sente atração por mais de um gênero, mas não da mesma forma.

Orientações fluidas (abro, duo, crono, etc.): Enquanto muitas pessoas simplesmente colocam elas como parte do guarda-chuva multi, especialmente quando elas não são exclusivas de pessoas a-espectrais, pessoas com essas identidades já demonstraram vontade de só serem consideradas multi em momentos que sentem atração por mais de um gênero.

Pessoalmente, acho que qualquer pessoa que já tenha sentido atração por mais de um gênero, ainda que não no presente e/ou não ao mesmo tempo possa se considerar multi, mas é possível também que a orientação de alguém mude entre diversas orientações sem que a pessoa seja capaz de sentir atração por mais de um gênero (por exemplo, a pessoa pode fluir entre omniassexual, cupiossexual, demissexual, caligossexual e virsexual e sempre sentir atração somente por homens quando consegue senti-la), então acho que é bom deixar a critério de cada pessoa fluida se querem se dizer multi ou não.

Orientações indefinidas (pomo, com, novi, etc.): Novamente, muitas pessoas simplesmente dizem que essas pessoas são multi e ponto, já que esse é o caso de muitas pessoas que “não se encaixam em nenhuma orientação”, mas acho que é uma presunção muito grande dizer que todas essas pessoas sentem atração por mais de um gênero, quando as definições desses termos incluem outras possibilidades.

Acho importante incluir que há a possibilidade de pessoas fluidas/indefinidas serem multi, mas também acho importante incluir que elas nem sempre vão ser, e deixar a decisão de se identificar como multi pra cada pessoa.


Caso você não saiba e queira saber o que significa algum dos termos mencionados, procure-o na lista de orientações daqui.

Tentativa de conscientização sobre algumas identidades do espectro arromântico  2

Bandeira arromântica: 5 faixas horizontais de mesmo tamanho nas cores verde, verde clara, branca, cinza e preta.

Conceitos que recomendo saber sobre antes de ler o texto:

Hoje é o terceiro dia da Semana da Conscientização sobre o Espectro Arromântico de 2020 (dias 16 até 22 de fevereiro). Caso você queira postar o que fez/vai fazer para comemorar esta data, não deixe de passar neste tópico!

Como eu já escrevi em uma postagem hoje, ainda há uma ausência muito grande de conteúdo arromântico, então fica chato falar de algum assunto dentro da comunidade arromântica como se fosse mais obscuro do que outros quando não há conteúdo arromântico em geral.

E quando eu falo de conteúdo, eu falo em relação a tudo. Faltam personagens arromântiques em mídias populares; falta conteúdo informativo sobre o que é ser arromântique que não seja só sobre a definição de arromântique; faltam matérias bem feitas em revistas sobre o que é ser arromântique; faltam postagens, vídeos, podcasts e afins de pessoas arromânticas falando de suas histórias que alcançam pessoas fora da comunidade arromântica.

Esta postagem é sobre pessoas arromânticas que sentem alguma atração romântica. Porém, quero explicitar que minha intenção não é dizer que este grupo é mais apagado do que todos os outros em contextos arromânticos, e nem jogar pessoas arromânticas que não sentem atração romântica debaixo do ônibus. Este é apenas um assunto que escolhi, mas existem vários outros que merecem atenção também.

A possibilidade de pessoas serem arromânticas é extremamente apagada, em geral.

Quando é considerada, porém, é comum que esta consideração só se estenda à ideia de que a pessoa não sente atração romântica nenhuma.

E mesmo pessoas que aceitam a possibilidade de alguém não sentir atração romântica podem não aceitar que alguém se identifique como grisromântique, arofluxo, akoirromântique, demirromântique ou afins. Afinal, não sentir atração romântica comumente ou deixar de sentir atração depois de um tempo “é normal”, e portanto dentro dos padrões alorromânticos.

A questão é, ao lidar com algo “novo” que alguém está dizendo que é, algo fora do padrão que não tem boa representação na mídia, a tendência é duvidar. Isso é um problema para toda a comunidade, especialmente quando não existe forma de “provar” que alguém não tem gênero ou não sente atração por pessoas de certo gênero ou afins.

E atração romântica é algo que muita gente que é ou que se diz alorromântica vê como nebuloso, então, de fora, uma “escala cinza” entre alguém sem atração romântica nenhuma e com atração romântica forte/frequente/consistente pode não parecer “real” ou “útil”.

Eu vou citar aqui umas possibilidades que podem ser meio extremas, mas que podem dar uma ideia melhor dos motivos pelos quais pessoas podem se dizer de certas orientações no espectro arromântico.

Akoirromântique/lithromântique/etc.: Uma pessoa tem várias quedas durante sua vida, mas elas raramente são recíprocas, e, quando são, a pessoa perde interesse rapidamente. Mesmo que tente namorar e ache alguém de quem gosta muito, a atração romântica sempre parece sumir no início do relacionamento. A pessoa pode realmente querer que uma relação dê certo e pode realmente gostar de outras pessoas, mas não consegue se manter apaixonada por ninguém.

Amicusromântique: Uma pessoa nunca se apaixona por personagens, celebridades, ou por pessoas que conhece mais ou menos que se declaram para ela. Porém, frequentemente se apaixona por pessoas em seu grupo de amizades, por mais que seja pequeno e/ou que as pessoas nele estejam indisponíveis.

Arofluxo: Uma pessoa por anos não se apaixona por ninguém. Depois passa algum tempo se apaixonando por várias pessoas, mas tal paixão vai embora bem rápido após relacionamentos começarem. Depois a pessoa passa um ano sem se apaixonar por ninguém. Daí a pessoa se apaixona por uma única pessoa e a paixão permanece por alguns anos. Depois ela vai embora totalmente. Depois ela volta, e a pessoa se apaixona por várias pessoas bem rápido por algum tempo. Depois a pessoa para de se apaixonar e questiona se realmente é capaz disso.

Caligorromântique: Uma pessoa começa a se apaixonar anos depois de suas amizades, mas tal paixão parece ser extremamente fraca e a pessoa questiona várias vezes se tal atração é real ou apenas pressão social. Em todos os relacionamentos que entra, ainda que ame romanticamente as outras pessoas, parece que sempre as outras pessoas a amam muito mais.

Claperromântique: Uma pessoa sentia atração romântica com frequência, mas após um relacionamento abusivo, nunca mais sentiu atração romântica. Ainda que tivesse sido alorromântica antes, ela não vê sentido em se identificar como tal quando é atualmente incapaz de se apaixonar e desinteressada em ter outros relacionamentos românticos.

Cupiorromântique: Uma pessoa não sente atração romântica nenhuma, mas pensa que namorar pode ser divertido e quer ter relacionamentos românticos mesmo sem ser capaz de se apaixonar por outras pessoas.

Demirromântique: Uma pessoa nunca se apaixona por ninguém, e detesta o quanto outras pessoas ficam puxando o assunto de possíveis relacionamentos românticos como se pessoas tivessem que estar apaixonadas o tempo todo. Depois de anos, a pessoa se apaixona por uma pessoa ou outra, mas apenas por pessoas que admira muito e com quem conviveu por bastante tempo.

Grisromântique: Uma pessoa só se apaixonou uma vez na vida há anos atrás, e não considera que isso define mais sua orientação do que todos os outros anos nos quais não sentiu atração nenhuma.

Proculromântique: Uma pessoa tem paixões assim como suas amizades, mas ao contrário delas, suas paixões são sempre por celebridades, personagens fictícies, ou outras pessoas completamente inacessíveis. E não só como adolescente; isso continua por vários anos e a pessoa nunca se apaixona por pessoas de qualquer gênero que estão à sua volta.

Recipromântique: Uma pessoa nunca se apaixona ou tem interesse em relacionamentos. Porém, algumas das vezes nas quais outras pessoas se declararam apaixonadas por ela, a pessoa começou a se apaixonar por estas pessoas, sem nunca ter tido nenhuma paixão fora disso.

Independentemente das experiências de cada pessoa e da sua opinião sobre que rótulos deveriam estar usando, por favor, respeite a identificação alheia. Cada pessoa tem seus motivos para usar os termos que usa.

Algumas cunhagens de 2017!  1

2017 recém acabou. Poucas identidades novas foram adicionadas às nossas listas, mas, como sempre, temos muitos termos novos.

Esta postagem não possui o objetivo de ditar quais são as identidades mais importantes do ano, nem de ditar que você deveria estar se identificando com essas ao invés de usar o que você usa atualmente. Também não são identidades que você precisa decorar. Estas são apenas algumas identidades que podem ser interessantes para quem se interessa em conhecer ou em recomendar rótulos.

Orientações

Descrição da imagem: um retângulo composto por cinco faixas horizontais do mesmo tamanho. As faixas são, respectivamente, vinho, branca, rosa, branca e verde escura.

Bandeira feminamórica

Viramórique e Feminamórique: São orientações para pessoas não-binárias que sentem atração apenas por um gênero: homens no caso de viramórique, e mulheres no caso de feminamórique.

Enquanto os prefixos vir e femina já haviam sido sugeridos como alternativas a home e mulhe, foi apenas neste ano que sugeriram utilizar estes com o sufixo amórique. A intenção é não ter que depender de sufixos como sexual ou romântique. Ainda assim, é possível se chamar de feminassexual ou de virromântique, caso queiram.

Não consegui achar provas concretas de que os termos foram cunhados em 2017, mas todas as postagens que consegui achar com os termos foram feitos a partir de junho. Aqui está uma delas.

Netúnique (ou neptúnique) e Urânique: Ao contrário das orientações acima, estas são baseadas em exclusão. Uma pessoa netúnica sente atração por todas as pessoas que não são homens ou pessoas não-binárias que sentem conexão com o gênero masculino ou com masculinidade. Uma pessoa urânica sente atração por todas as pessoas que não são mulheres ou pessoas não-binárias que sentem conexão com o gênero feminino ou com feminilidade.

Descrição da imagem: um retângulo composto de seis faixas horizontais de mesmo tamanho. As quatro primeiras formam um degradê de azul até ciano claro, a quinta é um tom claro de creme, e a última é um tom não tão claro de creme.

Bandeira urânica

Estes termos não são exclusivos a pessoas não-binárias, e foram feitos como alternativas ao que seriam mais ou menos orientações como nomin (atração por qualquer pessoa sem conexão com masculinidade), nofin (atração por qualquer pessoa sem conexão com feminilidade), nãomem (atração por qualquer pessoa não-homem) e nãolher (atração por qualquer pessoa não-mulher).

Quem cunhou estes termos foi Ichi, socialjusticeichigo no Tumblr, em 31 de agosto.

Paro-: Esta é uma orientação para pessoas que sentem atração por diferentes gêneros de forma diferente. Por exemplo, a pessoa sente atração por mulheres frequentemente, mas para sentir atração por homens, precisa de um laço especial primeiro. Ou a pessoa tem atração por pessoas agênero frequentemente e por outras pessoas não-binárias às vezes sim e às vezes não, enquanto sua atração por homens e mulheres é presente mas fraca.

É uma orientação multi, por requerer atração por múltiplos gêneros. Pessoas com esta orientação geralmente não se sentem confortáveis em se sentir parte do espectro assexual/arromântico/etc., pois geralmente consideram que ao menos parte da sua atração é completamente alo (frequente/forte/etc.; fora do espectro assexual/arromântico/etc).

Esta orientação foi cunhada por Beau, beau-is-gai (previamente hello-im-cielo) no Tumblr. Aqui está uma postagem com a discussão da bandeira.

Nomaflux (e, consequentemente, nowomaflux): Uma orientação para quem geralmente não sente atração por homens, mas que pode sentir ao menos um pouco de vez em quando. Nowomaflux seria alguém que geralmente não sente atração por mulheres, mas que pode sentir ao menos um pouco de vez em quando. É similar ao conceito de orientações flexíveis, mas é definida de forma mais específica.

Esta orientação também foi cunhada por Beau. Aqui está a sugestão dada.

Path- (é possível traduzir como pat-): Um rótulo para quem não consegue entender sua orientação devido a uma natureza empática.

Além da informação de que o rótulo pode ser usado junto a bi-, a- ou a outros prefixos, não há informação sobre qual a intenção do rótulo. Talvez a pessoa sinta empatia de forma que sinta ter a orientação de outras pessoas, talvez a pessoa não saiba diferenciar a empatia por outras pessoas de atração sexual, romântica, ou outra. Talvez se aplique a ambas as situações.

A cunhagem desta orientação é creditada a caijda no Tumblr, mas a única postagem sobre essa orientação foi postada pelo blog Uncommon Genders.

Gêneros

Descrição da imagem: Um retângulo composto por cinco faixas horizontais de mesmo tamanho. A primeira faixa é turquesa clara. A segunda é amarela clara. A terceira é rosa. A quarta é roxa clara. A quinta é roxa. No centro da terceira faixa, há o símbolo estelariano, uma grande estrela de cinco pontas rodeada de três outras estrelas, uma menor do que a outra. As estrelas são pretas.

Bandeira lunetiana

Jupariane, lunetiane, saturniane e mercuriane: São gêneros não-binários ligados a leves energias celestiais, as quais possuem certas características de gêneros, embora não necessariamente indiquem proximidade destes gêneros. Esta energia pode mudar e variar em intensidade.

A energia celestial de juparianes é masculina, a de lunetianes é feminina, a de saturnianes masculina e feminina, e a de mercurianes é alguma energia que pode ou não ter gênero, mas que de qualquer forma não é masculina, feminina ou de alguma combinação entre as duas.

Estes termos foram criados a partir de outubro de 2017. Evian, juparian no Tumblr, cunhou jupariane, e a partir daí, outros termos foram surgindo.

Gênero-Netuno: Um gênero que de início parece grande e fluido, mas que com o tempo é possível perceber que é relativamente sólido e estável.

Nomeado desta forma porque Netuno é um planeta gasoso com um núcleo sólido.

Este gênero foi cunhado com outros gêneros planetários, lá pelo meio do ano. Confira o resto da lista aqui!

Descrição da imagem: Um retângulo composto por diversas faixas vermelho-rosadas em tons e tamanhos diferentes. A bandeira é simétrica e imita um degradê, de forma que a faixa no centro da bandeira é mais clara e as das pontas são mais escuras.

Bandeira gênero-rubi

Gênero-rubi, gênero-safira e gênero-esmeralda: São gêneros não-binários vagamente fluidos associados esteticamente com suas respectivas pedras. Gênero-rubi é associado com masculinidade, gênero-safira com feminilidade e gênero-esmeralda com neutralidade.

Estes foram cunhados no primeiro semestre. A cunhagem de gênero-rubi e de gênero-safira foi num chat, mas é possível ver a cunhagem de gênero-esmeralda aqui.

Pirogênero: Um gênero associado com fogo. Não apenas com o movimento do fogo, que é o caso de gênero-fogo, mas também com o consumo do fogo, e/ou com a alta temperatura do fogo (que também pode ser relacionada com alguma emoção em relação ao gênero).

Descrição da imagem: Uma bandeira retangular formada por diversos triângulos. O triângulo menor, central na parte inferior, é de uma cor creme. Atrás dele, há um triângulo maior laranja claro. Atrás deste, um triângulo maior laranja avermelhado. Atras deste, podem ser vistas faixas marrons. Atrás delas, é possível ver um fundo preto, ou talvez marrom escuro.

Bandeira pirogênero

Este gênero foi cunhado próximo ao início do ano. A primeira postagem sobre ele está aqui, e alguns outros comentários sobre o gênero estão aqui.

Possigênero: Um gênero para quem não sabe se seu gênero é fluido ou não. Possi vem da palavra possível.

Este gênero foi cunhado anonimamente lá pelo meio do ano.

Feliz 2018, e lembre-se de que sempre há novos termos sendo cunhados para aprender e pesquisar!