Página nova: Cáli 0
Pessoas cáli são incapazes de separar atração estética de algum outro tipo de atração. (AC: referências a racismo) Leia a página aqui.
Pessoas cáli são incapazes de separar atração estética de algum outro tipo de atração. (AC: referências a racismo) Leia a página aqui.
A página cobre ambas as identidades vacagênero e ingênero. Clique aqui para ler.
Acabei esquecendo de publicar o destaque falando desta página, mas ela já está aí faz alguns dias. A página neoflexões pode ser encontrada aqui!
Para aproveitar a semana ace, aqui está uma página falando da orientação ápex!
Agora temos no próprio Orientando uma página ensinando sobre o modelo APF, a qual pode ser acessada clicando aqui!
Para quem não sabia, Orientando.org foi escolhido como um dos coletivos chamados para compor a Feira Cultural da Diversidade LGBT+, no Memorial da América Latina em São Paulo. Por termos entrado como coletivo, não pudemos comercializar qualquer produto: tudo o que oferecemos foram informações, panfletos informativos e adesivos de conjuntos de linguagem.
Infelizmente, nossa posição estava entre as mais desprivilegiadas. Colocaram um palco à nossa frente, o qual teve música altíssima pela maior parte do evento; também estávamos próximes à entrada restrita a idoses e pessoas com deficiência, mas estávamos nas últimas tendas do ponto de vista da entrada pela qual a grande maioria iria chegar.
É muito difícil dizer quantas pessoas que pegaram nossos panfletos foram atrás de mais informações no site. Não houveram novos registros no nosso fórum desde antes da feira, e houve um pico de atividade no site que começou na segunda (dia 27), enquanto o dia após a feira (sexta, dia 31) foi onde houveram menos visitas nos últimos dias. Além disso, como estamos no mês do orgulho, também é comum que pessoas achem o Orientando enquanto estão tentando pesquisar assuntos do site por conta própria, como o que significa a sigla LGBTQIAPN+ (nossa página mais acessada desde que a sigla popularizou) ou quais identidades não-binárias existem.
Enfim, conseguimos entregar:
Também haviam opções envolvendo conjuntos rotativos, conjuntos quaisquer desde que estejam dentro da neolinguagem, o uso de nenhume artigo/pronome/flexão (-/-/-), diversas opções envolvendo neopronomes diferentes (elo, ile, elae, el e ila, para citar alguns) e muitos adesivos que permitiam o preenchimento de qualquer conjunto ou de quaisquer dois conjuntos, então as escolhas acima não foram feitas por falta de opção.
Para finalizar o relato, quero dizer que ainda é cedo para saber se vamos tentar novamente no ano que vem. O problema de distribuir panfletos é que muitas vezes dá a impressão de que nada adiantou, de que as pessoas podem ter lido e achado as informações vagamente interessantes mas ainda vão nas redes sociais perguntar qual a diferença de bi e pan ou usar conjuntos no formato “elu/delu”. É possível que tenhamos mudado vidas, mas também é possível que a gente tenha perdido tempo e dinheiro com um esforço inútil.
Pessoalmente, eu não gosto de jogar a toalha. Um esforço de visibilidade pode ser provado inútil, mas desistir de ir em eventos físicos também não vai ajudar a disseminar informações ou ideias. Sendo alguém não-binárie que deve ser referide apenas usando conjuntos de linguagem que não possuem a aprovação dos grandes nomes da “linguagem neutra” brasileiros, eu não tenho a opção de descansar e esperar que algum dia as pessoas vão parar de insistir em me maldenominar (ou indicar que gostariam de fazer isso sem serem pintadas como exorsexistas): o sistema artigo/pronome/final de palavra foi publicado aqui já faz mais de 8 anos, mas já percebi que a maioria das pessoas só vai tentar se esforçar em ser inclusiva quando tem alguém dando motivo pra isso. Também tem as outras questões LGBTQIAPN+ que afetam a mim e a outres, como visibilidade a-espectral, múlti, não-binária e xenogênero.
Ficar batendo na mesma tecla é horrível, mas é isso o que tem pra hoje. Ao menos é possível que a próxima geração tenha que bater menos teclas pra conseguir ser respeitada das mesmas formas.
Versão em áudio (não inclui os links do final da postagem)
Ei, você ainda usa pronome/d + pronome como forma de expressar linguagem? Que tal especificar suas preferências em um nível um pouco maior?
Além desta vantagem, você ajuda pessoas com conjuntos de linguagem menos óbvios, nos ajudando com o trabalho de repassar essas informações.
Esse é o tipo de informação que pode virar “senso comum” – assim como a ideia do final de palavra e ser adequado como genérico – desde que não seja descartada.
Esse é o tipo de esforço que vai ficar cada vez menor desde que dê pra contar com o apoio da comunidade.
Links com mais informações: Use a/p/f | Links sobre neolinguagem, conjuntos de linguagem e linguagem genérica
Aviso de conteúdo: Esta é uma postagem sobre presunção de gênero. Ela é contra a presunção de identidades de gênero, mas como o público-alvo são pessoas que se acham justificadas em presumir gênero, ela menciona exemplos que podem machucar quem lida com disforia de gênero ou com questões similares.
Boas vindas ao quarto ano seguido de postagens que apresentam certas identidades que foram cunhadas no ano que recém passou!
Como sempre, esta é apenas uma pequena parcela do que o ano de 2023 teve a oferecer em relação a cunhagens. Epikulupu, neopronouns e ryanyflags são alguns exemplos de Tumblrs que publicaram uma porção de cunhagens novas durante o ano, enquanto r/XenogendersAndMore e LGBTQIA+ Wiki são alguns exemplos de lugares de participação coletiva onde vários termos são publicados.
Também quero ressaltar novamente que o advento de terminologia mais específica não tem o objetivo nem de obrigar pessoas a largarem os rótulos que já usam, nem de obrigar pessoas a adicionarem novos termos às suas listas e nem de colocarem termos mais comuns ou gerais como “ultrapassados”. Para saber mais sobre isso, há dois textos mais antigos por aqui que já tratam desse assunto: “Por que usar [y] ao invés de [x]?” e A culpa des excluídes.
O primeiro termo desta lista foi cunhado em 3 de fevereiro por epikulupu no Tumblr a pedido de uma pessoa anônima.
Ele é definido como um gênero relacionado à personalidade de ume personagem fictície.
Ficto tem relação com ficcional, enquanto personen provavelmente se refere à palavra pessoas na língua alemã.
Este termo foi cunhado em 5 de abril por Reign, mogai-sunflowers no Tumblr, a pedido de Atticus-Kirby, fagdykefrank na mesma rede.
Ele se refere a um gênero masculino da mesma forma que pássaros experienciam masculinidade. Isso porque é comum que pássaros “machos” sejam chamativos e/ou coloridos e tentem chamar a atenção de parceires em potencial por meio de danças e cantos.
O termo original é aviamasc, e pode ser viável utilizá-lo assim na lusosfera também, mas decidi por traduzi-lo utilizando uma forma mais completa do sufixo. Desta forma, seu final de palavra é flexível: uma pessoa seria aviamasculina, um grupo seria aviamasculino, etc.
Em 17 de abril, Nil (kitgay em write.as) publicou um texto detalhando o que este xenogênero cobre. Ele pode ser lido na íntegra aqui, e acredito que dê pra resumir alguém que possui esta identidade de gênero como:
Alguém não precisa cumprir todos estes parâmetros para se dizer gênero-ponte; só há a necessidade de associar de alguma forma a identidade de gênero com alguma forma de ponte, sendo os itens acima alguns exemplos de como atingir isso.
Theo (Eutocansada6789 em colorid.es) cunhou este xenogênero em 26 de junho. Ele descreve um gênero relacionado a, conectado a, influenciado por ou que tem qualidades comparáveis às de baleias.
Portanto, é um termo que pode abranger praticamente qualquer gênero que tenha a ver com baleias, como um gênero grande como uma baleia, ou que lembra sons que baleias fazem.
Este termo descreve qualquer forma de atração, relacionamento, orientação ou afins que envolvam ao menos uma pessoa não-binária. Ele foi cunhado em 4 de julho por Delta, the-delta-quadrant no Tumblr.
Méstrique é uma resposta a diamórique, um termo juvélico que foi feito para centralizar pessoas não-binárias. Uma pessoa não-binária pode chamar qualquer atração que tem de diamórica, e qualquer relacionamento envolvendo ao menos uma pessoa não-binária pode ser chamado de diamórico, mas pessoas binárias (as que são sempre, completamente e somente homens ou sempre, completamente e somente mulheres) não podem se dizer diamóricas. No entanto, uma pessoa binária que sente atração por pessoas não-binárias pode chamar tal atração de méstrica.
Para facilitar a explicação da diferença entre méstrique e outros termos juvélicos que envolvem pessoas não-binárias, vou usar as seguintes siglas:
(Não existem termos específicos para relacionamentos envolvendo mais de duas pessoas, e portanto fica a critério de cada ume que termos se aplicam a si dentro de um polículo.)
Enfim:
O termo mestric foi inspirado em Mnestra/Mestra da mitologia grega, que ganhou a habilidade de trocar de forma do deus Poseidon. A tradução, méstrique, possui final de palavra flexível: um símbolo seria méstrico, alguém que usa i como final de palavra seria méstriqui e por assim vai.
A bandeira méstrica usa a cor amarela para simbolizar não-binaridade e um girassol para representar alegria.
Em 15 de agosto, queer-coining no Tumblr postou uma resposta à pergunta de uma pessoa anônima que pediu uma bandeira para o termo. A bandeira foi postada em 27 de agosto.
Os termos em si se referem a alguém que quer ter genitália/sexo angelical. É um termo altersexo do mesmo tipo que transgenital, angenital e genital-fluxo, por exemplo.
Esta identidade provavelmente foi cunhada com base na ideia de que anjos não possuem genitália ou possuem genitália que não é humana, visto que não é uma espécie que precisa se reproduzir de acordo com várias histórias produzidas sobre a espécie.
Em 12 de dezembro, queer-coining publicou bandeiras e definições de queertine, que se refere àquelus cujas identidades queer são influenciadas por serem latines (ou seja, por serem ou terem ascendência da América Latina). É possível dizer que este termo é uma forma de identidade vesil.
Queertine tem final de palavra flexível. Uma pessoa é queertina, um grupo é queertino, etc.
Este termo foi cunhado por lovesicklie no Tumblr em uma postagem feita em 14 de dezembro. Sua base foi um pedido feito no Tumblr the-mogai-request-graveyard publicado em 2 de dezembro por Autumn, autumnmoon-morrison no Tumblr. O pedido em si continha uma definição sem qualquer menção a possíveis nomes ou símbolos para a identidade.
Uma pessoa virnorromântica – o final de palavra é flexível, assim como acontece em geral com orientações românticas – sente atração romântica facilmente por conta de neurodivergência e/ou trauma. No sentido de que tem quedas por praticamente qualquer pessoa em volta de sua idade que demonstra bondade para ela e compatibilidade com suas preferências.
Esta orientação não especifica gênero, então é tanto possível que seja uma orientação múlti que não depende de identidade de gênero quanto uma orientação “combinável” com outras (hétero, tóren, bi, etc). É, de qualquer forma, uma neuro-orientação.
A pedido de uma pessoa anônima, Dexter, neopronouns no Tumblr, cunhou a orientação enba e postou sobre ela e sua bandeira em 28 de dezembro. O termo descreve alguém que sente atração por pessoas não-binárias, de forma que explicitamente não se refere à identidade de gênero de quem possui tal atração.
Enba vem de enban, um termo para descrever pessoas não-binárias adultas (o qual eu adaptaria como embã ou enebã). A orientação é para ser equivalente a home/ma e mulhe/woma; por isso a ausência da última letra. A bandeira também imita algumas das bandeiras de tais orientações.
Como o termo é quase que uma palavra usada para descrever pessoas não-binárias, pode ser uma boa ideia tentar usá-lo com sufixos de orientações quando possível, como em enbaorientade, embarromântique ou enebassexual.
Também no dia 28 de dezembro, Lacey, haunted-thing no Tumblr, cunhou salilian, uma palavra para descrever lésbiques inconformistas de gênero.
A cunhagem foi inspirada por laveniane, que descreve turianes (homens gays) inconformistas de gênero.
Saliliane é uma palavra com final de palavra flexível. Uma lésbica seria saliliana, enquanto um lésbico seria saliliano. (Há pessoas que, mesmo tendo alguma associação com mulheridade, não usam a/ela/a, por conta de não-binaridade e/ou inconformismo de gênero. Leia mais sobre não-conformidade de linguagem aqui.)
Como quatro destes termos foram cunhados em dezembro, que tal uma lista rápida com mais termos, um por mês?
Aqui terminam os destaques de 2023. Que eles tenham ajudado a descobrir termos novos para considerar!