Um espaço de aprendizagem

Etiqueta de espaços LGBTQIAPN+

Já temos um guia de estilo e tratamento, mas ele é focado em como falar sobre a comunidade ou pessoas que fazem parte dela. Esta página é focada em pessoas que querem participar de grupos LGBTQIAPN+, sejam grupos de ativismo presenciais ou grupos de chat na internet, ainda que as dicas do outro guia sejam úteis para isso também.

Pessoas novas na comunidade sempre vão existir, e pessoas que possuem amizades LGBTQIAPN+ mas que nunca interagiram com um grupo de pessoas que não conhecem voltado a ser NHINCQ+ / queer / LGBTQIAPN+ ou a algo específico (como ser multi ou não-binárie) também. Esta página pretende ajudar essas pessoas a cometerem menos gafes, ou a não parecerem desrespeitosas.

Antes disso, porém, devo lembrar que todos os grupos vão ser diferentes. Existem comunidades que podem considerar as ações que considero desrespeitosas ou gafes aqui como reações normais e esperadas.

 

Alinhamento político

Por sermos de grupos afetados por sistemas de opressão – como, por exemplo, a ideia de que relacionamentos monogâmicos sexuais e românticos entre um homem e uma mulher devem ser priorizados e são os únicos relacionamentos corretos ou a ideia de que só existem dois gêneros e de que eles são determinados por genes ou pelo sistema reprodutor com o qual cada pessoa nasceu – é comum que pessoas LGBTQIAPN+ sejam “de esquerda”. Ou seja, muites de nós desejam o fim ou ao menos uma grande reforma no capitalismo, além do fim de todas as opressões e explorações de grupos marginalizados.

Isso significa que frequentemente haverão consequências negativas para pessoas que vierem em nossos espaços para defender o capitalismo, ditaduras fascistas ou o direito de explorar ou de discriminar contra grupos marginalizados. Isso inclui pessoas que vivem fazendo piadas sobre como essas coisas são legais, visto que esta é uma tática muito utilizada para deixar grupos marginalizados desconfortáveis enquanto se “testam as águas” pra ver o quanto de discriminação é aceitável no espaço.

Além disso, recomendo avaliar sua necessidade de falar contra estilos de vestimenta, música ou expressão artística associados com grupos marginalizados porque você “inexplicavelmente” não gosta deles (dica: deve ser porque você deve ter sido treinade sua vida inteira pra ver grupos associados a eles como inferiores ou estranhos), ou de expressar sua “tara” por certo grupo marginalizado do qual você não faz parte (como pessoas negras, asiáticas, trans ou com deficiência). Caso você ainda não tenha o hábito de fazer isso, tente consumir conteúdo feito por pessoas marginalizadas que fale sobre estas questões; você provavelmente mudará de ideia sobre suas atitudes serem normais ou benéficas.

 

Conjuntos de linguagem pessoal

Conjuntos de linguagem pessoais são formas de expressar uma espécie de “gênero linguístico” que uma pessoa quer que usem para se referir a ela. Por exemplo, se há uma pessoa que se chama Verde e seu conjunto de linguagem é ê/elu/e, significa que devemos usar o artigo definido ê, o pronome pessoal elu e palavras como blogueire, fotógrafe, alune, pintore e amigue para elu. Também podemos dizer que ê Verde usa ê/elu/e. Mais sobre isso pode ser encontrado aqui, aqui e aqui.

Referir-se a cada indivíduo com o conjunto correto é importante. Parte do cissexismo é dividir a linguagem em um gênero chamado de masculino, outro de feminino e ensinar pessoas a julgar com base em aparência qual desses devem ser aplicados a cada pessoa.

Não é possível advinhar gênero por aparência. Pessoas cisdissidentes existem, as quais podem ser trans binárias, podem ser ipsogênero ou podem ter uma variedade enorme de gêneros diferentes de homem e mulher, assim como várias outras possibilidades. Apenas tentar ler alguém como mulher ou homem a partir de expectativas cissexistas ou exorsexistas não inclui essas possibilidades. Pessoas inconformistas de gênero – pessoas que não seguem as normas para seu gênero – também existem, em todas as modalidades de gênero.

E daí tem a questão de que muita gente que não é feminina ou mulher também usa a/ela/a, assim como muita gente que não é masculina ou homem também usa o/ele/o. E isso nem sempre tem a ver com gênero, já que muita gente só escolhe um conjunto que tem a ver com a expressão de gênero, ou que é associado a um gênero que não é seu gênero designado mesmo que não seja associado com sua identidade de gênero, ou que é visto como mais neutro pela pessoa que usa o conjunto. O mesmo vale para pessoas que usam conjuntos que usam neolinguagem, como i/ila/i, le/élu/e, fy/yl/y, u/ilu/il, ae/elae/ae e afins.

Em espaços LGBTQIAPN+, é comum que pessoas disponibilizem seus conjuntos de linguagem. Ao se referir a alguém e usar palavras que dependem do conjunto de linguagem, sempre confira qual conjunto deve ser usado para a pessoa. Caso a pessoa não tenha disponibilizado nenhum, tente não usar nenhum conjunto específico ou usar alguma forma de linguagem neutra que não seja a/ela/a, @/el@/@, o/ele/o ou misturas entre tais conjuntos (de preferência avisando que você está usando isso porque não sabe que linguagem usar para a pessoa).

 

Duvidas sobre identidades

É bem possível que, ao entrar em espaços LGBTQIAPN+, você encontre pessoas com identidades que você nunca viu, ou que você só viu atitudes contra a existência de tais pessoas.

Tudo bem não conhecer todos os rótulos possíveis. Tudo bem também não conhecer rótulos que são usados com certa frequência, como polissexual ou transmasculine. Ou nunca ter visto nada que defina tais rótulos ao invés de questionar a necessidade ou existência deles.

Porém, é por isso que existem várias listas de identidades que podem ajudar a resolver estas dúvidas, como as nossas de orientações, de termos juvélicos, de identidades não-binárias e de identidades exclusivas a culturas específicas. Temos também uma página sobre modalidades de gênero e uma lista de sistemas opressivos, caso a dúvida seja relacionada a tais questões. E isso é só aqui no Orientando: existem outros lugares que listam mais termos, ou termos diferentes.

Raramente há a necessidade de mandar uma mensagem para um indivíduo, um grupo de chat, uma rede social ou um fórum só para que alguém tenha o trabalho de copiar e colar pra você uma definição que já está disponível em outro lugar.

E nunca há a necessidade de deixar implícito que tal identidade é ridícula ou problemática só por você nunca ter ouvido falar nela (ou só tenha visto piadas/críticas sobre ela). Pessoas pansexuais não transam com árvores e pessoas demirromânticas não se apaixonam somente por pessoas chamadas Demi. Sim, nós (geralmente) já ouvimos essas “piadas” várias vezes.

É comum que qualquer identidade cisdissidente, heterodissidente ou que tem a ver com isso sem ser essas coisas seja cruelmente criticada e ridicularizada sem pensar nas pessoas que se identificam com ela. Assim, por exemplo, pessoas com orientações fluidas, flexíveis e a-espectrais precisam lidar com pessoas que talvez sejam bem intencionadas, mas que já veem suas identidades como um ataque à comunidade por padrão. Só quem se beneficia disso é o sistema di/cis/heterossexista.

Basicamente, antes de perguntar sobre uma identidade, pesquise sobre ela, e se possível leia experiências de quem se identifica com ela. E daí tente buscar canais apropriados para expressar qualquer dúvida que tenha sobrado, mas também pense antes disso qual o motivo de você ter tais dúvidas sobre a validade da identidade, e o quanto você não está reforçando sistemas opressivos ao ter exigências enormes para entender ou aceitar uma identidade.

 

Invalidação de identidades

Antes de sair perguntando se certa identidade não é problemática ou afirmando que tal pessoa deve alterar o nome que a pessoa usa para sua identidade, pergunte-se:

  • Qual o problema com esta identidade? Se for algo como “apagar pessoas de tal grupo”, pense: seria possível que tal pessoa não se sinta à vontade em apenas se dizer daquele grupo por ter uma experiência mais específica? Será que todas as pessoas que usam este termo têm mesmo preconceito (internalizado ou não) contra as pessoas do suposto grupo afetado? Será que a pessoa não usa os dois termos, mas prefere só dizer o específico no espaço em questão?
  • Existem significados positivos (que não perpetuam discriminação) desta identidade? Por exemplo, existem pessoas que se dizem androssexuais por “gostarem de corpos masculinos, como os que possuem barba, ombros largos e pênis”, o que é cissexista por classificar essas características como sinônimos de ser uma pessoa masculina. Porém, existem outras pessoas que se dizem androssexuais por sentirem atração apenas por homens. Seria justo presumir que só pelo rótulo a pessoa usa o significado mais preconceituoso possível para sua identidade?
  • Qual o objetivo de falar para alguém que sua identidade é problemática? É bem provável que a pessoa já tenha recebido ataques por conta dela e ainda tenha decidido ficar com ela. Também é bem provável que as razões da pessoa por usar tal rótulo sejam mais fortes do que argumentos como “você poderia usar tal rótulo ao invés desse”.

Lembre-se de que os rótulos LGBTQIAPN+ de alguém servem para descrever experiências pessoais, e não para forçá-las em outras pessoas com experiências parecidas ou para serem descrições imutáveis de como se sentem. Por exemplo, se uma pessoa diz que é assexual por causa de disforia de gênero, isso não significa que a pessoa está dizendo que outras pessoas são assexuais por causa de disforia, ou que a pessoa está “se reprimindo” por causa de disforia e deveria escolher um rótulo que poderia descrevê-la se não tivesse disforia. A pessoa é capaz de mudar de rótulo sozinha caso não sinta mais que é assexual.

Também não presuma que nenhuma pessoa naquele lugar use o rótulo que você está colocando em dúvida/reclamando sobre, caso a questão seja falar de um rótulo que você não viu ninguém usando mas achou ofensivo.

Caso uma pessoa esteja objetificando um grupo (por exemplo, dizendo que só sente atração ou que tem uma preferência sexual por um grupo marginalizado do qual não faz parte) ou demonstrando a intenção de ser abusiva ou violenta por conta de sua orientação ou identidade de gênero, essa é provavelmente uma questão a ser tratada com a moderação do grupo, e não diretamente com a pessoa, se possível.

 

Questionamentos excessivos ou pessoais demais

Ainda que não seja uma invalidação direta, muitas vezes acabam acontecendo invalidações indiretas quando pessoas:

  • Fazem uma série de perguntas para determinar se a pessoa é mesmo aquela coisa.
    Exemplo: Você é homem trans? Mas você não gostava de usar vestidos? Você quer tirar os seios então? Você sente disforia? Tem certeza que isso não é misoginia internalizada?
  • Fazem perguntas extremamente pessoais “por curiosidade”, como se a pessoa tivesse a obrigação de falar tudo sobre sua vida pessoal para saciar a curiosidade alheia sobre sua identidade.
    Exemplo: Você é lésbica? Mas você já teve namorado homem? Como você transa? Se você gosta de se vestir que nem homem, como sabe que não é homem?
  • Sugerem rótulos alternativos para alguém que não pediu nenhum conselho em relação a isso, como se os atuais não fossem o suficiente.
    Exemplo: Se você é arromântique e já sentiu atração, você não seria grisromântique, oligorromântique ou atomorromântique?
  • Sugerem que a pessoa precise ser curada de/para sua identidade, sendo que esta é uma questão extremamente pessoal que é a própria pessoa que vai resolver junto com pessoas próximas e profissionais adequades, se e quando estiver pronta para isso.
    Exemplo: Mas se você é pan e tem trauma com homens, você não deveria resolver isso ou mudar de rótulo?

A questão é: identidade de gênero tem a ver com sentimentos internos sobre gênero mais do que tem a ver com modificações corporais, expressão de gênero, nomes utilizados ou conjunto de linguagem. Orientação tem a ver com a atração que a pessoa sente, mas também pode ter a ver com relacionamentos desejados ou com comunidades nas quais a pessoa se sente à vontade. Ser intersexo tem a ver com quaisquer características sexuais congênitas ou naturalmente desenvolvidas que diferem dos dois sexos padrão, e tais características não são necessariamente visíveis externamente ou relacionadas com genitália ou infertilidade.

Nem todas as pessoas vão usar um rótulo só para essas coisas sua vida inteira. Nem todas as pessoas vão querer só usar rótulos que “todo mundo conhece”, e nem todas as pessoas vão querer usar os rótulos mais específicos existentes. Além disso, nem todas as pessoas que usam certos rótulos precisam se encaixar completamente nas definições daqui do Orientando ou de qualquer outro lugar; estas são pontos de partida para definir a própria identidade, e não leis que precisam ser seguidas à risca.

Se você tem perguntas sobre como ou por que motivo alguém se identifica de alguma forma, e elas não são baseadas somente na questão de viver em uma sociedade onde pessoas supostamente só devessem se classificar como algo diferente de alo, hétero, cis, binárias, conformistas de gênero, periorientadas e perissexo caso hajam evidências muito óbvias e incontestáveis de que não poderiam se encaixar nesses moldes, há lugares e pessoas específiques para isso. Por exemplo, você pode perguntar em privado para uma amizade próxima se ela poderia responder suas perguntas sobre sua identidade, ou você pode mandar uma pergunta em Ajuda NHINCQ+.

Porém, sair perguntando para pessoas aleatórias como é/por qual motivo pensam ser de certa identidade não é nada apropriado. É até mesmo uma forma de discriminação, porque estas perguntas estão sendo feitas por conta de suas “identidades diferentes”. Quase ninguém fica constantemente questionando pessoas cis ou hétero ou afins sobre como possuem tanta certeza de ser o que são, sobre se não seria melhor usarem outros rótulos ou sobre se não pensam que seus rótulos são problemáticos.

 

Sobre termos “guarda-chuva” inapropriados

Existem casais de homens que não vão se importar que seu relacionamento seja chamado de gay, mesmo que, por exemplo, um dos homens seja panfluxo e o outro seja omni. Também existem pessoas não-binárias que classificam seus sexos como femininos ou masculinos por conta de como foram designadas ao nascer.

Mas existe muita gente que vê estas categorizações como ofensivas, por terem base no monossexismo (atração por um gênero como padrão) e no cissexismo (gênero designado ao nascer como padrão e como forma adequada de denominar corpos), respectivamente. Recomenda-se que denominações baseadas nestas ou em outras discriminações sejam evitadas ou não utilizadas.

Existem vários termos que foram cunhados especificamente como guarda-chuvas, ou que mesmo não sendo podem ser mais apropriados para a situação. Por exemplo, um relacionamento entre dois homens pode ser chamado de aquileano, orientações baseadas em presença de atração por mais de um gênero podem ser chamadas de multi, questões corporais podem ser discutidas em relação às funções ou partes do corpo específicas (“isso é para quem usa binder”, “isso acontece em corpos com predominância de estrogênio”, “tenho uma pergunta para quem menstrua”, “aqui estão informações para quem quer fazer vaginoplastia”).

Ainda assim, há sempre uma quantidade considerável de pessoas que não vai se sentir confortável com termos guarda-chuva que as incluem. Existem pessoas agênero ou gênero-fluido que não querem ser chamadas de trans ou de não-binárias, existem pessoas arromânticas ou assexuais que não gostam de ser chamadas de a-espectrais, existem pessoas bi ou pan que não querem ser chamadas de multi, existem mulheres que sentem atração por mulheres que não querem usar o rótulo sáfica, e por assim vai.

Estas preferências devem ser respeitadas, ao menos em níveis individuais. Quando se fala de grupos, pode ser complicado ou impossível incluir todas as pessoas que deveriam ser inclusas em algum grupo. Por exemplo, ao dizer “este espaço é para pessoas não-binárias e agênero”, isso valida pessoas agênero que não se veem como não-binárias, mas pode deixar pessoas agênero que sempre viram agênero como algo incluso na não-binariedade desconfortáveis, como se isso deixasse implícito que não são não-binárias de verdade. Talvez “este espaço é para pessoas que não são 100% homens ou 100% mulheres, incluindo pessoas que não são nenhum desses dois gêneros” seja mais adequado (e inclui outras pessoas que não se veem como binárias, não-binárias ou agênero), mas também pode não funcionar em alguns contextos.

Existem uns termos guarda-chuva que são menos conhecidos do que outros, e os menos conhecidos podem ser rejeitados por mais gente (especialmente pelas pessoas que se sentem contempladas por rótulos mais comuns). Esta é uma questão complexa onde talvez você tenha que mudar sua linguagem de acordo com cada grupo. Ao mesmo tempo, você pode querer que pessoas passem a usar um termo guarda-chuva mais inclusivo, e tentar convencer pessoas a aceitá-lo. Depende muito de cada situação e de sua posição no grupo.

 

Sim, qualquer pessoa pode ser LGBTQIAPN+

Acho surpreendente o quanto algumas pessoas LGBTQIAPN+ compram a ideia de que ser LGBTQIAPN+ é algo anormal ou especial e portanto exclusivo de determinados grupos. Esta é, novamente, uma ideia di/cis/heterossexista.

Ser autista não impede alguém de ser abro. Ser intersexo não impede alguém de ser trans. Ser trans não impede alguém de ser heterodissidente. Ser fetichista não impede alguém de ser demissexual. Ser profissional do sexo não impede alguém de ser lésbica. Pessoas não precisam ser brancas, magras ou sem deficiência para serem LGBTQIAPN+.

Porém, a questão de qualquer pessoa poder ser LGBTQIAPN+ também significa que haverão pessoas com vários privilégios que são LGBTQIAPN+, assim como pessoas abusivas ou que apoiam sistemas opressivos. Ser LGBTQIAPN+ não impede alguém de ser racista, capacitista, misógine, gordemísique, antissemita, elitista ou afins, assim como também não impede que alguém seja diadista, cissexista, heterossexista ou apoie algo dentro disso (periorientismo, alossexismo, monossexismo, exorsexismo, etc). Somos pessoas como outras quaisquer, e não se deve automaticamente pensar que alguém é “desconstruíde” ou confiável por ser LGBTQIAPN+.

Isso também serve para dizer que ser LGBTQIAPN+ não deve ser uma desculpa para perpetuar opressões contra grupos dentro ou fora da comunidade, e que todes precisam se esforçar para entender seus privilégios e lutar contra todas as formas de opressão, independentemente do quanto já sabemos que fazemos parte de um ou mais grupos marginalizados.

 

Coerção e estereótipos

Pode ser legal conhecer mais pessoas com sua identidade, ou que possuem identidades perto da sua, mas pessoas LGBTQIAPN+ possuem interesses diversos assim como outras quaisquer. Pode ser até difícil achar alguém com os mesmos interesses que você dentro de um grupo focado em ser LGBTQIAPN+, porque são identidades, e não interesses!

Isso significa que não dá pra presumir que as outras pessoas no grupo gostem de astrologia, shows de drag, baladas ou sexo casual, só porque você considera isso “uma parte natural de ser LGBTQIAPN+”. Também não dá pra coagir outras pessoas a terem os mesmos interesses; não se deve falar coisas como “mas isso faz parte da cultura dessa identidade” para pressionar pessoas a terem os mesmos interesses que os seus.

Da mesma forma, não dá pra obrigar alguém a gostar de você, ou a ter um relacionamento com você – seja ele sexual, romântico, queerplatônico, de amizade ou outro – só porque é alguém que tem identidades parecidas. Mesmo que seja a única pessoa com atração compatível que more perto. Não se deve pressionar ninguém a manter um relacionamento indesejado, independentemente de identidades, similaridades ou diferenças.

Isso também vale para conversas. Nem todas as pessoas vão se sentir à vontade expondo suas vidas pessoais por terem a mesma identidade, mesmo que seja para ajudar sua jornada. Assim como nem todas as pessoas vão se interessar em saber dos detalhes íntimos da sua vida pessoal por terem a mesma identidade. Nem todas as pessoas gostam de ficar remoendo comentários que discriminam contra suas identidades por acharem eles engraçados. Nem todas as pessoas têm resistência mental pra ficar vendo notícias sobre política ou discriminação o dia inteiro.

Cada pessoa LGBTQIAPN+ tem seus gostos, interesses, conhecimentos e limites, assim como qualquer outra.

(Aviso de conteúdo: interações impróprias e relacionamentos abusivos por diferenças de idade)

Finalmente, também lembre-se de que nem todas as pessoas no grupo podem estar na mesma faixa etária. Se você for adulte, evite conversar sobre sexo ou compartilhar imagens sexuais em espaços livres para menores de idade. Use avisos de conteúdo para piadas com conotação sexual, ou evite-as. Quando você se interessar em alguém de forma sexual/romântica/queerplatônica/etc., procure saber se é alguém de uma faixa etária similar o suficiente antes de qualquer avanço, e pare se a pessoa for menor de idade e a diferença de idade for maior do que 2 anos (no máximo). Mesmo se suas intenções forem puras, é provável que a outra pessoa sofra por conta disso.

Se você for menor de idade, bloqueie e afaste-se de adultes que tentam começar conversas sexuais ou mostrar pornografia, ou que dizem estar apaixonades por você. Também não pense que você está sendo madure ao ser sexual ou ao entrar em relacionamentos compromissados com adultes: elus é quem estão tirando vantagem de você por ser alguém com menos experiência em viver. Caso isso seja possível, denuncie adultes querendo ser sexuais ou ter relacionamentos compromissados com menores de idade a alguma autoridade confiável.

 


Leituras que podem ser úteis