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Aporagênero

Retângulo composto por cinco faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa, roxa clara, amarela, roxa clara e azul.

Bandeira aporagênero por Lex

Pessoas aporagênero ou ápora são pessoas que possuem um gênero, mas tal gênero não é homem, mulher ou alguma mistura entre estes. Muitas vezes, é um termo usado como guarda-chuva para abranger identidades como maverique e ilyagênero.

Como analogia, se o gênero mulher fosse representado por suco de morango, homem por suco de maracujá e a falta de gênero por um copo vazio, aporagênero pode ser outros sucos, como limão e melancia.

Não há muita discussão sobre se aporagênero também abrange experiências de gênero neutro, próximas aos gêneros binários (como juxera ou proxvir quando tais termos são usados como similares mas separados dos binários) ou xenogêneros que cabem na descrição de aporagênero. É possível interpretar que sim, mas muitas vezes coloca-se aporagênero como um termo separado desses.

Lily, que cunhou o termo aporagênero, diz que mesmo que uma pessoa que não se encaixa 100% na descrição de aporagênero pode se identificar como aporagênero.

O termo foi originalmente cunhado em 9 de junho de 2014 e disseminado pelo blog aporagender no Tumblr, criado por Lily. A definição foi reescrita ao menos uma vez, mas a intenção da cunhagem não parece ter mudado. O blog foi eventualmente tomado por outra pessoa.

Em junho de 2014, uma bandeira aporagênero foi postada por Lex no blog Pride Flags For Us. O simbolismo é o seguinte:

  • A faixa superior, rosa, e a faixa inferior, azul, representam os gêneros binários, e como eles estão longe do centro da bandeira;
  • As faixas violetas, que estão próximas às faixas rosa e azul, representam a mistura entre os gêneros binários;
  • A faixa central, amarela, representa aporagênero: é um gênero, como os outros representados na bandeira, mas é um gênero não-binário longe dos gêneros binários.
Retângulo composto por três faixas horizontais do mesmo tamanho e por uma faixa preta na diagonal cobrindo desde o canto superior esquerdo até o canto inferior direito da bandeira. As faixas horizontais são verde esmeralda, verde limão e amarela.

Bandeira aporagênero por Lune

Outra bandeira foi feita por Lune do Tumblr wedontcareaboutyourbinary, que não gostou muito de como a maior parte do simbolismo da bandeira aporagênero existente é sobre gêneros binários.

Lune usou um tom de verde puxado para azul para simbolizar a validade de identidades aporagênero parecidas com feminilidade, masculinidade, mulher e homem mas que ainda assim são distintas das binárias. Já as outras faixas verde e amarela simbolizam não-binaridade, e foram escolhidas por estarem completamente distantes do eixo rosa-azul. A faixa preta é usada para ressaltar a presença de sensações específicas de gênero, e sua posição simboliza a existência de tais gêneros num plano completamente separado da binaridade.

Em 3 de setembro de 2023, Stormy (your-bigender-big-brother no Tumblr) publicou outra bandeira aporagênero, baseada em cores de uma bandeira aporina (referente à qualidade de gênero relacionada com aporagênero). Stormy falou que fez a bandeira só por diversão. Já em 11 de agosto de 2024, Ryany (ryanyflags no Tumblr) publicou outra bandeira aporagênero baseada em uma bandeira aporina, adicionando uma opção com um símbolo aporagênero.

Retângulo dividido em cinco faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores salmão, laranja clara, amarela, verde clara e turquesa. No centro, há um símbolo preto com contorno amarelo composto por um círculo grande do qual saem pra fora três traços resultando em círculos menores. Os traços com círculos estão dispostos a 120 graus uns dos outros, com um para baixo, outro para o canto superior esquerdo e outro para o canto superior direito.

Bandeira aporagênero por Ryany

Tal símbolo foi publicado em 18 de julho de 2016 por Aquatic-Candle no deviantArt. É denominado um símbolo “aliagênero/aporagênero” de forma que coloca os dois termos como sinônimos, mas sua descrição é mais próxima de aporagênero. O símbolo faz alusão a outros símbolos de gênero e representa a ideia de “outros gêneros” com suas esferas.

Aporagênero – aporagender, na língua inglesa – vem do prefixo apo ou apor, que significa longe em grego. Segundo Lily, a última letra A foi adicionada para facilitar a pronúncia. Há outra identidade que usa este mesmo prefixo como base – apogênero – mas ela tem um significado completamente diferente.


Links adicionais:

Ogli

O que significa ser uma pessoa ogliorientada?

Retângulo formado por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores ametista, verde-menta, amarela clara, branca, cinza e magenta escura.

Bandeira ógli

Uma pessoa com a orientação ógli, ôgli, ogli ou afins usa o termo por sentir atração apenas por poucos gêneros.

Pessoas com a orientação oglissexual são capazes de sentir atração sexual por poucos gêneros, pessoas com a orientação oglirromântica são capazes de sentir atração romântica por alguns gêneros, e assim por diante.

Não há nenhuma especificação acerca de quais são os gêneros pelos quais alguém ógli pode sentir atração. Alguém que só sente atração por mulheres, por femaches e por homens pode se dizer ógli. Alguém que só sente atração por pessoas gênero neutro, caelgênero, aporagênero e egogênero também pode se dizer ógli. Alguém que só sente atração por mulheres, demimulheres, qufas, béstias e juxeras também pode se dizer ógli.

 

Qual a diferença entre ógli e outras orientações múlti?

Ao contrário de orientações como tóren, tríxen, eneba e fin, ógli não especifica por quais gêneros ou categorias de gênero alguém sente atração.

Ao contrário de bi ou pôli (ou múlti), que não explicitam a quantidade de gêneros pelos quais tais pessoas sentem atração, pessoas ógli sentem atração especificamente por poucos gêneros.

Ao contrário de orientações como quad e quint, ógli não especifica um número exato e gêneros pelos quais alguém sente atração, sendo um pouco mais versátil em caso de dúvida ou da pessoa querer uma abertura para descobrir atração por mais alguns gêneros. Também é possível usar ógli como um termo que abrange tais orientações.

Sete faixas verticais do mesmo tamanho, nas cores roxa, cinza clara, verde-água pálida, cinza clara, amarela clara, cinza clara e branca.

Bandeira ógli

É possível pessoas ógli usarem outros termos, como termos juvélicos ou algumas das orientações citadas acima, ou para especificar gêneros pelos quais sentem atração ou porque estão usando ógli para especificar que sentem atração por poucos gêneros. Por exemplo, uma pessoa que sente atração romântica apenas por homens, por homens não-bináries e por andrógines pode se dizer tanto torenromântica quanto oglirromântica, sendo que o primeiro termo especifica atração romântica por homens e por pessoas não-binárias enquanto o segundo termo aponta que a atração romântica não se estende para todas ou mesmo para a maioria das identidades não-binárias. Enquanto isso, uma pessoa pode se considerar bissexual e oglissexual por achar o termo bissexual útil para encontrar comunidades ou simplificar a questão de sua orientação em formulários, mas preferir especificar que só é capaz de sentir atração sexual por poucos gêneros com o uso do termo oglissexual.

É relevante ressaltar que não-binárie não é só uma identidade de gênero específica, e sim um termo que abrange uma infinidade de experiências de gênero. Portanto, pessoas que só querem especificar que não sentem atração por um ou outro gênero podem preferir termos como diônique, freique, penúlti ou outros (inclusive alguns dos citados acima, como pôli e eneba). Entretanto, como homem e mulher são apenas dois gêneros, pessoas que não são capazes de sentir atração por quaisquer identidades não-binárias podem adotar o termo ógli caso queiram.

 

Como é possível alguém sentir atração por alguma identidade não-binária específica?

Caso alguém se abra sobre sua identidade de gênero “não óbvia” e a atração permaneça mesmo depois de absorver a informação, sem se forçar a continuar contextualizando a pessoa como a identidade presumida anteriormente, isso é um sinal de atração por tal identidade de gênero, mesmo que a atração não ocorra ao se deparar com outras pessoas com a mesma identidade de gênero. Enquanto fica a cargo de cada pessoa o quanto esta vai querer expressar tal atração por meio de passar a usar um termo diferente para sua orientação, e qual termo a pessoa vai querer usar para isso, a experiência de atração por um gênero binário e por uma identidade não-binária será inerentemente múlti (de atração por múltiplos gêneros).

Agora, é verdade que muitas pessoas não-binárias não especificam suas identidades além de termos como não-binárie ou gênero-fluido, dificultando a especificação acerca de sentir ou não sentir atração por determinada identidade não-binária. Em tais casos, é possível pensar em atração por quem só usa termos amplos como atração por uma experiência de gênero específica ou evitar o uso de termos que quantificam atração, optando por termos mais gerais como alguns dos citados na seção anterior.

 

Qual a história da orientação ógli?

Retângulo composto por faixas horizontais em uma proporção aproximada de 21:10:21:11:20:11:15, nas cores roxa, cinza clara, verde-água pálida, cinza clara, amarela clara, cinza clara e branca.

Bandeira ógli

O termo ogligênero existe pelo menos desde 2014. Foi com base nele que Dionésio, Eutocansada6789 em colorid.es, cunhou a orientação ógli em 5 de agosto de 2024. Ele também publicou a primeira bandeira ógli presente nesta página junto à publicação.

 

O que significam as faixas das bandeiras ógli?

  • Ametista: comunidade;
  • Verde-menta: aceitação;
  • Amarela clara: autoexpressão;
  • Branca: a totalidade do espectro de gênero, pois cada pessoa ogliorientada pode sentir atração por quaisquer gêneros, ao invés de estarem limitadas a alguma categoria específica;
  • Cinza: a atração por poucos gêneros;
  • Magenta escura: união.

Em 30 de março de 2025, Dionésio publicou em seu Tumblr, givemecoins, bandeiras com designs alternativos, mas cujas cores eram as mesmas e continham os mesmos significados (sendo que a faixa magenta escura não está presente nelas). Uma das bandeiras contém faixas de tamanhos diferentes para representar a ambiguidade da orientação ógli; segundo o Dionésio, a intenção era fazer bandeiras ogliorientadas que combinariam mais com a bandeira ogligênero que ele fez.


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Gênero-régua

O que significa ser gênero-régua?

Em um retângulo magenta, há duas linhas finas próximas ao centro. A de baixo é vermelha, enquanto a de cima é dividida em segmentos azul, turquesa e verde-água. No centro da parte turquesa, há um retângulo azul escuro na horizontal, um pouco mais grosso do que a linha.

Bandeira gênero-régua por Cas

Alguém gênero-régua tem uma identidade composta por duas partes, uma por cima da outra, com intensidade variável. Porém, uma das identidades é fixa, enquanto a outra está constantemente mudando.

Por exemplo, uma pessoa aporagênero-régua é sempre aporagênero, mas também tem outra identidade de gênero que passa por mudanças, como, por exemplo, de homem para mulher para gênero neutro.

 

Qual a diferença entre gênero-régua e outras identidades?

Gênero-régua é um termo mais específico que gênero-fluido, poligênero ou outros termos similares por especificar uma parte da identidade de gênero que não muda e outra que muda.

Quanto à diferença entre gênero-régua, demifluide e horogênero, esta pode variar de acordo com o intuito de quem usa cada um dos termos. Gênero-régua especifica que um gênero está em cima do outro, enquanto horogênero descreve a parte fixa com um núcleo e demifluide não especifica posiçõees, mas podem haver pessoas que não se importam em usar qualquer um dos três termos para expressar suas experiências.

 

De onde veio o termo gênero-régua?

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores branca, azul clara, cinza, roxa, amarela, rosa clara e preta.

Bandeira gênero-régua por Alex

Em 30 de outubro de 2016, Ari, da equipe do Tumblr questioning-resources, publicou um texto explicando [Gender]Slider, identidade que decidiu cunhar para se descrever. O uso de colchetes foi para enfatizar que o termo fosse utilizado com alguma identidade de gênero no lugar de [Gender], com Ari dando o exemplo agenderslider (agênero-régua). Ari também creditou themercyrose e goodpositivitylgbt no Tumblr pela ajuda com o termo.

Em uma mesa redonda do Orientando que ocorreu em abril de 2018, foram discutidas diversas traduções de termos, entre elas, a de [Gender]slider. A palavra slider – a qual tem múltiplos significados na língua inglesa – foi interpretada como um controle deslizante em uma mesa de som ou equipamento similar, que ocasionalmente se denomina como régua em contextos informais.

 

Quem fez as bandeiras gênero-régua?

Ari não publicou nenhuma bandeira gênero-régua, ressaltando que se importou mais com a existência do termo do que com a de uma bandeira, ainda que não tivesse desencorajado ninguém de fazer uma.

Em um retângulo branco, quatro círculos são dispostos um ao lado do outro, nas cores rosa, roxa, preta e azul, de tons iguais aos da bandeira gênero-fluido mais famosa. O círculo roxo é maior do que os outros.

Uma das bandeiras gênero-régua feitas por genderfluidtales

Em 31 de outubro de 2016, Ari mostrou sob outro nome de tela do Tumblr, nonbinarying, uma bandeira gênero-régua publicada por Cas, na época theangrybi no Tumblr. Uma semana depois, no dia 7 de novembro, Ari mostrou uma bandeira alternativa feita por Alex, atualmente sllng-glttr-fr-th-plstr-blog no Tumblr. Alguns dias depois, em 12 de novembro, Ari novamente mostrou mais bandeiras, desta vez quatro de uma vez só, todas creditadas a genderfluidtales no Tumblr. Não foi possível encontrar as publicações originais mostrando cada uma dessas bandeiras, ou se tais publicações sequer existem.

A única bandeira cujos significados foram mencionados foi a de Alex, que usou as faixas preta e branca para indicar uma identidade agênero, as faixas rosa e azul para indicar identidades demigênero, amarela e branca para indicar uma identidade demifluida e a faixa roxa para indicar uma identidade gênero-fluido. A lógica é que todas estas identidades podem estar inclusas na fluidez gênero-régua.


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Gênero-fauno

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores laranja clara, amarela, amarela clara, branca, verde água, azul e roxa.

Bandeira gênero-fauno aprovada por Shepard King

O que significa ser gênero-fauno?

O termo gênero-fauno é definido como uma experiência gênero-fluido que nunca abrange ser mulher/feminine.

As diferenças entre gênero-fauno e outros termos envolvendo identidades não femininas, que não contém o gênero mulher e/ou que são fluidas são simples:

  • Gênero-fauno é uma identidade fluida, e portanto difere de outras que não necessariamente são fluidas (mesmo que sejam ou possam ser descritas com múltiplos aspectos), como homem não-binárie, libramasculine ou anderfauno;
  • Gênero-fauno não especifica por quantas ou quais identidades ou tipos de identidades a pessoa passa, apenas que tais identidades não são femininas ou o gênero mulher, enquanto uma identidade como homem-fluxo especifica um gênero homem que vai mudando de intensidade e uma identidade como scorineutre especifica fluidez entre três gêneros neutros.

Uma pessoa gênero-fauno pode fluir somente entre homem e neutrois, enquanto outra pode fluir entre agênero e uma porção de xenogêneros e aporagêneros não femininos ou relacionados a ser mulher. Existe uma quantidade imensa de identidades de gênero que não são mulher, homem, gênero neutro e agênero, e é fundamental considerar isso ao discutir a identidade gênero-fauno, assim como identidades gênero-fluido e não-binárias num geral.

Símbolo preto composto por um símbolo de infinito quebrado, onde o círculo da esquerda tem um traço horizontal no meio, um asterisco saindo em direção ao canto superior esquerdo e um traço reto sem adornos saindo da parte de baixo do círculo na posição vertical, enquanto o círculo da direita tem um círculo preenchido flutuando em seu centro, uma seta saindo em direção ao canto superior direito e outro traço saindo do círculo em direção ao canto inferior direito o qual tem um dos lados de uma seta em sua ponta.

Símbolo gênero-fauno

Para expressar a presença de uma quantidade imensa/infinita de gêneros não femininos/que não são o gênero mulher dentro da identidade de gênero, é possível utilizar o termo pangênero-fauno.

A definição original do termo gênero-fauno é ambígua em relação a se “nunca abranger ser mulher/feminine” está simplesmente considerando todos os gêneros relacionados a ser mulher inerentemente femininos (ainda que termos como nonera existam) ou se a identidade exclui o gênero binário mulher e identidades de gênero relacionadas com feminilidade de forma que uma pessoa gênero-fauno poderia passar por gêneros como, por exemplo, juxera. De qualquer forma, identidades de gênero são sempre maleáveis em relação a suas definições, de forma que não há problema em interpretar a definição original de diferentes formas.

Além disso, o termo gênero-faunet pode ser usado por pessoas que podem ser fluidas entre qualquer identidade de gênero que não seja mulher binárie, cobrindo assim juxeras, noneras e afins.

 

Como surgiu o termo gênero-fauno? Existem termos alternativos?

Gênero-fauno é, na verdade, uma versão alternativa de um termo chamado gendermars, que tem a mesma definição e que provavelmente foi cunhado em 2014, dada sua presença em uma lista de identidades do Tumblr MOGAI Archive. O termo proposto genderfaun tinha o objetivo de combinar com genderfae, gênero-fae, com fauno se referindo a um ser mitológico que é metade humano e metade bode. A proposta foi feita por Shepard King, shadowofthedude no Tumblr, e publicada no Tumblr Ask Pride Color Schemes em 6 de maio de 2017.

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho. Elas formam uma espécie de degradê entre as cores roxa, preta e azul.

Bandeira gênero-fauno por lepi-choir

Há tanto um outro termo cunhado anos mais tarde também denominado gendermars (um subtipo de gênero-fluido que só passa por gêneros desconectados de feminilidade, androginia e neutralidade) quanto um termo de 2017 chamado marsgender (um gênero familiar mas não idêntico aos gêneros binários), o que faz com que gênero-fauno acabe por ser o termo mais prático para se referir a esta identidade na língua portuguesa.

Em setembro de 2024, Shrub/Shiloh, shrub-mogai no Tumblr, cunhou faunan (faunã) para se referir a uma pessoa gênero-fauno adulta e fauny (fáuni), que se refere a uma pessoa gênero-fauno criança. Ambos os termos foram pensados principalmente para tais casos, mas também são abertos a outras pessoas não-binárias masculinas, segundo Shrub.

Há também genderfawn como equivalente gênero-fauno de genderdoe (gênero-corça, termo alternativo para gênero-fae), embora a origem de tal versão do termo seja desconhecida.

No Gender Census de 2024, uma pesquisa que coleta os termos usados por pessoas não-binárias cada ano, o termo mais popular entre os citados foi genderfaun, com 98 respondentes, enquanto genderfawn foi preenchido por 4 pessoas e ninguém preencheu o termo gendermars.

 

Que bandeiras e símbolos alguém pode usar para representar uma identidade gênero-fauno?

Em 30 de maio de 2017, foram publicadas em Ask Pride Color Schemes algumas possibilidades para a bandeira gênero-fauno, de formas que seguiam o pedido de uma pessoa anônima. As bandeiras foram baseadas na bandeira gênero-fae mais conhecida, mas com cores diferentes. A opção com as três faixas de baixo indo de verde à roxa foi tanto a preferida da pessoa que publicou as opções quanto a preferida de Shepard King, e acabou sendo a mais conhecida.

Retângulo de fundo azul com uma pegada de bode e uma flauta estilizades em seu centro. Os símbolos possuem contornos irregulares roxos entre eles e o fundo, mas as partes que interseccionam dentro do próprio símbolo não possuem contornos entre si. A flauta é verde-água com furos com contornos brancos, e está disposta na horizontal. Atrás dela, duas formas amarelas quase formam um coração, mas representam a parte de baixo de um casco, enquanto partes laranja no centro das partes amarelas e um pouco acima delas representam o resto do casco visto de baixo.

Bandeira gênero-fauno por MJK

Em 11 de julho de 2018, Dominic, nicprice127-blog no Tumblr, publicou uma versão da bandeira gênero-fauno com um símbolo criado para acompanhar tal identidade, além de fazer o mesmo para alguns outros subtipos de gênero-fluido. Anos depois, o Tumblr The MOGAI Dragon publicou versões transparentes de tais símbolos.

Em 2 de agosto de 2020, Ask Pride Color Schemes publicou um envio de lepi-choir no Tumblr que forneceu uma alternativa sem cores pastéis à bandeira gênero-fauno.

Em 16 de junho de 2025, Miyako Jonathan Kenichi, miyako-jonathan-asgore-simp no Tumblr, publicou uma bandeira gênero-fauno baseada em simbologias relacionadas a faunos, para diferenciar melhor a bandeira de outras compostas por faixas.

Também existem muitas outras bandeiras ou variações da bandeira no topo desta página, algumas das quais podem ser vistas nos links abaixo.


Links adicionais:

Dífero

Retângulo dividido em quatro faixas horizontais, nas cores rosa clara, cinza escura, cinza e cinza clara.

Bandeira dífero

Informações básicas sobre a orientação dífero

Uma pessoa dífero ou differo é capaz de sentir atração por múltiplos gêneros (e/ou por pessoas sem gênero), mas de forma que tais identidades de gênero são obrigatoriamente diferentes da própria.

É uma orientação menos específica do que penúlti, onde a atração é obrigatoriamente por todas as identidades além da própria, embora toda pessoa penúlti possa se dizer dífero caso queira. Também cobre atração por mais gêneros do que únu, orientação similar para quem sente atração por apenas uma identidade de gênero diferente da própria.

Uma pessoa não-binária capaz de sentir atração apenas por homens e por mulheres pode se dizer dífero. Uma pessoa sem gênero capaz de sentir atração apenas por pessoas aporagênero, pessoas xenogênero e homens pode se dizer dífero. Ume mulher capaz de sentir atração por quaisquer gêneros além de mulher pode se dizer dífero.

Como acontece com a maioria das outras orientações múlti, o termo dífero não impede ninguém de utilizar outros termos compatíveis com a própria orientação também, como bi, pôli, tóren, tríxen, netúnique, urânique ou eneba.

 

Cunhagem e bandeiras

Quatro faixas horizontais: cinza escura, cinza clara, cinza e rosa clara.

Bandeira dífero

Em 15 de janeiro de 2018, mossy-maze no Tumblr publicou um texto intitulado Differo- attraction, explicando o conceito da orientação. O texto explica que o termo é aberto a interpretações diferentes do que significam “identidades de gênero diferentes” para cada pessoa não-binária, já que muitas identidades de gênero podem ser similares entre si, como certes demimulheres em relação a magimulheres, pessoas aporagênero em relação a maveriques ou mesmo pessoas poligênero atraídas por pessoas que possuem só um ou alguns dos gêneros que possui. Também contém a interpretação de que pessoas binárias dífero obrigatoriamente sentem atração pelo gênero binário que não possuem.

No dia seguinte, mossy-maze publicou uma versão mais curta da publicação, apenas com a definição base do termo, uma das bandeiras e um parágrafo explicando a existência do texto mais longo.

Foi também mossy-maze que fez ambas as bandeiras dífero mostradas nesta página. As faixas cinzentas demonstram o quanto atração não é uma questão “preta e branca” (talvez em referência à orientação dífero não ser hétero só por não incluir atração pela mesma identidade de gênero), e a faixa rosa representa atração.


Links adicionais:

Gênero-fae

Sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores verde, verde clara, amarela clara, branca, rosa, roxa clara e roxa.

Bandeira gênero-fae por superpopcorn101 e Pride-Flags no deviantArt

O que significa ser gênero-fae?

O termo gênero-fae ou gênero-corça foi originalmente cunhado como genderfae, “uma experiência gênero-fluido que nunca abrange se sentir masculine”. Atualmente, é mais comum ver definições do termo que especificam que ele é para pessoas que nunca passam por experiências de gênero masculinas ou de homens, excluindo assim identidades como melle também (afinal, nem todos os gêneros relacionados a ser homem são masculinos, e nem todos os gêneros masculinos são relacionados a ser homem). Como sempre, fica a cargo de cada pessoa decidir qual das definições se aplica melhor a si, sendo que também existe o termo gênero-faer para quem quer descrever somente uma identidade gênero-fluido que nunca passa pelo gênero binário homem.

As diferenças entre gênero-fae e outros termos envolvendo identidades não masculinas e/ou fluidas são simples:

  • Gênero-fae é uma identidade fluida, e portanto difere de outras que não necessariamente são fluidas (mesmo que sejam descritas com múltiplos aspectos), como mulher não-binárie, librafeminine ou anderselkie;
  • Gênero-fae não especifica por quantas ou quais identidades ou tipos de identidades a pessoa passa, apenas que tais identidades não são masculinas (e/ou relacionadas com o gênero homem), enquanto uma identidade como mulher-fluxo especifica um gênero mulher que vai mudando de intensidade e uma identidade como scorineutre especifica fluidez entre três gêneros neutros.

Uma pessoa gênero-fae pode fluir somente entre mulher e neutrois, enquanto outra pode fluir entre agênero e uma porção de xenogêneros e aporagêneros não masculinos. Existe uma quantidade imensa de identidades de gênero que não são mulher, homem, gênero neutro e agênero, e é fundamental considerar isso ao discutir a identidade gênero-fae, assim como identidades gênero-fluido e não-binárias num geral.

Para expressar a presença de uma quantidade imensa/infinita de gêneros não masculinos dentro da identidade de gênero, é possível utilizar o termo pangênero-fae.

Retângulo composto por formas curvas irregulares nas cores magenta, rosa, salmão e creme. No centro da bandeira, há uma estrela de quatro pontas vermelha que é mais alta do que larga.

Bandeira gênero-fae por Jane

O termo faeran, cunhado por shrubmogai no Tumblr em uma publicação de 21 de setembro de 2024, pode ser usado como um substantivo que descreve pessoas gênero-fae adultas. No caso, ao invés de dizer que alguém é gênero-fae (palavra usada como adjetivo), seria possível dizer que a pessoa é ume faeran (termo que acompanha artigo por ser um substantivo), da mesma forma que se usam termos como homem ou mulher.

 

Como surgiu o termo e a simbologia para esta identidade?

A identidade gênero-fae foi originalmente cunhada de forma anônima, provavelmente diretamente como envio ao Tumblr MOGAI Archive, atualmente desativado, em algum ponto até 18 de agosto de 2014.

Em 22 de maio de 2016, Jane de Pride Flags For Us (Tumblr atualmente desativado) publicou uma bandeira de orgulho gênero-fae, que apesar de ter sido possivelmente a primeira, não foi muito popularizada.

Em 9 de janeiro de 2017, a bandeira gênero-fae do topo desta página foi publicada no deviantArt Pride-Flags. A bandeira também foi creditada a superpopcorn101 no deviantArt.

Símbolo preto composto por um símbolo de infinito quebrado, onde o círculo da esquerda tem um traço horizontal no meio, um asterisco saindo em direção ao canto superior esquerdo e um traço reto sem adornos saindo da parte de baixo do círculo na posição vertical, enquanto o círculo da direita tem um círculo preenchido flutuando em seu centro, um traço saindo em direção ao canto superior direito o qual também tem um traço menor saindo de seu centro em direção à parte de cima do círculo direito e outro traço saindo do círculo em direção ao canto inferior direito o qual é atravessado por outro traço menor.

Símbolo gênero-fae, por nicprice127-blog/themogaidragon

Um símbolo gênero-fae foi publicado em 11 de julho de 2018 por nicprice127-blog no Tumblr, junto de símbolos para as identidades gênero-fauno e gênero-flor. Posteriormente, themogaidragon no Tumblr publicou versões com fundos transparentes e qualidades maiores dos símbolos.

 

Por que dizem que o termo gênero-fae é apropriativo? Existem alternativas menos criticadas?

Em 2020, uma publicação feita por en.bees no Instagram sugeriu mudar o nome da identidade para genderdoe (gênero-corça), argumentando que o uso do termo fae, que se refere a fadas e a outros seres relacionados, é desrespeitoso com culturas e práticas religiosas que respeitam tais seres. Esta discussão provavelmente só aconteceu por conta de um contexto maior onde o neopronome fae usado em contextos anglófonos começou a ser criticado pelo mesmo motivo, a qual resultou nos seguintes contra-argumentos:

  1. Fae é uma palavra que vem da língua francesa, a qual não é usada por celtas e não é considerada o nome verdadeiro dos seres em questão;
  2. Fae é um conceito extremamente abrangente e comum em várias mídias, vários nomes e afins, e atacar especificamente pessoas não-binárias com isso quando não há reclamações equivalentes para outros grupos mostra o quanto a discussão tem mais a ver com censurar a expressão de pessoas não-binárias do que com respeito a outras culturas;
  3. Pessoas queer, especialmente em espaços anglófonos, sofrem e sofreram o uso de fada ou palavras similares como xingamento, e merecem o direito de reinvindicar tal palavra, algo que inclusive acontece em certos grupos;
  4. Forçar pessoas a deixar de usar certos termos ou pronomes por crenças pessoais é equivalente a forçar pessoas ateias a não usar a palavra Deus ou a não se identificarem de certas formas porque “Deus não gosta”, obrigando o mundo ao redor a se moldar de acordo com o que uma interpretação de uma crença específica acredita.

Todas as pessoas que se encaixam na definição de gênero-fae estão livres para usar o termo gênero-corça caso prefiram, mas o termo gênero-fae ainda é amplamente utilizado. No Gender Census de 2024, uma pesquisa que coleta os termos usados por pessoas não-binárias cada ano, o termo genderfae foi escrito por 165 pessoas, enquanto genderdoe foi escrito por 16 e genderthil (outra alternativa para gênero-fae) foi escrito por 2.


Links adicionais:

Andergênero

Retângulo composto por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores marrom clara, laranja clara, creme, branca, amarela esverdeada e amarela clara.

Bandeira andergênero por aboredsapphic

Andergênero, anderfae ou anderenebê é um termo que abrange uma série de identidades que são tanto outerinas quanto algum outro aspecto.

Outerinidade é caracterizada por ser uma qualidade de gênero ou conceito similar que engloba tudo o que não é nem feminilidade, nem masculinidade, nem androginia, nem neutralidade, nem xeninidade e nem uma ausência de qualidade (ou nulidade). Outerinidade pode englobar e/ou ser similar a conceitos como aporinidade e autonomia de gênero: é possível caracterizar identidades como aporagênero, maverique, ilyagênero, gênero-Sagitário e egogênero como outerinas, por exemplo, dependendo da experiência pessoal de cada ume com tais termos.

Entretanto, a ideia dos andergêneros é que estes são compostos por outerinidade mas também por outros conceitos. Por exemplo:

  • Anderaurora ou anderangi descreve uma identidade de gênero andrógina e outerina (termos originais: anderdawn, anderangi);
  • Andercorça, anderfem* ou andermulher descreve uma identidade de gênero feminina e outerina (termos originais: anderdoe, andergirl);
  • Anderfauno, andermasc* ou ander-homem descreve uma identidade de gênero masculina e outerina (termos originais: anderboy, anderfaun);
  • Anderflor ou anderouter* descreve uma identidade de gênero com dois aspectos outerinos distintos entre si (termo original: anderflor);
  • Andersans, anderagenine* ou anderagênero* descreve uma identidade de gênero agenina/sem gênero e outerina (termos originais: anderagin, andersans);
  • Andersilfo ou anderxen* descreve uma identidade de gênero outerina e xenina** (termos originais: andersylph, anderxenic, anderxin);
  • Andernova ou anderxenangi* descreve uma identidade de gênero andrógina, xenina** e outerina (termo original: andernova);
  • Andersátiro ou anderxenmasc* descreve uma identidade de gênero masculina, xenina** e outerina (termo original: andersatyr);
  • Anderselkie ou anderxenfem* descreve uma identidade de gênero feminina, xenina** e outerina (termo original: anderselkie).
Seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores amarela escura, laranja clara, amarela clara, branca, roxa e roxa clara.

Bandeira anderangi por aboredsapphic

É possível se ver como andergênero tanto por ser uma pessoa com múltiplos gêneros, cada um refletindo uma das qualidades mencionadas, quanto por ser uma pessoa que tem múltiplas características em um gênero só. Quaisquer pessoas que experienciam tanto outerinidade quanto outra qualidade (ou mesmo múltiplas formas de outerinidade) podem se dizer andergênero, mesmo que também experienciem múltiplas outras qualidades as quais podem nem ser consideradas como parte da experiência andergênero.

As publicações originais de aboredsapphic no Twitter, feitas em 30 de julho de 2021, também descrevem a possibilidade de alguém ter uma identidade próxima das características citadas, inclusive em relação à outerinidade, ao invés de ter que se considerar completamente pertencente a certo grupo para se considerar andergênero ou de algum dos subtipos citados. As cunhagens também vieram com uma série de bandeiras, embora outres também tenham feito alternativas para bandeiras de vários dos termos.

No mesmo dia, Meris, JFladerflower no Twitter, sugeriu a cunhagem de andersatyr (andersátiro) com base na identidade existente gênero-sátiro (a qual descreve pessoas gênero-fluido que passam ao menos por identidades xenogênero, mas nunca por identidades femininas ou ligadas ao gênero mulher).

Em 22 de novembro de 2021, Delta, na época soong-type-delta no Tumblr, enviou uma publicação cunhando andernova e apresentando uma bandeira para tal identidade.

Retângulo composto por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores marrom, laranja escura, laranja clara, amarela clara, turquesa clara e roxa. No meio da imagem, há um símbolo de gênero preto que mescla o símbolo de Marte (homem) com um traço saindo do círculo para baixo que termina em um círculo menor.

Bandeira anderfauno por Rocky Trondle

Em 14 de janeiro de 2025, Rocky Trondle, rockytrondle em bsky.social, publicou bandeiras anderfauno, dizendo que elas misturam as cores de bandeiras gênero-fauno e andersátiro. O símbolo de gênero que está em uma das bandeiras é uma combinação entre um símbolo do gênero homem e um símbolo outerino.

O prefixo ander significa outre na língua neerlandesa.


* Adaptações pensadas não como traduções diretas, e sim como termos intuitivos para o entendimento do que significa cada identidade. Eles obviamente são opcionais, mas estão sendo fornecidos para quem prefere termos mais diretos ou para quem não gostou das metáforas originais.

** Dependendo da descrição, o termo xênique é usado nas referências originais ao invés de xenine. Porém, xênique descreve um alinhamento de gênero com um ou mais xenogêneros, enquanto xenine faz mais sentido dentro do contexto das outras descrições serem das identidades serem femininas, masculinas, andróginas e outerinas, ao invés de terem alinhamentos com os gêneros mulher, homem, andrógine e aporagênero, respectivamente. Por isso, nesta página, os termos desta lista estão sendo descritos somente como xeninos.


Links adicionais:

Alguns termos cunhados em 2024  3

Bandeiras intercultu, hexódica, normalxeana, ante, ogli, de atração nebulosa e transqueseja.

Boas vindas à postagem anual destacando termos cunhados durante o último ano que passou! Para quem tem interesse em ler as anteriores, a tag retrospectiva contém publicações destacando termos de 2017 e de todos os anos que já passaram a partir de 2020.

Antes de falar sobre termos, porém, quero aproveitar e destacar algumas outras publicações com temática LGBTQIAPN+ de 2024:

 

Leituras e afins

 

  1. De janeiro, sobre objectum e cultura cringe: Objetos escondidos, em Xenofiction;
  2. De fevereiro, sobre mulheres e homens que não se dizem bináries: Um texto sobre e para mulheres e homens fora do binário de gênero, em Blogue Alternative;
  3. De março, sobre amatonormatividade também afetar homens cis arromânticos e heterossexuais: Thinking about the whole “cishet aromantic men” thing (…), no Tumblr aromantic-diaries. Aviso de conteúdo para aromisia;
  4. De abril, sobre sexonorma e alonorma: 6 de abril | Dia Internacional da Assexualidade, uma postagem no Instagram do Coletivo AbrAce. Aviso de conteúdo para alossexismo, sexonormatividade e patologização;
  5. De maio, sobre a intersecção de gênero com identificações não-humanas/alterumanas: My Gender is [NOT] Human Zine, um PDF compilando trabalhos de váries;
  6. De junho, sobre vantagens biológicas reais ou supostas: Atletas trans têm vantagem? Originalmente no Tumblr Múltiplas Identidades. Atualmente aqui. Aviso de conteúdo por ser uma discussão relacionada a cissexismo e diadismo.
  7. De julho, invertendo a lógica da história de inspiração: as pessoas acham que ser trans é ter coragem, do Instagram da Pérola Pessoa. Aviso de conteúdo para cissexismo;
  8. De agosto, sobre não ter gênero e a possibilidade de ainda assim ser cis vindo de uma pessoa não-binária sem gênero: (My reaction to) ‘Cis by Default’, ‘Cis-genderless’, and ‘Gender Detachment’: Three Terms You’ll Hopefully Be Hearing More Of, em . Aviso de conteúdo para cissexismo (majoritariamente como questão de ignorância);
  9. De setembro, sobre a defesa da pluralidade da neolinguagem: Parecer sobre linguagem, da ABRANB;
  10. De outubro, sobre a explosão de ódio contra boycetas e suas consequências: O impacto da [transmisia] na minha vida depois de viralizar, corte de um episódio do Bluecast no canal do Jupi77er. Aviso de conteúdo para uso de fobia para descrever discriminação, cissexismo, gordemisia, suicídio, discurso de ódio e perseguição com teor intolerante;
  11. De novembro, sobre a invisibilidade de sáfiques feminines e de pessoas bi: A confusão de ser bissexual, coluna de opinião de Sara Correia publicada em Dezanove. Aviso de conteúdo para multimisia, femimisia, linguagem mascunormativa e uso de fobia pra descrever discriminação;
  12. De dezembro, respondendo perguntas comuns sobre acemisia: Asexual Theory 101, no Tumblr leikeliscomet. Aviso de conteúdo para alossexismo e intersecção com outras opressões, além da presença do sufixo fobia para indicar discriminação. Também aproveito para recomendar esta postagem, que é sobre negatividade contra pessoas assexuais que não querem ter relações sexuais; os mesmos avisos de conteúdo se aplicam, com ênfase em alossexismo e racismo.

Quis destacar alguns destes trabalhos porque é importante falar sobre questões LGBTQIAPN+ de formas que vão além da cunhagem de termos. Nestes tempos, presenciei algumas pessoas se desculpando por não estarem cunhando tantos termos quanto antes, ou desafios puramente em torno de cunhar termos e/ou fazer bandeiras, enquanto pessoas fora de tal nicho repetem que quem usa termos incomuns ou mesmo neolinguagem nos próprios conjuntos são só pessoas jovens explorando suas possibilidades antes de se satisfazerem com “identidades normais”.

Enquanto identidades não precisam ser justificadas para ninguém e não há problema em cunhar alguma identidade nova quando não há nada que se encaixe bem, há uma lacuna muito grande quando se trata de explorar termos já existentes mas que não são necessariamente comuns. Quantos textos existem da perspectiva de pessoas abro, enquanto sites de notícias especulam sobre o termo para buscar cliques de pessoas que nunca viram o termo? Quantos vídeos ou podcasts existem por aí de pessoas apogênero, gênero-vácuo e/ou casgênero falando sobre experiências em comum e sobre suas diferenças como pessoas em diferentes partes do espectro agênero? Quantas pessoas que querem ser tratadas com o uso de neolinguagem estão se esforçando em apresentar o conceito de forma inclusiva de vários conjuntos, e não só como “linguagem neutra com u/e”?

Quero encorajar todes a se expressar para além de termos e bandeiras. Falem sobre suas experiências, apontem quando frases comuns discriminam contra suas identidades, tenham mente aberta para usar mais termos mas também para deixar outros termos para trás. Façam textos, vídeos, músicas, podcasts, sites, apresentações de slides. Entrem em (ou criem) comunidades com identidades em comum, achem pessoas para produzir colaborações. Não deixe só para outras pessoas falarem sobre o que a sua identidade significa de perspectivas externas.


Termos

 

Atração nebulosa

Retângulo dividido em sete faixas horizontais do mesmo tamanho, exceto que a faixa do meio vai se abrindo em um círculo no meio da bandeira que alcança até a segunda e a penúltima faixas. As cores das faixas são roxa escura, roxa, ameixa, azul esverdeada clara, púrpura, roxa azulada e preta azulada.

Bandeira de atração nebulosa

Termos como nébula, plátoni, cáli, ari e outros que descrevem ou podem descrever uma dificuldade de distinção entre atrações já existem há anos, mas o conceito de atração nebulosa surge como uma forma de resolver a lacuna léxica pelo outro lado. Assim, ao invés de explicar quais as formas de atração que são difíceis de distinguir com uma combinação de prefixo e sufixo, pessoas dizendo que possuem orientações nebulosas conseguem comunicar que não conseguem ou querem distinguir entre todos ou alguns tipos de atração ao mesmo tempo que conseguem destacar algum prefixo diferente. Por exemplo:

  • Alguém enebanebulose sente atração por pessoas não-binárias, mas pode não saber distinguir se tal atração é sexual, romântica, alternativa ou afins;
  • Alguém assexual e polinebulose está descrevendo que, enquanto consegue se definir como assexual, é capaz de sentir atração por múltiplos gêneros de outras formas, as quais não consegue distinguir entre si;
  • Alguém panqueerplatônique e enigmanebulose pode não entender o quanto/se sente atrações além da queerplatônica, e perceber elas como difíceis demais de entender para categorizar entre sexual, romântica, estética ou afins.

É possível que a data original da cunhagem do termo tenha sido perdida. O compartilhamento do Tumblr orientation-archive é datado de 14 de março, mas a conta original, pething, foi desativada pouco mais de um mês depois do compartilhamento.


G7G

Retângulo dividido em sete faixas, sendo que quanto mais as faixas estão perto da faixa central, menos tamanho elas têm. Suas cores são laranja clara, vermelha alaranjada, marrom avermelhada, cinza escura avermelhada, marrom amarelada, laranja e amarela escura.

Bandeira NB7NB

Na página do Orientando sobre termos juvélicos, é possível perceber que traduzi gender loving gender (“gênero amando gênero”) como “gênero atraído por gênero” (ou GAG). Isso porque já havia percebido um problema em potencial em caracterizar todos os tipos de atração como “amor”. Pois bem, em 26 de junho, Scones, obnebulant-mogai no Tumblr cunhou G7G, um conceito aberto a todes mas focado em pessoas arromânticas loveless (resumidamente, que não estão confortáveis em chamar qualquer atração que sentem de amor). O número 7 está sendo utilizado por parecer uma letra L virada.

Scones também publicou algumas bandeiras G7G junto à cunhagem do termo: para homens com atração por homens, mulheres com atração por mulheres e pessoas não-binárias com atração por pessoas não-binárias.

(Uma versão da publicação com a cunhagem arquivada pode ser encontrada aqui.)


Ante-

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores roxa escura, índigo, azul, branca, salmão, rosa avermelhada e magenta.

Bandeira ante

Em 17 de julho, Shrub, shrubmogai no Tumblr, cunhou a orientação ante, para pessoas que são queer de certa forma e que por isso não se sentem confortáveis aplicando o termo hétero a si mesmas, mesmo que a descrição de tal termo seja aplicável para descrever sua atração.

Este termo é especialmente relevante em ambientes onde se coloca hétero como oposição a LGBTQIAPN+, alienando pessoas trans, intersexo, a-espectrais, variorientadas ou afins que se encaixam no termo hétero em pelo menos um de seus tipos de orientação. Tal alienação pode partir de afirmações e chacotas de dentro da comunidade, mas é especialmente relevante quando se trata da própria sociedade heterossexista excluindo pessoas da heterossexualidade por conta de suas identidades LGBTQIAPN+.

Obviamente, o uso do termo ante é opcional, sendo mais para o conforto de pessoas que não se sentem mais confortáveis em se dizer hétero por qualquer motivo do que uma categorização obrigatória.


Ogli-

Retângulo formado por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores lilás, verde-água, amarela clara, branca, cinza e roxa.

Bandeira ogli

O termo ogligênero já existe há anos, mas, com base em tal conceito, Dionésio, Eutocansada6789 em colorid.es, cunhou em 5 de agosto a orientação ogli. Esta se refere à presença de atração por múltiplos gêneros, com quantidade não especificada além de pouca. Assim, o termo é uma alternativa a usar bi ou pôli para quem sente atração por poucos gêneros, sem também ter a obrigação de limitar um número de gêneros, como é o caso de orientações como tri (ao menos em uma de suas definições).

Pessoas que sentem atração somente por mulheres e por homens, pessoas a-espectrais que sentiram atração poucas vezes na vida por pessoas de alguns gêneros diferentes mas que não se sentem confortáveis se definindo como pan ou outro termo denotando atração por todos os gêneros e pessoas que já sentiram atração por pessoas com algumas identidades de gênero parecidas mas nunca por pessoas com identidades de gênero completamente diferentes disso são alguns exemplos de motivos para adotar o termo ogli. E nada disso exclui tais pessoas de também se dizerem múlti, bi ou pôli se preferirem, ou de não se descreverem com tais termos caso não se sintam confortáveis com isso, assim como acontece com outros casos onde é possível escolher entre vários termos para descrever certa experiência.


Hexódique

Retângulo transparente com um símbolo no meio que imita uma flor e/ou uma paleta de tintas estilizadas. Na ordem horária, começando da paleta de cima, as cores de cada "pétala" são laranja, amarela, verde, azul, roxa e vermelha. As partes vermelha e verde são maiores que as restantes, mas, fora isso, o símbolo é simétrico. No centro dessas formas, há um círculo branco.

Bandeira hexódica

Este termo não é especificamente uma identidade não-binária, e também não descreve necessariamente uma orientação ou uma experiência altersexo. Assim como vesil, porém, é um termo cunhado em um contexto LGBTQIAPN+ que pode ser usado para descrever uma identidade dissidente em tal contexto.

Enfim, hexódique descreve qualquer tipo de identidade relacionada a um código hex RGB específico.

Códigos hex são um conjunto de valores hexadecimais (base 16, assim como códigos binários possuem base 2 e a maioria dos números usados no dia-a-dia vão estar em base 10). No caso relevante à identidade hexódica, os códigos representam quantidades de luz vermelha, verde e azul (RGB é a abreviação na língua inglesa) para formar cores em monitores ou outros dispositivos eletrônicos. Cada valor vai de 00 até FF, sendo que a letras A-F representam números que, na base 10, vão do 10 ao 15 (depois de 00 até 08, os números seguintes são 09, 0A, 0B, 0C, 0D, 0E, 0F, 10, 11 e 12; os números que seguem 9E são 9F, A0, A1, A2 e assim por diante).

Assim, a cor vermelha mais forte é representada em código por #FF0000: os dois primeiros algarismos representam a luz vermelha, enquanto as luzes verde e azul estão apagadas. Enquanto isso, o tom de ciano mais forte é #00FFFF, pelos dois últimos conjuntos de cores estarem em seus valores máximos enquanto a luz vermelha está completamente desligada. #FFFFFF resulta na cor branca, #000000 resulta na cor preta e outros valores de cores iguais resultam em tons de cinza: #F8F8F8 é quase uma cor branca, mas é cinza, enquanto #333333 é um tom de cinza bem escuro. A cor atual dos links do Orientando é #B000BA, que representa uma cor roxa com nada de verde e cores vermelha e azul fortes, ainda que a azul seja um pouco mais forte.

Retângulo cujo fundo é a cor rosa de tom F1 45 81. No centro, há uma roda de cores imitando uma flor ou uma paleta, assim como na bandeira anterior, mas todas as formas são tons diferentes da cor rosa parecidos com a cor do fundo.

Bandeira hexódica . Fonte.

Identidades hexódicas podem ser vagas, isto é, só descrever que um código específico é relacionado à identidade de alguém, mas também podem ser usadas de formas mais específicas. Uma pessoa hexódica #AABBCCgênero pode se descrever como hexódica num geral ou como hexódica , e também pode dizer que é gênero-cor e xenogênero pela sua identidade de gênero ser relacionada com uma cor. Uma pessoa pode ser hexódica de forma que tem a ver com ser fictionkin, caso veja a cor específica de uma espécie/ume personagem como relevante à sua identidade. Portanto, o termo em questão é tanto mais abrangente quanto mais específico do que gênero-cor, já que tal termo só cobre identidades de gênero mas não se limita a um código específico.

Ender, enderluna no Tumblr, publicou a primeira postagem sobre hexodic no dia 10 de setembro. A conta hexodic no Tumblr se propõe a ser um arquivo de bandeiras hexódicas e de termos relacionados.


Teratical

Assim como hexódique, este termo surge em um contexto queer, mas não representa exclusivamente uma identidade queer.

Retângulo cinza escuro com cinco faixas coloridas finas indo do canto superior esquerdo ao canto inferior direito. Da esquerda para a direita, as cores das faixas são azul, verde, amarela, rosa e roxa.

Bandeira teratical

Segundo a postagem no Tumblr intervex publicada em 4 de outubro, qualquer pessoa pode adotar o termo teratical caso seu corpo seja estigmatizado de forma que a sociedade enquadre como “monstruoso”. É um termo que reinvindica o conceito de teratologia de forma que constrói solidariedade entre pessoas intersexo, gordas, com deficiência, cujos corpos foram permanentemente afetados por danos e afins.

O termo não se limita a pessoas que nasceram de forma diferente ou a pessoas com deficiências visíveis. Seu intuito é incluir além do que o campo da teratologia tende a incluir. A publicação explicando teratical também oferece os seguintes subtermos:

  • Interteratical: teratical de forma ligada a ser intersexo, como preencher o estereótipo de “mulher barbada” por ser intersexo;
  • Neuroteratical: teratical de forma neurológica, como casos onde pessoas tremem, ficam paralisadas, passam por crises epilépticas ou são afetadas por dispráxia ou autismo;
  • Musculoskeleteratical (tradução sugerida: musculoesqueleteratical): teratical de forma musculoesqueletal (como em cifoescoliose ou braquidactilia);
  • Syndesmoteratical (tradução sugerida: sindesmoteratical): teratical de forma conectada ao funcionamento do tecido conjuntivo, como nas síndromes de Ehlers-Danlos ou de Marfan;
  • Dermoteratical: teratical de forma dermatológica, como em vitiligo ou albinismo;
  • Fat-teratical (tradução sugerida: gorteratical): teratical de forma ligada a ser gorde;
  • Mad-teratical / psychoteratical (traduções sugeridas: louteratical / psicoteratical): teratical de forma louca/mental (o conceito de loucura está sendo utilizado aqui no sentido de orgulho louco);
  • Enviroteratical: teratical de forma ligada ao ambiente (como em caso de exposição ao chumbo);
  • Genoteratical: teratical de forma genética (como no caso de Down ou de hiperplasia adrenal congênita);
  • Cryptoteratical (tradução sugerida: criptoteratical): teratical de forma desconhecida ou incerta (scifimagpie é creditada com o termo);
  • Racioteratical: teratical de forma amplificada por racialização.

Notra-

Faixas horizontais do mesmo tamanho nas cores magenta clara, rosa avermelhada, amarela, ciano, turquesa e verde água.

Bandeira notrassexual (a única fornecida)

Esta orientação cunhada por Mylo (thegendercollecteroffical no Tumblr) no dia 27 de novembro denota atração por quem não é tradicional/normative, em relação a gênero, expressões de gênero ou afins.

A orientação diverse (que denota atração por identidades e expressões que diferem de normas sociais) já existe faz anos, mas, por ter um nome baseado em uma palavra já existente mesmo na língua inglesa padrão, é mais difícil pesquisar por ela, e talvez seu nome seja um empecilho de uma forma ou de outra. É uma palavra que não pode ser usada por si só que também não tem um significado diretamente relacionado com a definição da palavra em outros contextos.

Mesmo assim, há demanda para termos específicos a atração por pessoas inconformistas de gênero, ainda que isso seja muitas vezes um desejo de pessoas que também não desejariam usar um termo pouco comum para sua orientação. De qualquer forma, é sempre possível usar notra ou diverse junto com outros termos, como notragay, diversebi ou polissexual notrassexual.


Averagxan / Xormaleane / Normalxeane

Um gênero que é normal. Não se preocupe com isso

Retângulo dividido em cinco faixas horizontais, mas de forma que cada uma das faixas também é dividida em cinco subfaixas. As faixas maiores são verde escura, verde, dourada, marrom clara e marrom avermelhada. Cada uma destas faixas tem cinco faixas parecidas que vão de tons um pouco mais claros até tons um pouco mais escuros, formando degradês relativamente difíceis de enxergar.

Bandeira xormaleana

A citação acima é uma tradução direta da definição publicada por Lilac, ashenwilting no Tumblr, em 11 de dezembro. Em um comentário, Lilac especifica que a descrição é sarcástica: uma pessoa com este gênero na verdade não vê seu gênero como normal, e está falando para que outres não se preocupem de forma propositalmente suspeita.

Isso significa que esta identidade está bastante aberta à interpretação: seria alguém xormaleane alguém que se sente bastante aflite em relação a este gênero? Alguém que tem um gênero complexo demais para querer explicá-lo? Ou alguém que prefere mascarar um gênero que é pessoal demais para revelar com um termo que encobre sua natureza?

De qualquer maneira, é possível também especificar mais o termo, usando variações como xormalenebê (averagenby; “um gênero para quem é só uma pessoa não-binária normal, não se preocupe com isso”), xormalgate (averagcat; “um gênero para quem é só ume gate normal, não se preocupe com isso”) ou afins.

Não houve muito retorno ou consenso para uma tradução do termo original, averagxan. Mais possibilidades de tradução podem ser encontradas aqui.


Transwhatever / Transqueseja

Retângulo dividido em sete faixas horizontais do mesmo tamanho, mas a maioria destas faixas também são divididas na horizontal em cores diferentes. A primeira faixa é rosa avermelhada, magenta clara e lilás. A segunda faixa é verde clara e amarela clara. A terceira faixa é rosa bebê e azul bebê. A faixa central é branca. A quinta faixa é azul bebê e rosa bebê. A sexta faixa é laranja clara e roxa clara. A sétima faixa é esmeralda, ciano e amarela.

Bandeira transqueseja

Este termo cunhado em 21 de dezembro pelo sistema Choir, ridibulous no Tumblr, descreve apatia e descontentamento em relação a termos como transandrógine, transfeminine, transmasculine, transneutre, transouterine ou outros similares (isto é, termos que tendem a descrever uma transição em direção a certo ponto com o prefixo trans ou um alinhamento com certa qualidade de gênero).

É relativamente comum que pessoas não-binárias sejam perguntadas se são transfemininas ou transmasculinas, de forma que não tende a acontecer em relação a outras especificidades não-binárias (por exemplo, se são aporagênero ou gênero-fluido). Isto pode gerar uma reação negativa a ponto de alguém querer um termo apenas para rejeitar tais termos, de forma que acontece também com o próprio termo “não-binárie” (que só rejeita a possibilidade de ser 100% homem ou de ser 100% mulher sem especificar a identidade de gênero).

Existem também cobranças cissexistas em relação a apenas validar a identidade de alguém se houver alguma forma de transição envolvida. Enquanto ninguém uma transição desejada não deve ser considerada desnecessária ou frívola, pessoas cisdissidentes também não devem ser pressionadas a preencher um ideal cissexista do que alguém precisa fazer/ser para ter certa identidade de gênero, e rejeitar o uso de termos com conotação de transicionar em certa direção pode fazer parte disso.


Intercultu

Fundo composto por nove faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores amarela queimada, amarela, amarela pálida, marrom clara, marrom, marrom clara, amarela pálida, amarela e amarela queimada. No centro da bandeira, há um contorno de um círculo roxo. Todas as cores da bandeira possuem saturação relativamente baixa.

Bandeira intercultu

Este termo foi cunhado antes do dia 16 de abril de 2024, porque foi nesta data que a conta akeneki no Tumblr, que publicou a cunhagem do termo, foi desativada. Esta republicação de interarchive é do dia 25 de dezembro. Portanto, é possível que o termo não seja de 2024, mas ele é interessante e relevante o suficiente para ser escolhido para esta lista.

Intercultu descreve uma pessoa intersexo que se vê dentro de uma identidade de gênero presente somente em sua própria cultura, mas de forma também particular a pessoas intersexo. A questão de ser intersexo pode ou não alterar a forma tradicional do gênero culturalmente específico em questão.

Historicamente, existem registros de pessoas que vemos como intersexo sendo categorizadas como gêneros separados ou variações de mulher ou homem, como napumsakapandala ou hijra. Nem todas as identidades específicas a determinadas culturas surgiram como formas de incluir pessoas intersexo, mas é possível que pessoas intercultu usem termos que podem ser definidos por suas variações intersexo.


Observações finais

Tive bastante dificuldade em reunir esta lista, já que busco destacar termos mais versáteis e com conceitos mais originais. Um padrão que percebi neste ano é de muitas cunhagens de identidades de gênero relacionadas a mídias específicas. Eu não sou contra pessoas se descreverem de tais formas, mas, para propósitos de exemplificar a diversidade existente em listas, tais termos acabam sendo relativamente repetitivos, se encaixando majoritariamente em:

  1. Termos que descrevem identidades descritas por/relacionadas a certa mídia ou aspecto de certa mídia (como música, personagem ou espécie fictícia), como freakfortrenestes termos relacionados à trilha sonora da parte 5 de JoJorainflowercharicthedesolationgender ou handlermuseical;
  2. Termos que adicionam aspectos em cima do item anterior, como hostshadowclanbonnietismestes termos relacionados com a Triforcelindaric ou estes termos relacionados com The Magnus Archives;
  3. Termos que descrevem uma forma de algum termo que já existe, mas que é relacionada a tal mídia, como estes termos relacionados com Horrid Henrywybieazurboy ou battermascglessic.

Assim, acabo considerando mais útil focar em termos mais gerais (como xenogênero ou gênero-alterumano) quando se trata de destacar esses tipos de identidades.

Eu compilei a lista entre o final do ano passado e as primeiras semanas deste ano; a demora em publicar isto vem de outros fatores. Dito isso, é possível que eu reduza a lista de 2025 e coloque um holofote maior em criações que vão além da cunhagem de termos.

Além disso, eu recomendo manter backups locais de quaisquer publicações queer. Váries governos e empresas estão avançando contra direitos de grupos marginalizados, especialmente de pessoas cisdissidentes, o que significa que espaços corporativos como o Tumblr e o Instagram estão em risco de acatar a censuras impostas por grupos dominantes. Sites de arquivamento como archive.today, web.archive.org e ghostarchive.org são úteis para manter backups online, mas é importante ter em mente que mesmo tais sites podem vir a desaparecer. Tumblr-utils permite fazer backups locais de Tumblrs inteiros e a função de RSS do Thunderbird grava postagens recebidas no próprio computador, e estes são exemplos de métodos pelos quais mídias podem ser preservadas para além da possibilidade de uma conta ser apagada. Além do mais, wikis e contas pessoais podem ser utilizadas para recompartilhar informações.

Feliz 2025, e que continuemos fortes.

Uma retrospectiva de 2014  0

O número 2014, em branco, formado pela silhueta de dezenas de bandeiras de orgulho em diferentes ângulos e tamanhos.

Aqui no Orientando, as páginas para cada identidade são, em geral, separadas: cada uma vai relatar a história de uma única identidade, e poucas mencionam detalhes sobre o contexto onde cada identidade surgiu para além de alguém específique apresentando um termo e definindo-o com suas palavras.

Porém, identidades LGBTQIAPN+ não surgem espontaneamente: cada uma é construída com base em concepções já existentes. Um termo como neuorientade, por exemplo, não pode existir sem o conceito de inexistência de gênero, que como parte de uma identidade precisa ser uma oposição a existência de gêneros, mesmo em uma sociedade onde só se conhecem os gêneros homem e mulher.

Estes são exemplos mais óbvios. Nesta postagem, porém, eu não tenho como dizer com certeza o quanto dos desenvolvimentos elaborados aqui são espontâneos ou partem de contextos diferentes, e o quanto se devem a interações entre as mesmas comunidades. Eu conheço parte da história por ter participado de grupos com pessoas que fizeram parte delas, ou por ler blogs onde partes dessas histórias ocorreram, mas não consigo conectar todas as pessoas que cunharam termos importantes em 2014 entre si de forma concreta. Mesmo assim, houveram e haverão pessoas colocando todas essas figuras relevantes de 2014 como parte de um mesmo movimento. Esta postagem é sobre isso.

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