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Alguns termos cunhados em 2024  0

Bandeiras intercultu, hexódica, normalxeana, ante, ogli, de atração nebulosa e transqueseja.

Boas vindas à postagem anual destacando termos cunhados durante o último ano que passou! Para quem tem interesse em ler as anteriores, a tag retrospectiva contém publicações destacando termos de 2017 e de todos os anos que já passaram a partir de 2020.

Antes de falar sobre termos, porém, quero aproveitar e destacar algumas outras publicações com temática LGBTQIAPN+ de 2024:

 

Leituras e afins

 

  1. De janeiro, sobre objectum e cultura cringe: Objetos escondidos, em Xenofiction;
  2. De fevereiro, sobre mulheres e homens que não se dizem bináries: Um texto sobre e para mulheres e homens fora do binário de gênero, em Blogue Alternative;
  3. De março, sobre amatonormatividade também afetar homens cis arromânticos e heterossexuais: Thinking about the whole “cishet aromantic men” thing (…), no Tumblr aromantic-diaries. Aviso de conteúdo para aromisia;
  4. De abril, sobre sexonorma e alonorma: 6 de abril | Dia Internacional da Assexualidade, uma postagem no Instagram do Coletivo AbrAce. Aviso de conteúdo para alossexismo, sexonormatividade e patologização;
  5. De maio, sobre a intersecção de gênero com identificações não-humanas/alterumanas: My Gender is [NOT] Human Zine, um PDF compilando trabalhos de váries;
  6. De junho, sobre vantagens biológicas reais ou supostas: Atletas trans têm vantagem? Originalmente no Tumblr Múltiplas Identidades. Atualmente aqui. Aviso de conteúdo por ser uma discussão relacionada a cissexismo e diadismo.
  7. De julho, invertendo a lógica da história de inspiração: as pessoas acham que ser trans é ter coragem, do Instagram da Pérola Pessoa. Aviso de conteúdo para cissexismo;
  8. De agosto, sobre não ter gênero e a possibilidade de ainda assim ser cis vindo de uma pessoa não-binária sem gênero: (My reaction to) ‘Cis by Default’, ‘Cis-genderless’, and ‘Gender Detachment’: Three Terms You’ll Hopefully Be Hearing More Of, em . Aviso de conteúdo para cissexismo (majoritariamente como questão de ignorância);
  9. De setembro, sobre a defesa da pluralidade da neolinguagem: Parecer sobre linguagem, da ABRANB;
  10. De outubro, sobre a explosão de ódio contra boycetas e suas consequências: O impacto da [transmisia] na minha vida depois de viralizar, corte de um episódio do Bluecast no canal do Jupi77er. Aviso de conteúdo para uso de fobia para descrever discriminação, cissexismo, gordemisia, suicídio, discurso de ódio e perseguição com teor intolerante;
  11. De novembro, sobre a invisibilidade de sáfiques feminines e de pessoas bi: A confusão de ser bissexual, coluna de opinião de Sara Correia publicada em Dezanove. Aviso de conteúdo para multimisia, femimisia, linguagem mascunormativa e uso de fobia pra descrever discriminação;
  12. De dezembro, respondendo perguntas comuns sobre acemisia: Asexual Theory 101, no Tumblr leikeliscomet. Aviso de conteúdo para alossexismo e intersecção com outras opressões, além da presença do sufixo fobia para indicar discriminação. Também aproveito para recomendar esta postagem, que é sobre negatividade contra pessoas assexuais que não querem ter relações sexuais; os mesmos avisos de conteúdo se aplicam, com ênfase em alossexismo e racismo.

Quis destacar alguns destes trabalhos porque é importante falar sobre questões LGBTQIAPN+ de formas que vão além da cunhagem de termos. Nestes tempos, presenciei algumas pessoas se desculpando por não estarem cunhando tantos termos quanto antes, ou desafios puramente em torno de cunhar termos e/ou fazer bandeiras, enquanto pessoas fora de tal nicho repetem que quem usa termos incomuns ou mesmo neolinguagem nos próprios conjuntos são só pessoas jovens explorando suas possibilidades antes de se satisfazerem com “identidades normais”.

Enquanto identidades não precisam ser justificadas para ninguém e não há problema em cunhar alguma identidade nova quando não há nada que se encaixe bem, há uma lacuna muito grande quando se trata de explorar termos já existentes mas que não são necessariamente comuns. Quantos textos existem da perspectiva de pessoas abro, enquanto sites de notícias especulam sobre o termo para buscar cliques de pessoas que nunca viram o termo? Quantos vídeos ou podcasts existem por aí de pessoas apogênero, gênero-vácuo e/ou casgênero falando sobre experiências em comum e sobre suas diferenças como pessoas em diferentes partes do espectro agênero? Quantas pessoas que querem ser tratadas com o uso de neolinguagem estão se esforçando em apresentar o conceito de forma inclusiva de vários conjuntos, e não só como “linguagem neutra com u/e”?

Quero encorajar todes a se expressar para além de termos e bandeiras. Falem sobre suas experiências, apontem quando frases comuns discriminam contra suas identidades, tenham mente aberta para usar mais termos mas também para deixar outros termos para trás. Façam textos, vídeos, músicas, podcasts, sites, apresentações de slides. Entrem em (ou criem) comunidades com identidades em comum, achem pessoas para produzir colaborações. Não deixe só para outras pessoas falarem sobre o que a sua identidade significa de perspectivas externas.


Termos

 

Atração nebulosa

Retângulo dividido em sete faixas horizontais do mesmo tamanho, exceto que a faixa do meio vai se abrindo em um círculo no meio da bandeira que alcança até a segunda e a penúltima faixas. As cores das faixas são roxa escura, roxa, ameixa, azul esverdeada clara, púrpura, roxa azulada e preta azulada.

Bandeira de atração nebulosa

Termos como nébula, plátoni, cáli, ari e outros que descrevem ou podem descrever uma dificuldade de distinção entre atrações já existem há anos, mas o conceito de atração nebulosa surge como uma forma de resolver a lacuna léxica pelo outro lado. Assim, ao invés de explicar quais as formas de atração que são difíceis de distinguir com uma combinação de prefixo e sufixo, pessoas dizendo que possuem orientações nebulosas conseguem comunicar que não conseguem ou querem distinguir entre todos ou alguns tipos de atração ao mesmo tempo que conseguem destacar algum prefixo diferente. Por exemplo:

  • Alguém enebanebulose sente atração por pessoas não-binárias, mas pode não saber distinguir se tal atração é sexual, romântica, alternativa ou afins;
  • Alguém assexual e polinebulose está descrevendo que, enquanto consegue se definir como assexual, é capaz de sentir atração por múltiplos gêneros de outras formas, as quais não consegue distinguir entre si;
  • Alguém panqueerplatônique e enigmanebulose pode não entender o quanto/se sente atrações além da queerplatônica, e perceber elas como difíceis demais de entender para categorizar entre sexual, romântica, estética ou afins.

É possível que a data original da cunhagem do termo tenha sido perdida. O compartilhamento do Tumblr orientation-archive é datado de 14 de março, mas a conta original, pething, foi desativada pouco mais de um mês depois do compartilhamento.


G7G

Retângulo dividido em sete faixas, sendo que quanto mais as faixas estão perto da faixa central, menos tamanho elas têm. Suas cores são laranja clara, vermelha alaranjada, marrom avermelhada, cinza escura avermelhada, marrom amarelada, laranja e amarela escura.

Bandeira NB7NB

Na página do Orientando sobre termos juvélicos, é possível perceber que traduzi gender loving gender (“gênero amando gênero”) como “gênero atraído por gênero” (ou GAG). Isso porque já havia percebido um problema em potencial em caracterizar todos os tipos de atração como “amor”. Pois bem, em 26 de junho, Scones, obnebulant-mogai no Tumblr cunhou G7G, um conceito aberto a todes mas focado em pessoas arromânticas loveless (resumidamente, que não estão confortáveis em chamar qualquer atração que sentem de amor). O número 7 está sendo utilizado por parecer uma letra L virada.

Scones também publicou algumas bandeiras G7G junto à cunhagem do termo: para homens com atração por homens, mulheres com atração por mulheres e pessoas não-binárias com atração por pessoas não-binárias.

(Uma versão da publicação com a cunhagem arquivada pode ser encontrada aqui.)


Ante-

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores roxa escura, índigo, azul, branca, salmão, rosa avermelhada e magenta.

Bandeira ante

Em 17 de julho, Shrub, shrubmogai no Tumblr, cunhou a orientação ante, para pessoas que são queer de certa forma e que por isso não se sentem confortáveis aplicando o termo hétero a si mesmas, mesmo que a descrição de tal termo seja aplicável para descrever sua atração.

Este termo é especialmente relevante em ambientes onde se coloca hétero como oposição a LGBTQIAPN+, alienando pessoas trans, intersexo, a-espectrais, variorientadas ou afins que se encaixam no termo hétero em pelo menos um de seus tipos de orientação. Tal alienação pode partir de afirmações e chacotas de dentro da comunidade, mas é especialmente relevante quando se trata da própria sociedade heterossexista excluindo pessoas da heterossexualidade por conta de suas identidades LGBTQIAPN+.

Obviamente, o uso do termo ante é opcional, sendo mais para o conforto de pessoas que não se sentem mais confortáveis em se dizer hétero por qualquer motivo do que uma categorização obrigatória.


Ogli-

Retângulo formado por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores lilás, verde-água, amarela clara, branca, cinza e roxa.

Bandeira ogli

O termo ogligênero já existe há anos, mas, com base em tal conceito, Dionésio, Eutocansada6789 em colorid.es, cunhou em 5 de agosto a orientação ogli. Esta se refere à presença de atração por múltiplos gêneros, com quantidade não especificada além de pouca. Assim, o termo é uma alternativa a usar bi ou pôli para quem sente atração por poucos gêneros, sem também ter a obrigação de limitar um número de gêneros, como é o caso de orientações como tri (ao menos em uma de suas definições).

Pessoas que sentem atração somente por mulheres e por homens, pessoas a-espectrais que sentiram atração poucas vezes na vida por pessoas de alguns gêneros diferentes mas que não se sentem confortáveis se definindo como pan ou outro termo denotando atração por todos os gêneros e pessoas que já sentiram atração por pessoas com algumas identidades de gênero parecidas mas nunca por pessoas com identidades de gênero completamente diferentes disso são alguns exemplos de motivos para adotar o termo ogli. E nada disso exclui tais pessoas de também se dizerem múlti, bi ou pôli se preferirem, ou de não se descreverem com tais termos caso não se sintam confortáveis com isso, assim como acontece com outros casos onde é possível escolher entre vários termos para descrever certa experiência.


Hexódique

Retângulo transparente com um símbolo no meio que imita uma flor e/ou uma paleta de tintas estilizadas. Na ordem horária, começando da paleta de cima, as cores de cada "pétala" são laranja, amarela, verde, azul, roxa e vermelha. As partes vermelha e verde são maiores que as restantes, mas, fora isso, o símbolo é simétrico. No centro dessas formas, há um círculo branco.

Bandeira hexódica

Este termo não é especificamente uma identidade não-binária, e também não descreve necessariamente uma orientação ou uma experiência altersexo. Assim como vesil, porém, é um termo cunhado em um contexto LGBTQIAPN+ que pode ser usado para descrever uma identidade dissidente em tal contexto.

Enfim, hexódique descreve qualquer tipo de identidade relacionada a um código hex RGB específico.

Códigos hex são um conjunto de valores hexadecimais (base 16, assim como códigos binários possuem base 2 e a maioria dos números usados no dia-a-dia vão estar em base 10). No caso relevante à identidade hexódica, os códigos representam quantidades de luz vermelha, verde e azul (RGB é a abreviação na língua inglesa) para formar cores em monitores ou outros dispositivos eletrônicos. Cada valor vai de 00 até FF, sendo que a letras A-F representam números que, na base 10, vão do 10 ao 15 (depois de 00 até 08, os números seguintes são 09, 0A, 0B, 0C, 0D, 0E, 0F, 10, 11 e 12; os números que seguem 9E são 9F, A0, A1, A2 e assim por diante).

Assim, a cor vermelha mais forte é representada em código por #FF0000: os dois primeiros algarismos representam a luz vermelha, enquanto as luzes verde e azul estão apagadas. Enquanto isso, o tom de ciano mais forte é #00FFFF, pelos dois últimos conjuntos de cores estarem em seus valores máximos enquanto a luz vermelha está completamente desligada. #FFFFFF resulta na cor branca, #000000 resulta na cor preta e outros valores de cores iguais resultam em tons de cinza: #F8F8F8 é quase uma cor branca, mas é cinza, enquanto #333333 é um tom de cinza bem escuro. A cor atual dos links do Orientando é #B000BA, que representa uma cor roxa com nada de verde e cores vermelha e azul fortes, ainda que a azul seja um pouco mais forte.

Retângulo cujo fundo é a cor rosa de tom F1 45 81. No centro, há uma roda de cores imitando uma flor ou uma paleta, assim como na bandeira anterior, mas todas as formas são tons diferentes da cor rosa parecidos com a cor do fundo.

Bandeira hexódica . Fonte.

Identidades hexódicas podem ser vagas, isto é, só descrever que um código específico é relacionado à identidade de alguém, mas também podem ser usadas de formas mais específicas. Uma pessoa hexódica #AABBCCgênero pode se descrever como hexódica num geral ou como hexódica , e também pode dizer que é gênero-cor e xenogênero pela sua identidade de gênero ser relacionada com uma cor. Uma pessoa pode ser hexódica de forma que tem a ver com ser fictionkin, caso veja a cor específica de uma espécie/ume personagem como relevante à sua identidade. Portanto, o termo em questão é tanto mais abrangente quanto mais específico do que gênero-cor, já que tal termo só cobre identidades de gênero mas não se limita a um código específico.

Ender, enderluna no Tumblr, publicou a primeira postagem sobre hexodic no dia 10 de setembro. A conta hexodic no Tumblr se propõe a ser um arquivo de bandeiras hexódicas e de termos relacionados.


Teratical

Assim como hexódique, este termo surge em um contexto queer, mas não representa exclusivamente uma identidade queer.

Retângulo cinza escuro com cinco faixas coloridas finas indo do canto superior esquerdo ao canto inferior direito. Da esquerda para a direita, as cores das faixas são azul, verde, amarela, rosa e roxa.

Bandeira teratical

Segundo a postagem no Tumblr intervex publicada em 4 de outubro, qualquer pessoa pode adotar o termo teratical caso seu corpo seja estigmatizado de forma que a sociedade enquadre como “monstruoso”. É um termo que reinvindica o conceito de teratologia de forma que constrói solidariedade entre pessoas intersexo, gordas, com deficiência, cujos corpos foram permanentemente afetados por danos e afins.

O termo não se limita a pessoas que nasceram de forma diferente ou a pessoas com deficiências visíveis. Seu intuito é incluir além do que o campo da teratologia tende a incluir. A publicação explicando teratical também oferece os seguintes subtermos:

  • Interteratical: teratical de forma ligada a ser intersexo, como preencher o estereótipo de “mulher barbada” por ser intersexo;
  • Neuroteratical: teratical de forma neurológica, como casos onde pessoas tremem, ficam paralisadas, passam por crises epilépticas ou são afetadas por dispráxia ou autismo;
  • Musculoskeleteratical (tradução sugerida: musculoesqueleteratical): teratical de forma musculoesqueletal (como em cifoescoliose ou braquidactilia);
  • Syndesmoteratical (tradução sugerida: sindesmoteratical): teratical de forma conectada ao funcionamento do tecido conjuntivo, como nas síndromes de Ehlers-Danlos ou de Marfan;
  • Dermoteratical: teratical de forma dermatológica, como em vitiligo ou albinismo;
  • Fat-teratical (tradução sugerida: gorteratical): teratical de forma ligada a ser gorde;
  • Mad-teratical / psychoteratical (traduções sugeridas: louteratical / psicoteratical): teratical de forma louca/mental (o conceito de loucura está sendo utilizado aqui no sentido de orgulho louco);
  • Enviroteratical: teratical de forma ligada ao ambiente (como em caso de exposição ao chumbo);
  • Genoteratical: teratical de forma genética (como no caso de Down ou de hiperplasia adrenal congênita);
  • Cryptoteratical (tradução sugerida: criptoteratical): teratical de forma desconhecida ou incerta (scifimagpie é creditada com o termo);
  • Racioteratical: teratical de forma amplificada por racialização.

Notra-

Faixas horizontais do mesmo tamanho nas cores magenta clara, rosa avermelhada, amarela, ciano, turquesa e verde água.

Bandeira notrassexual (a única fornecida)

Esta orientação cunhada por Mylo (thegendercollecteroffical no Tumblr) no dia 27 de novembro denota atração por quem não é tradicional/normative, em relação a gênero, expressões de gênero ou afins.

A orientação diverse (que denota atração por identidades e expressões que diferem de normas sociais) já existe faz anos, mas, por ter um nome baseado em uma palavra já existente mesmo na língua inglesa padrão, é mais difícil pesquisar por ela, e talvez seu nome seja um empecilho de uma forma ou de outra. É uma palavra que não pode ser usada por si só que também não tem um significado diretamente relacionado com a definição da palavra em outros contextos.

Mesmo assim, há demanda para termos específicos a atração por pessoas inconformistas de gênero, ainda que isso seja muitas vezes um desejo de pessoas que também não desejariam usar um termo pouco comum para sua orientação. De qualquer forma, é sempre possível usar notra ou diverse junto com outros termos, como notragay, diversebi ou polissexual notrassexual.


Averagxan / Xormaleane / Normalxeane

Um gênero que é normal. Não se preocupe com isso

Retângulo dividido em cinco faixas horizontais, mas de forma que cada uma das faixas também é dividida em cinco subfaixas. As faixas maiores são verde escura, verde, dourada, marrom clara e marrom avermelhada. Cada uma destas faixas tem cinco faixas parecidas que vão de tons um pouco mais claros até tons um pouco mais escuros, formando degradês relativamente difíceis de enxergar.

Bandeira xormaleana

A citação acima é uma tradução direta da definição publicada por Lilac, ashenwilting no Tumblr, em 11 de dezembro. Em um comentário, Lilac especifica que a descrição é sarcástica: uma pessoa com este gênero na verdade não vê seu gênero como normal, e está falando para que outres não se preocupem de forma propositalmente suspeita.

Isso significa que esta identidade está bastante aberta à interpretação: seria alguém xormaleane alguém que se sente bastante aflite em relação a este gênero? Alguém que tem um gênero complexo demais para querer explicá-lo? Ou alguém que prefere mascarar um gênero que é pessoal demais para revelar com um termo que encobre sua natureza?

De qualquer maneira, é possível também especificar mais o termo, usando variações como xormalenebê (averagenby; “um gênero para quem é só uma pessoa não-binária normal, não se preocupe com isso”), xormalgate (averagcat; “um gênero para quem é só ume gate normal, não se preocupe com isso”) ou afins.

Não houve muito retorno ou consenso para uma tradução do termo original, averagxan. Mais possibilidades de tradução podem ser encontradas aqui.


Transwhatever / Transqueseja

Retângulo dividido em sete faixas horizontais do mesmo tamanho, mas a maioria destas faixas também são divididas na horizontal em cores diferentes. A primeira faixa é rosa avermelhada, magenta clara e lilás. A segunda faixa é verde clara e amarela clara. A terceira faixa é rosa bebê e azul bebê. A faixa central é branca. A quinta faixa é azul bebê e rosa bebê. A sexta faixa é laranja clara e roxa clara. A sétima faixa é esmeralda, ciano e amarela.

Bandeira transqueseja

Este termo cunhado em 21 de dezembro pelo sistema Choir, ridibulous no Tumblr, descreve apatia e descontentamento em relação a termos como transandrógine, transfeminine, transmasculine, transneutre, transouterine ou outros similares (isto é, termos que tendem a descrever uma transição em direção a certo ponto com o prefixo trans ou um alinhamento com certa qualidade de gênero).

É relativamente comum que pessoas não-binárias sejam perguntadas se são transfemininas ou transmasculinas, de forma que não tende a acontecer em relação a outras especificidades não-binárias (por exemplo, se são aporagênero ou gênero-fluido). Isto pode gerar uma reação negativa a ponto de alguém querer um termo apenas para rejeitar tais termos, de forma que acontece também com o próprio termo “não-binárie” (que só rejeita a possibilidade de ser 100% homem ou de ser 100% mulher sem especificar a identidade de gênero).

Existem também cobranças cissexistas em relação a apenas validar a identidade de alguém se houver alguma forma de transição envolvida. Enquanto ninguém uma transição desejada não deve ser considerada desnecessária ou frívola, pessoas cisdissidentes também não devem ser pressionadas a preencher um ideal cissexista do que alguém precisa fazer/ser para ter certa identidade de gênero, e rejeitar o uso de termos com conotação de transicionar em certa direção pode fazer parte disso.


Intercultu

Fundo composto por nove faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores amarela queimada, amarela, amarela pálida, marrom clara, marrom, marrom clara, amarela pálida, amarela e amarela queimada. No centro da bandeira, há um contorno de um círculo roxo. Todas as cores da bandeira possuem saturação relativamente baixa.

Bandeira intercultu

Este termo foi cunhado antes do dia 16 de abril de 2024, porque foi nesta data que a conta akeneki no Tumblr, que publicou a cunhagem do termo, foi desativada. Esta republicação de interarchive é do dia 25 de dezembro. Portanto, é possível que o termo não seja de 2024, mas ele é interessante e relevante o suficiente para ser escolhido para esta lista.

Intercultu descreve uma pessoa intersexo que se vê dentro de uma identidade de gênero presente somente em sua própria cultura, mas de forma também particular a pessoas intersexo. A questão de ser intersexo pode ou não alterar a forma tradicional do gênero culturalmente específico em questão.

Historicamente, existem registros de pessoas que vemos como intersexo sendo categorizadas como gêneros separados ou variações de mulher ou homem, como napumsakapandala ou hijra. Nem todas as identidades específicas a determinadas culturas surgiram como formas de incluir pessoas intersexo, mas é possível que pessoas intercultu usem termos que podem ser definidos por suas variações intersexo.


Observações finais

Tive bastante dificuldade em reunir esta lista, já que busco destacar termos mais versáteis e com conceitos mais originais. Um padrão que percebi neste ano é de muitas cunhagens de identidades de gênero relacionadas a mídias específicas. Eu não sou contra pessoas se descreverem de tais formas, mas, para propósitos de exemplificar a diversidade existente em listas, tais termos acabam sendo relativamente repetitivos, se encaixando majoritariamente em:

  1. Termos que descrevem identidades descritas por/relacionadas a certa mídia ou aspecto de certa mídia (como música, personagem ou espécie fictícia), como freakfortrenestes termos relacionados à trilha sonora da parte 5 de JoJorainflowercharicthedesolationgender ou handlermuseical;
  2. Termos que adicionam aspectos em cima do item anterior, como hostshadowclanbonnietismestes termos relacionados com a Triforcelindaric ou estes termos relacionados com The Magnus Archives;
  3. Termos que descrevem uma forma de algum termo que já existe, mas que é relacionada a tal mídia, como estes termos relacionados com Horrid Henrywybieazurboy ou battermascglessic.

Assim, acabo considerando mais útil focar em termos mais gerais (como xenogênero ou gênero-alterumano) quando se trata de destacar esses tipos de identidades.

Eu compilei a lista entre o final do ano passado e as primeiras semanas deste ano; a demora em publicar isto vem de outros fatores. Dito isso, é possível que eu reduza a lista de 2025 e coloque um holofote maior em criações que vão além da cunhagem de termos.

Além disso, eu recomendo manter backups locais de quaisquer publicações queer. Váries governos e empresas estão avançando contra direitos de grupos marginalizados, especialmente de pessoas cisdissidentes, o que significa que espaços corporativos como o Tumblr e o Instagram estão em risco de acatar a censuras impostas por grupos dominantes. Sites de arquivamento como archive.today, web.archive.org e ghostarchive.org são úteis para manter backups online, mas é importante ter em mente que mesmo tais sites podem vir a desaparecer. Tumblr-utils permite fazer backups locais de Tumblrs inteiros e a função de RSS do Thunderbird grava postagens recebidas no próprio computador, e estes são exemplos de métodos pelos quais mídias podem ser preservadas para além da possibilidade de uma conta ser apagada. Além do mais, wikis e contas pessoais podem ser utilizadas para recompartilhar informações.

Feliz 2025, e que continuemos fortes.

“E se eu for intersexo?”  0

Bandeira Intersexo

Imagem: Uma bandeira intersexo composta de 5 faixas verticais do mesmo tamanho, nas cores roxa, amarela, branca, amarela e roxa, com três formas parecidas com corações uma por cima da outra no centro da bandeira, sendo a mais de trás (que está mais para cima) azul, a do meio roxa e a da frente/de baixo rosa.

 

Esta é uma pergunta que eu já tive, e uma pergunta que já vi muitas outras pessoas tendo. Como não existem muitos recursos direcionados a isso, eu gostaria de dar minhes opiniões e palpites.

Aviso de conteúdo: Este é um texto direcionado a pessoas que estão questionando ser intersexo, e portanto falo sobre formas que pessoas já descobriram ser intersexo. Isso inclui “tratamentos corretivos” na infância e descrições de características sexuais.

 

 

Por que você quer saber que é intersexo?

Embora isso não faça diferença em relação a alguém ser ou não intersexo, descobrir a própria intersexualidade pode custar dinheiro e tempo, além de poder ser estressante. Procurar ser intersexo por validação externa pode acabar não valendo a pena, especialmente se o fim dessa jornada pode acabar resultando em indeterminação ou em determinação de uma corporalidade perissexo.

Ninguém precisa ser intersexo para:

  • Interagir/conviver com pessoas intersexo;
  • Justificar uma desconexão com o gênero designado ao nascimento;
  • Ser uma pessoa trans;
  • Ser uma pessoa não-binária;
  • Ir a eventos intersexo abertos a públicos gerais;
  • Ajudar coletivos, organizações e outros grupos intersexo.

Sei que muitas pessoas buscam ser intersexo para conseguirem justificar serem trans e/ou não-binárias, então vou reforçar aqui: corporalidade não justifica gênero. Ser intersexo não prova que alguém é não-binárie. Existem pessoas que são do gênero designado ao nascimento, que são de algum gênero binário que não foram designadas ao nascimento e pessoas não-binárias tanto entre pessoas intersexo quanto entre pessoas perissexo. Você não precisa justificar sua identidade de gênero com intersexualidade, e é até provável que isso não funcione.

A maioria das variações intersexo não são vistas como tal pela comunidade médica, já que intersexo é um rótulo social. Tentativas de justificar alguma identidade cisdissidente com corporalidade intersexo vão ser furadas por “não, você é [gênero designado], só tem um probleminha que pode ser resolvido”. É até possível que pensem que ser intersexo faz parte de sua “confusão acerca da identidade de gênero”.

Além do mais, experiências intersexo são variadas (tanto pelas diferentes variações intersexo quanto pelas diferentes situações que alguém pode ter passado dentro de certa variação) e não garantem sabedoria automática em relação a questões intersexo. Fazer um teste de cromossomos aos 30 anos e se descobrir intersexo por ser XYY não dá a alguém a experiência de uma pessoa que passou por cirurgias e/ou terapia hormonal por conta de sua intersexualidade.

Ser intersexo geralmente não significa ter crescido em um ambiente onde a maioria das pessoas em volta possuem a mesma marginalização (da mesma forma que, por exemplo, ser pobre), ou que a pessoa precisou questionar ao menos algumas normas sociais para conseguir entender o que é (da mesma forma que, por exemplo, ser não-binárie). Então pode ser comum achar pessoas que sabem que possuem tal variação intersexo, mas que só se veem como doentes porque é isso o que disseram a elas pela vida inteira, e que acham absurdo serem classificadas como fora de “seu sexo biológico” ou como LGBTQIAPN+ por conta de tal “doença”.

Por conta disso, por mais que variações intersexo sejam comuns, nem toda pessoa intersexo vai ser uma aliada na luta contra o diadismo, ou na luta contra cissexismo e heterossexismo. E nem toda pessoa intersexo vai se reconhecer como tal. Novamente, ser intersexo não garante entendimento nenhum sobre questões intersexo ou LGBTQIAPN+, e querer se dizer intersexo só para poder entrar em mais discussões acerca do assunto pode não ser uma boa ideia.

 

 

As várias jornadas possíveis

Existem dezenas de variações intersexo, então obviamente elas podem acabar sendo descobertas de formas diferentes.

Algumas pessoas decidem pesquisar sobre alguma medicação estranha que tomaram na adolescência e descobrem que era terapia hormonal. Outras pessoas descobrem em seu histórico médico que passaram por várias cirurgias sem ter idade suficiente para ter memórias disso, e, perguntando para responsáveis e/ou hospitais, descobrem que a cirurgia foi para remover gônadas consideradas inadequadas e/ou para “corrigir” a genitália.

Algumas pessoas fazem exames hormonais por qualquer motivo e descobrem que seus níveis hormonais são diferentes dos esperados. Ou fazem exames de cromossomos que retornam resultados diferentes dos esperados. Ou tentam fazer exames de útero e descobrem que sua genitália é atípica, que suas gônadas funcionam de forma diferente ou que na verdade não possuem útero.

Algumas pessoas passam por mudanças inesperadas na adolescência, como algum crescimento de seios ainda que a pessoa tenha sido designada homem ao nascer, ou como crescimento de barba ainda que a pessoa tenha sido designada mulher ao nascer. Também pode acontecer que a pessoa não passe por nenhum tipo de mudança esperada, por não produzir ou ser afetada por estrogênio e/ou testosterona.

Algumas pessoas acabam se deparando com a informação de que seus falos são maiores do que o esperado (clitoromegalia), ou menores do que o esperado (micropênis, afalia).

Com mais informação sendo difundida sobre questões intersexo, agora é possível que pessoas pesquisem sobre o assunto mesmo que não hajam sinais “óbvios” de ser intersexo. Embora eu ache que este seja um questionamento saudável – afinal, parte do diadismo é a questão de pessoas não questionarem que mais de dois sexos serem possíveis – não é sempre uma questão fácil de responder.

 

 

Se você não tem certeza, pergunte-se…

  • Você já sentiu que seu corpo teve um desenvolvimento de características sexuais diferentes das esperadas, ainda que ele não possa ser justificado por conta de acidentes, cirurgias ou terapia hormonal (incluindo bloqueadores de hormônios)?
  • Você passa, passou ou tem motivo para achar que passa/passou por terapia hormonal ou cirurgias relacionadas com características sexuais sem o seu consentimento?
  • Você passa ou passou por algum problema que poderia ser justificado pelos seus níveis de hormônios sexuais serem atípicos naturalmente (incluindo: quantidade/grossura de pelos no corpo, ciclos menstruais irregulares, problemas onde uma consulta médica resultou em medicação que afeta hormônios sexuais)?

Se você acha que a resposta é sim, você pode sair procurando por variações intersexo que possam justificar isso. Ou não; é possível que nenhuma pareça se encaixar ainda que suas experiências sejam reconhecidas como intersexo pela maioria. Você pode querer fazer exames para ter certeza se possui uma variação intersexo específica, como síndrome do ovário policístico ou hipogonadismo, mesmo que os resultados só digam essas coisas sem conter a palavra intersexo. Ou, se o caso é que você suspeita de modificações corporais, você pode ir atrás de seu histórico médico.

É possível que as suspeitas não confirmem nada. Afinal, sempre vai existir um limite entre onde ser perissexo termina e onde ser intersexo começa; será que é um micropênis ou um pênis? Quantos pelos grossos precisam aparecer pra contarem como ter barba? Nestes casos, acho bom se perguntar: faz sentido chamar as experiências relacionadas a isso de experiências intersexo? Este é um rótulo útil para elas?

Se nada disso parecer familiar, ainda é possível que você seja intersexo. Afinal, você só tem a própria experiência e pode não vê-la como diferente das demais, ou você pode ter uma variação intersexo que passou despercebida (como alguma que é puramente relacionada a cromossomos). Porém, também é possível que você não seja intersexo.

Você pode fazer exames para conferir níveis hormonais e cromossomos, mas, a não ser que haja um desejo muito grande de ter certeza, eu não vejo muitos motivos pra fazer isso. Exames são caros e demorados; qual a vantagem em querer tanto provar ser intersexo, sem nem ter tal certeza?

Observação: É em inglês, mas o site da ISNA tem várias informações sobre variações intersexo aqui. O máximo que chega perto disso em português, até onde sei, são páginas da Wikipédia sobre o assunto. Vale lembrar que nenhuma destas páginas contém uma lista completa de variações intersexo.

 

 

Umas últimas informações

Independentemente de você ser intersexo, tente ler sobre questões intersexo. Tem a página do Facebook da ABRAI, umas postagens sobre intersexualidade em Transadvocate Brazil e diversos blogs, vlogs e perfis de pessoas intersexo por aí.

A comunidade intersexo é muitas vezes dividida em uma série de questões: se tal variação conta ou não conta como intersexo, se tal bandeira representa bem a comunidade ou é ofensiva, se pessoas que não são intersexo devem ser chamadas de perissexo, endossexo ou diádicas, se a palavra intersexual é ofensiva ou não. Recomendo prestar atenção nas divergências e não tentar corrigir pessoas intersexo que discordam de você ou de sue blogueire intersexo preferide, especialmente se a pessoa não parecer aberta a mudar de ideia.

Mesmo assim, a maior parte da comunidade – ao menos de suas partes mais alinhadas com ativismo intersexo – concorda que cirurgias em bebês e crianças pequenas precisam acabar, assim como terapia hormonal sem consentimento. A maioria entre essas pessoas também vai ser contra a designação de gênero/sexo ao nascimento de qualquer pessoa, mas especialmente contra a designação coerciva de pessoas intersexo.

Se você for (ou se descobrir) intersexo e quiser se envolver mais na comunidade, fale com pessoas intersexo que você conhece, contate a ABRAI (que possui Instagram também) ou tente postar sobre isso em nosso fórum em alguma área apropriada.

Algumas cunhagens de 2020  2

Na imagem acima, podem ser vistas bandeiras leux, exparmasculina, queegênero, de quem sente atração fixual, urbanox, excentrigênero, forte, coexta, feminec e pluruna.

Esta é uma compilação de alguns dos vários termos relacionados a ser LGBTQIAPN+ cunhados no ano de 2020.

Como vários termos estão sempre sendo cunhados, não há como acompanhar tudo em nossas listas e outras páginas informativas; e esta nem é nem nunca foi nossa prioridade. Alguns dos termos daqui já foram colocados em outras páginas, outros talvez sejam no futuro, e outros podem acabar não recebendo nenhum destaque além desta postagem.

 


 

Um retângulo composto por 17 faixas verticais em várias cores, sendo a do meio mais grossa do que as outras, e sendo que as cores das faixas da direita e da esquerda são espelhadas.

Bandeira forte

Forte- é uma orientação para pessoas cuja atração é baseada nas chances de ter um relacionamento com alguém. Enquanto pessoas procul só sentem atração por pessoas distantes ou personagens, pessoas forte sentem atração por pessoas que seriam capazes de ter um relacionamento com elas.

Isso não significa que, por exemplo, uma pessoa forterromântica precise saber que outra pessoa sinta atração por ela para começar a sentir atração. Basta saber que a pessoa é compatível em relação à proximidade, à orientação e/ou ao que a pessoa busca em um relacionamento.

Forte é uma orientação a-espectral. Foi cunhada em 27 de outubro por Dödstöld Package. Quem sabe alguém que se sinta desta forma cunhe um nome mais adequado para usar na língua portuguesa?


Um retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho, sendo as três primeiras turquesas de um tom mais escuro até o mais claro, a faixa central branca e as três últimas faixas vinho, de um tom mais claro até um mais escuro.

Bandeira hélix

Hélix- é uma orientação para quem não consegue distinguir tipos de atração entre si por conta de neurodivergência.

Por exemplo, uma pessoa helixsexual pode não conseguir distinguir atração sexual de sensorial ou de outras atrações físicas por ser autista. Como outro exemplo, uma pessoa helixromântica pode não conseguir entender se o que sente é atração romântica, sexual, alternativa ou de outro tipo por sua neurodivergência.

Hélix é uma neuro-orientação, ou seja, uma orientação restrita a pessoas neurodivergentes por só funcionar para pessoas neurodivergentes. Também é uma orientação mais abrangente do que nébula, que tem um conceito parecido.

A cunhagem de hélix foi feita em 31 de julho por Ekene/Lexis.


Um quadrado composto por cinco faixas horizontais na proporção 6:4:5:4:6, nas cores verde, verde clara, cinza clara, roxa clara e roxa.

Bandeira ironetiana

Ironetiane é uma orientação para mulheres e pessoas não-binárias confortáveis com isso que sentem atração por pessoas que se encaixam em tal descrição, de forma que exclui completamente homens e pessoas não-binárias alinhadas com o gênero homem.

Foi um termo cunhado principalmente para pessoas que se viam/veem como lésbicas, mas que, por tal rótulo ser usado por lésbiques multi que sentem atração por homens (resgatando a ideia de usar lésbique do mesmo jeito que se usa sáfique), ou por lésbiques não-bináries que são parcialmente homens, preferem ter um rótulo separado que não possa incluir homens ou atração por homens por definição.

Ironetiane é uma orientação inclusiva de pessoas não-binárias (inclusive, as duas pessoas que cunharam o termo são não-binárias), ao mesmo grau que o termo lésbique não-binárie é; ou seja, nem todas as pessoas não-binárias vão se sentir confortáveis com o termo, nem as que também são trixen ou feminamóricas. Também inclui lésbiques que são inconformistas/não-conformistas de gênero e/ou linguagem, mulheres trans, pessoas transfemininas não-binárias e/ou pessoas transmasculinas (porque ser transmasculine não significa necessariamente ter a ver com ser homem).

Não foi um termo feito por pessoas que odeiam homens, quem sente atração por homens ou quem sente atração por múltiplos gêneros, e sim uma tentativa de cunhar um rótulo confortável para quem não quer associar a própria identidade com ser possivelmente homem ou atraíde por homens. Também não foi um rótulo feito para atacar lésbiques de qualquer tipo.

O termo ironetiane foi cunhado 3 de julho por Orchid e Naib.


Leux- é uma orientação vaga ou neblinosa que “foge” da pessoa que a tem quando ela tenta entendê-la. Esta orientação está sempre mudando, e não é possível que uma pessoa leux especifique por quem se atrai sem que sua orientação mude.

É uma orientação fluida, como abro ou merc, mas também tem uma ênfase extra na indefinição, como sans ou até mesmo cáligo.

Esta orientação foi cunhada em 20 de fevereiro por Dexter.


Um retângulo composto por 5 faixas horizontais, sendo que a primeira e a última são mais altas do que as outras. Suas cores são roxa, azul clara, cinza clara, azul clara e verde.

Bandeira pluruna

Pluruna- é uma orientação que descreve membres de sistemas que só sentem atração por quem está em seu próprio sistema ou em outro sistema específico, sem sentir atração fora de tais sistemas.

Para entender o que é multiplicidade (o que é fundamental para saber ao que esta orientação se refere), tem um artigo na Wikipédia (mal traduzido no momento) sobre isso, assim como recursos melhores em inglês sobre o assunto.

A orientação pluruna foi cunhada 15 de junho pelo sistema CS&G.


Atração fixual é um tipo de orientação definido por ter uma hiperfixação, um interesse especial ou outra conexão profunda baseada em neurodivergência direcionada ao alvo da atração.

Esta não é uma orientação equivalente a pan ou demi, e sim um tipo de atração, como atração sexual, romântica ou estética. Alguém pode ser, por exemplo, assexual, arromântique, aplatônique e torenfixual.

Este tipo de atração também pode ser usado por pessoas que não têm certeza sobre que tipo de atração estão sentindo por conta de sua hiperfixação ou similar. O equivalente a “crush” (queda) de atração fixual é fush.

O termo foi cunhado em 1 de setembro por Luigra.

Retângulo composto por 7 faixas horizontais na proporção 2:1:1:4:1:1:2. Suas cores são rosa, rosa clara, branca, roxa, branca, rosa clara e rosa.

Bandeira exparfeminina


Exparfeminine se refere a alguém intersexo que se sente conectade a experiências transfemininas mesmo que tenha sido designade mulher ao nascimento, por conta de ser intersexo.

Exparmasculine se refere a alguém intersexo que se sente conectade a experiências transmasculinas mesmo que tenha sido designade homem ao nascimento, por conta de ser intersexo.

Como são termos equivalentes a transfeminine e transmasculine, podem ser usados como identidades de gênero, modalidades de gênero ou rótulos à parte destas categorias.

Por exemplo, uma pessoa pode dizer que exparmasculine (ou exparmasculine não-binárie) é seu gênero (assim como termos como transmasculine e transneutre podem ser usados como gêneros); outra pessoa pode categorizar sua identidade de gênero somente como agênero e usar exparmasculine como algo que informa sua expressão de gênero; outra pessoa pode usar algo como homem não-binárie exparmasculine no lugar do que outras pessoas preencheriam como pessoa trans não-binária ou homem ipsogênero.

Os termos em questão foram cunhados por Doc em 28 de novembro.


Um retângulo de 7 faixas horizontais do mesmo tamanho nas cores amarela, amarela clara, branca, azul, cinza escura e preta.

Bandeira advenagênero para pessoas designadas homens ao nascimento

Advenagênero é outro termo para pessoas intersexo; desta vez para pessoas que se identificariam com ou como os gêneros que lhes foram designados ao nascimento – ainda que não necessariamente de forma cis ou binária – mas que não conseguem fazer isso por conta de como diadismo as alienou desses gêneros e de pessoas perissexo que se identificam de forma parecida.

Advenagênero pode ser uma forma de ressignificar tal gênero designado independentemente do que pessoas perissexo pensam sobre quem se encaixa nele. Desta forma, pessoas podem se dizer advenamulheres, advenamasculinas, advenafemininas ou afins (é a própria pessoa intersexo que escolhe qual dos termos é apropriado com base no que ela tem em comum com seu gênero designado).

Este termo foi cunhado por uma mulher não-binária que se vê como advenavir (vir é latim para homem), mas que não se vê como alguém com experiência transmasculina. 🦋 se chama Georgia e cunhou advenagênero em 18 de agosto.


Um retângulo composto por três faixas verticais do mesmo tamanho, nas cores cinza clara, cinza escura e amarela clara.

Bandeira coexta

Coexta descreve alguém cujo relacionamento com gênero é vago e/ou inconsistente. É alguém que às vezes sente que gênero não se aplica a si, mas que outras vezes sente que pode ter um gênero, ainda que não entenda qual é o gênero que está experienciando.

O gênero de alguém coexta nunca parece masculino, feminino ou fortemente relacionado a algo, e por conta disso é difícil ou impossível de descrevê-lo de forma precisa.

Coexta difere de termos como demigênero e poliagênero porque a flutuação tem a ver com a ideia de gênero em si só, não necessariamente com não ter gênero. Desta forma, talvez uma comparação mais próxima seja apofluxo, mas a postagem da cunhagem compara coexta com gênero-cinza, gênero-vago e quoigênero.

Coexta é um adjetivo (se diz uma pessoa coexta e não ume coexta). Este termo foi cunhado por Oz em 28 de fevereiro.


Excentrigênero (termo original: eccentrigender) é um gênero baseado em exagero, codificação queer, melodrama e outros atributos associados com vilanes/antagonistas. Também é associado com androginia, mas não é necessário ser andrógine ou se identificar de forma andrógina para se identificar com este gênero.

Este termo foi cunhado por alguém anônime em uma postagem que foi publicada 18 de outubro.


Expressão de gênero é uma forma de rotular a maneira que alguém se veste, se parece e age. Assim como identidade de gênero, é possível alguém rotular a própria expressão de gênero, e isso importa mais do que outras pessoas vendo de fora consideram que é a expressão de gênero da pessoa. Alguns exemplos de expressões de gênero podem ser encontrados neste tópico.

Inconformidade de gênero, não-conformidade de gênero e outros termos similares significam que alguém tem uma expressão de gênero diferente da esperada. Por exemplo, um homem que gosta de usar vestidos e maquiagem no dia-a-dia pode querer se dizer inconformista de gênero.

Inconformidade de gênero não é um conceito novo; muitas pessoas com experiências trans e não-binárias historicamente só sabiam que eram inconformistas de gênero, especialmente quando a ideia de ser trans era ser uma pessoa binária hétero rica que tinha acesso a cirurgias para “virar seu gênero de verdade”. Além disso, muitas pessoas heterodissidentes se sentem mais em casa quebrando padrões de gênero, e isso inclui pessoas binárias independentemente de suas modalidades de gênero.

Um retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho. Suas cores são turquesa, turquesa escura, roxa escura, roxa, rosa escura, rosa e rosa clara.

Bandeira feminec

Enfim, feminec é um gênero homem que está profundamente ligado à inconformidade de gênero feminina da pessoa. Alguém que é feminec vê sua inconformidade de gênero feminina como parte de seu gênero, e não apenas de sua expressão de gênero.

Este termo foi cunhado por Dexter a pedido de uma pessoa anônima em 13 de março. A postagem com sua bandeira e definição se encontra aqui.

Feminec também inspirou uma série de outros termos:

  • Neutranec, um gênero homem ligado profundamente a uma inconformidade de gênero neutra;
  • Formarenec, um gênero homem ligado profundamente a uma inconformidade de gênero;
  • Formarenec-fluxo, um gênero homem flutuante (ver: gênero-fluxo, quivergênero) ligado profundamente a uma inconformidade de gênero, sendo que esta pode mudar de tempos em tempos (entre feminina e neutra, por exemplo), e é possível que a pessoa mude entre ser inconformista e conformista de gênero de tempos em tempos;
  • Mascugen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero masculina;
  • Neutragen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero neutra;
  • Formaregen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero;
  • Um retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores rosa clara, rosa, rosa escura, roxa escura, turquesa, verde e amarela clara.

    Bandeira formaregen-fluxo

    Formaregen-fluxo, um gênero mulher flutuante ligado profundamente a uma inconformidade de gênero, sendo que esta pode mudar de tempos em tempos, e é possível que a pessoa mude entre ser inconformista e conformista de gênero de tempos em tempos;

  • Femigec, um gênero neutro ligado profundamente a uma inconformidade de gênero feminina;
  • Mascugec, um gênero neutro ligado profundamente a uma inconformidade de gênero masculina;
  • Formaregec, um gênero neutro ligado profundamente a uma inconformidade de gênero;
  • Formaregec-fluxo, um gênero neutro flutuante ligado profundamente a uma inconformidade de gênero, sendo que esta pode mudar de tempos em tempos, e é possível que a pessoa mude entre ser inconformista e conformista de gênero de tempos em tempos;
  • Mascunec, um gênero homem ligado profundamente a uma inconformidade de gênero masculina. Embora ter inconformidade de gênero masculina sendo homem pareça sem sentido, masculinidade queer pode subverter as expectativas sociais direcionadas a homens.
  • Femigen, um gênero mulher ligado profundamente a uma inconformidade de gênero feminina. Embora ter inconformidade de gênero feminina sendo mulher pareça sem sentido, feminilidade queer pode subverter as expectativas sociais direcionadas a mulheres.
  • Femipraes, alguém cuja expressão de gênero feminina é uma parte importante de seu gênero mesmo que seu gênero não seja nada feminino;
  • Mascupraes, alguém cuja expressão de gênero masculina é uma parte importante de seu gênero mesmo que seu gênero não seja nada masculino;
  • Neutrapraes, alguém cuja expressão de gênero neutra é uma parte importante de seu gênero mesmo que seu gênero não seja nada neutro.

Estes três últimos termos foram cunhados em 12 de dezembro.


Retângulo composto por 7 faixas horizontais do mesmo tamanho. Suas cores são verde água, turquesa, turquesa escura, branca, vermelha escura, vermelha e vermelha clara.

Bandeira gênero-geodo

Gênero-geodo é um gênero composto por uma concha base que contém subtipos de/identidades parecidas com tal gênero.

Então, por exemplo, ume mulher gênero-geodo ou mulher-geodo pode ter gêneros como mulher, juxera, mulher-vague, ginx, neulier e libramulher.

Esta é uma identidade poligênero, mas também pode ser tratada como um gênero só, como gênero-poção. Independentemente de tratar esta identidade como um gênero ou como um conjunto de gêneros, é possível usá-la como um subgrupo de gêneros dentro da identidade de gênero de alguém que tem mais gêneros; por exemplo, alguém pode dizer que é gênero-fluido entre aueegênero-geodo, neutrois e zenino.

O termo gênero-geodo foi cunhado em 7 de fevereiro por gendergeode no Tumblr.


Um retângulo composto por 6 faixas verticais, nas cores roxa escura, roxa, bege, roxa e roxa escura. Proporção 1:1:2:1:1, aproximadamente. No centro da bandeira, ocupando todo o seu espaço vertical, encontra-se uma silhueta estilizada preta de poste de luz, que é simétrica e bem fina.

Bandeira urbanox

Urbanox é um xenogênero e estetigênero definido por sua conexão com luzes noturnas em uma cidade. Tem a ver com o efeito combinado de luzes de janelas de prédios, postes de luz, luzes de carros e luzes refletidas pela água no pavimento.

Este gênero pode ser calmo, fresco (no sentido de vento fresco) e relacionado aos sons de uma cidade, como sirenes, carros dirigindo e vento. Em algumas noites, inclui raios gentis de luz da lua iluminando o vapor que sobe dos esgotos e se dissipa no céu noturno.

Urbanox pode ser um gênero nostálgico e solitário, mas também confortável. Não é inerentemente gênero-fluido ou gênero-fluxo, mas pode ser. Pode ter quaisquer atributos ligados a gênero, mas a pessoa que cunhou urbanox experiencia neutralidade neste gênero.

Leaf cunhou urbanox em 4 de setembro.


O conceito de ambiguidade de gênero não é realmente algo novo, mas a cunhagem de AmEE (ambígue em essência) para abrigar identidades e experiências com esta característica é.

Ambiguidade de gênero é uma característica que significa que o gênero está aberto a várias interpretações, ou que não se conforma com nenhuma interpretação. Alguns exemplos de identidades de gênero ambíguas são nímise, livre de gênero e ambiguine.

A postagem explicando este conceito desta forma foi feita em 12 de maio por variant-archive no Tumblr.


Sete faixas horizontais, sendo que a faixa central possui o dobro do tamanho das outras, nas cores verde clara, amarela, amarela clara, branca, salmão, marrom clara e vermelha.

Bandeira aueegênero ou auingênero

AuEE (autônome em essência) é também uma cunhagem que inclui identidades que já existiam antes, como egogênero e maverique.

Autonomia de gênero descreve uma qualidade definida por autodeterminação e independência de outros conceitos de gênero. Uma pessoa com um gênero autônomo pode dizer que seu gênero é definido em seus próprios termos, emancipado ou livre de outros gêneros, de seus papéis, de suas categorizações e/ou de suas expressões.

Ter uma identidade caracterizada por autonomia de gênero significa ter uma identidade pessoal e íntima, o que significa que identidades assim podem ser expressadas e sentidas de formas diferentes por pessoas diferentes. Pessoas podem ver sua autonomia de gênero como o resultado de agir livremente em relação à sua identidade e expressão, e podem ver seus gêneros como algo que “simplesmente é”, que poderiam ser descritos como características pessoais que fazem dessas pessoas únicas.

A cunhagem deste conceito como uma categoria para gêneros se origina na cunhagem de cunêusique/kunneusik, um gênero com elementos autônomos e neutros que são ambos fracos e/ou indefinidos cunhado em 17 de fevereiro, que foi baseado em verneu/verrneu, um termo cunhado em 26 de dezembro de 2017.

Um retângulo composto por 4 faixas horizontais, nas cores verde escura, branca, amarela e verde.

Bandeira neutrique

Isso fez com que, mais pra frente, ume anônime tenha enviado uma pergunta para forgotten-mogai no Tumblr sobre querer algo como cunêusique sem o elemento de indefinição, o que fez com que Gent do Tumblr gender-resource respondesse com a cunhagem de Neutrique, um gênero autônomo e neutro em 28 de abril.

No dia 30 de abril, Gent postou uma lista de gêneros autônomos cunhados juntamente com Kaut (arco-pluris no Tumblr). Uma resposta explicando melhor o que é autonomia de gênero foi feita em 3 de maio, e a postagem sobre aueegênero foi feita em 12 de maio.

Definições traduzidas de alguns aueegêneros podem ser encontradas aqui.


Em 17 de maio, variant-archive fez uma postagem sobre Q(U)IN (queer in nature/por natureza), ou seja, QuEE (queer em essência). Esta seria outra característica relacionada a gênero, desta vez baseada em queer e genderqueer.

Uma bandeira de 7 faixas, nas cores roxa escura, roxa, roxa clara, branca, verde clara, verde e verde escura. A faixa branca é maior do que as outras.

Bandeira queegênero, quingênero ou qingênero.

É uma categoria relativamente aberta. A pessoa que cunhou diz que é similar a aporinidade e xeninidade, ao menos em relação ao seu próprio gênero que é queer, mas acredito que qualquer identidade de gênero que envolva algum tipo de queeridade ou inconformismo em relação à di/cis/heteronorma possa dizer que seu gênero é queer em essência. Gent faz apontamentos similares aqui.

 


 

Esta foi uma amostra dos termos cunhados neste ano! Eu adoraria fazer uma retrospectiva assim todos os anos, mas elas levam tempo e organização. Veremos se eu conseguirei fazer uma no ano que vem.

26 de outubro: Dia da Visibilidade Intersexo  0

Uma das bandeiras intersexo, criada pela OII

Esta é uma das poucas datas dedicadas a pessoas intersexo. Nenhuma identidade LGBTQIAPN+ possui muitas datas por si só, mas levando em consideração a invisibilidade de questões intersexo dentro de espaços LGBTQIAPN+, parece que é pouco.

Caso você não saiba o que significa intersexo, você pode ver a página sobre isso aqui. Caso esteja sem tempo, pessoas intersexo são pessoas que, por motivos congênitos – ou seja, naturais, e não induzidos por acidentes, terapia hormonal ou cirurgias – não se encaixam nos padrões diadistas de “sexo feminino” ou “sexo masculino”. Isso pode ser devido a uma série de fatores, afinal existem dezenas de variações corporais relacionadas a sexo conhecidas.

Poucos países possuem o direito à autodefinição de gênero ou à autonomia corporal de pessoas intersexo. De fato, apenas Malta, um pequeno país europeu, atualmente garante integridade física, autonomia corporal, reparações, proteções anti-discriminação, acesso a documentos de identificação, acesso aos mesmos direitos de pessoas perissexo/diádicas (não-intersexo) cisgênero, direito a mudar seus documentos entre masculino e feminino e acesso a uma classificação X nos documentos caso não se sintam confortáveis com categorias binárias. (Fontes: 1, 2)

Ou seja, na maior parte dos países, pessoas intersexo não possuem acesso a classificações além de “masculina” ou “feminina” em seus documentos. Tais classificações não podem ser autodeterminadas. Pessoas intersexo menores de idade não possuem proteções contra terapias hormonais e cirurgias de mutilação genital forçadas e/ou erroneamente recomendadas por pessoas da área médica que acreditam que ser intersexo é “doença” ou “malformação” a ser “curada”. Não possuem nenhuma proteção contra discriminação por serem intersexo. Também não possuem nenhum direito a reparações pelo sofrimento que essas condições de vida podem causar. E, ainda assim, muitos grupos que lutam por direitos humanos nem mencionam questões intersexo.

A partir da introdução e da fortificação do binário de sexo e gênero, pessoas intersexo tornaram-se marginalizadas por seus corpos supostamente “não alinharem” com seus gêneros, assim como outras pessoas não-cis (outras porque pessoas intersexo não possuem privilégio cis), e assim como pessoas não-hétero são excluídas pelos seus gêneros/corpos “não alinharem” com as expectativas sobre suas atrações. Por isso, pessoas intersexo fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+, ainda que existam pessoas intersexo que não se sentem seguras ou que não fazem questão de participar de espaços para a comunidade, assim como existem pessoas gays, bi, assexuais, não-binárias, etc. que fazem o mesmo.

Algumas organizações atualmente incluem pessoas intersexo em suas versões da sigla (LGBTI, LGBTIQ, LGBTQIA, etc.), mas muitas tentam passar a ideia de que questões intersexo são totalmente diferentes de “questões LGBT” (como se as identidades cobertas por essas quatro letras não tivessem demandas diferentes entre si), que pessoas intersexo “cis e hétero” estão “se forçando na comunidade”, ou que pessoas de alguma outra identidade “controversa” (queer, assexual, arromântica, não-binária, etc.) estão “forçando pessoas intersexo na comunidade” para “confundir as pessoas e arranjar desculpas para invadir a comunidade”. Essas versões da história ou do propósito da comunidade são desrespeitosas tanto a pessoas intersexo quanto a outras pessoas que não são visivelmente parte da sigla que foi definida como “tradicional” ou “consagrada”.

Como comunidade e como pessoas, devemos aceitar, respeitar e incluir pessoas intersexo, não só por suas demandas serem parecidas com outras partes da comunidade, mas também por serem um grupo marginalizado pela sociedade dicissexista por si só.

Procurem se informar, especialmente pelo dia de hoje ter gerado diversas postagens sobre questões intersexo.

Intersex Day (inglês/espanhol) (+ Facebook)

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Intersexo e Dignidade

Coletivo Intersexo RS (sem postagens informativas no momento, precisa de gente)

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