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Alguns termos cunhados em 2024  0

Bandeiras intercultu, hexódica, normalxeana, ante, ogli, de atração nebulosa e transqueseja.

Boas vindas à postagem anual destacando termos cunhados durante o último ano que passou! Para quem tem interesse em ler as anteriores, a tag retrospectiva contém publicações destacando termos de 2017 e de todos os anos que já passaram a partir de 2020.

Antes de falar sobre termos, porém, quero aproveitar e destacar algumas outras publicações com temática LGBTQIAPN+ de 2024:

 

Leituras e afins

 

  1. De janeiro, sobre objectum e cultura cringe: Objetos escondidos, em Xenofiction;
  2. De fevereiro, sobre mulheres e homens que não se dizem bináries: Um texto sobre e para mulheres e homens fora do binário de gênero, em Blogue Alternative;
  3. De março, sobre amatonormatividade também afetar homens cis arromânticos e heterossexuais: Thinking about the whole “cishet aromantic men” thing (…), no Tumblr aromantic-diaries. Aviso de conteúdo para aromisia;
  4. De abril, sobre sexonorma e alonorma: 6 de abril | Dia Internacional da Assexualidade, uma postagem no Instagram do Coletivo AbrAce. Aviso de conteúdo para alossexismo, sexonormatividade e patologização;
  5. De maio, sobre a intersecção de gênero com identificações não-humanas/alterumanas: My Gender is [NOT] Human Zine, um PDF compilando trabalhos de váries;
  6. De junho, sobre vantagens biológicas reais ou supostas: Atletas trans têm vantagem? Originalmente no Tumblr Múltiplas Identidades. Atualmente aqui. Aviso de conteúdo por ser uma discussão relacionada a cissexismo e diadismo.
  7. De julho, invertendo a lógica da história de inspiração: as pessoas acham que ser trans é ter coragem, do Instagram da Pérola Pessoa. Aviso de conteúdo para cissexismo;
  8. De agosto, sobre não ter gênero e a possibilidade de ainda assim ser cis vindo de uma pessoa não-binária sem gênero: (My reaction to) ‘Cis by Default’, ‘Cis-genderless’, and ‘Gender Detachment’: Three Terms You’ll Hopefully Be Hearing More Of, em . Aviso de conteúdo para cissexismo (majoritariamente como questão de ignorância);
  9. De setembro, sobre a defesa da pluralidade da neolinguagem: Parecer sobre linguagem, da ABRANB;
  10. De outubro, sobre a explosão de ódio contra boycetas e suas consequências: O impacto da [transmisia] na minha vida depois de viralizar, corte de um episódio do Bluecast no canal do Jupi77er. Aviso de conteúdo para uso de fobia para descrever discriminação, cissexismo, gordemisia, suicídio, discurso de ódio e perseguição com teor intolerante;
  11. De novembro, sobre a invisibilidade de sáfiques feminines e de pessoas bi: A confusão de ser bissexual, coluna de opinião de Sara Correia publicada em Dezanove. Aviso de conteúdo para multimisia, femimisia, linguagem mascunormativa e uso de fobia pra descrever discriminação;
  12. De dezembro, respondendo perguntas comuns sobre acemisia: Asexual Theory 101, no Tumblr leikeliscomet. Aviso de conteúdo para alossexismo e intersecção com outras opressões, além da presença do sufixo fobia para indicar discriminação. Também aproveito para recomendar esta postagem, que é sobre negatividade contra pessoas assexuais que não querem ter relações sexuais; os mesmos avisos de conteúdo se aplicam, com ênfase em alossexismo e racismo.

Quis destacar alguns destes trabalhos porque é importante falar sobre questões LGBTQIAPN+ de formas que vão além da cunhagem de termos. Nestes tempos, presenciei algumas pessoas se desculpando por não estarem cunhando tantos termos quanto antes, ou desafios puramente em torno de cunhar termos e/ou fazer bandeiras, enquanto pessoas fora de tal nicho repetem que quem usa termos incomuns ou mesmo neolinguagem nos próprios conjuntos são só pessoas jovens explorando suas possibilidades antes de se satisfazerem com “identidades normais”.

Enquanto identidades não precisam ser justificadas para ninguém e não há problema em cunhar alguma identidade nova quando não há nada que se encaixe bem, há uma lacuna muito grande quando se trata de explorar termos já existentes mas que não são necessariamente comuns. Quantos textos existem da perspectiva de pessoas abro, enquanto sites de notícias especulam sobre o termo para buscar cliques de pessoas que nunca viram o termo? Quantos vídeos ou podcasts existem por aí de pessoas apogênero, gênero-vácuo e/ou casgênero falando sobre experiências em comum e sobre suas diferenças como pessoas em diferentes partes do espectro agênero? Quantas pessoas que querem ser tratadas com o uso de neolinguagem estão se esforçando em apresentar o conceito de forma inclusiva de vários conjuntos, e não só como “linguagem neutra com u/e”?

Quero encorajar todes a se expressar para além de termos e bandeiras. Falem sobre suas experiências, apontem quando frases comuns discriminam contra suas identidades, tenham mente aberta para usar mais termos mas também para deixar outros termos para trás. Façam textos, vídeos, músicas, podcasts, sites, apresentações de slides. Entrem em (ou criem) comunidades com identidades em comum, achem pessoas para produzir colaborações. Não deixe só para outras pessoas falarem sobre o que a sua identidade significa de perspectivas externas.


Termos

 

Atração nebulosa

Retângulo dividido em sete faixas horizontais do mesmo tamanho, exceto que a faixa do meio vai se abrindo em um círculo no meio da bandeira que alcança até a segunda e a penúltima faixas. As cores das faixas são roxa escura, roxa, ameixa, azul esverdeada clara, púrpura, roxa azulada e preta azulada.

Bandeira de atração nebulosa

Termos como nébula, plátoni, cáli, ari e outros que descrevem ou podem descrever uma dificuldade de distinção entre atrações já existem há anos, mas o conceito de atração nebulosa surge como uma forma de resolver a lacuna léxica pelo outro lado. Assim, ao invés de explicar quais as formas de atração que são difíceis de distinguir com uma combinação de prefixo e sufixo, pessoas dizendo que possuem orientações nebulosas conseguem comunicar que não conseguem ou querem distinguir entre todos ou alguns tipos de atração ao mesmo tempo que conseguem destacar algum prefixo diferente. Por exemplo:

  • Alguém enebanebulose sente atração por pessoas não-binárias, mas pode não saber distinguir se tal atração é sexual, romântica, alternativa ou afins;
  • Alguém assexual e polinebulose está descrevendo que, enquanto consegue se definir como assexual, é capaz de sentir atração por múltiplos gêneros de outras formas, as quais não consegue distinguir entre si;
  • Alguém panqueerplatônique e enigmanebulose pode não entender o quanto/se sente atrações além da queerplatônica, e perceber elas como difíceis demais de entender para categorizar entre sexual, romântica, estética ou afins.

É possível que a data original da cunhagem do termo tenha sido perdida. O compartilhamento do Tumblr orientation-archive é datado de 14 de março, mas a conta original, pething, foi desativada pouco mais de um mês depois do compartilhamento.


G7G

Retângulo dividido em sete faixas, sendo que quanto mais as faixas estão perto da faixa central, menos tamanho elas têm. Suas cores são laranja clara, vermelha alaranjada, marrom avermelhada, cinza escura avermelhada, marrom amarelada, laranja e amarela escura.

Bandeira NB7NB

Na página do Orientando sobre termos juvélicos, é possível perceber que traduzi gender loving gender (“gênero amando gênero”) como “gênero atraído por gênero” (ou GAG). Isso porque já havia percebido um problema em potencial em caracterizar todos os tipos de atração como “amor”. Pois bem, em 26 de junho, Scones, obnebulant-mogai no Tumblr cunhou G7G, um conceito aberto a todes mas focado em pessoas arromânticas loveless (resumidamente, que não estão confortáveis em chamar qualquer atração que sentem de amor). O número 7 está sendo utilizado por parecer uma letra L virada.

Scones também publicou algumas bandeiras G7G junto à cunhagem do termo: para homens com atração por homens, mulheres com atração por mulheres e pessoas não-binárias com atração por pessoas não-binárias.

(Uma versão da publicação com a cunhagem arquivada pode ser encontrada aqui.)


Ante-

Retângulo composto por sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores roxa escura, índigo, azul, branca, salmão, rosa avermelhada e magenta.

Bandeira ante

Em 17 de julho, Shrub, shrubmogai no Tumblr, cunhou a orientação ante, para pessoas que são queer de certa forma e que por isso não se sentem confortáveis aplicando o termo hétero a si mesmas, mesmo que a descrição de tal termo seja aplicável para descrever sua atração.

Este termo é especialmente relevante em ambientes onde se coloca hétero como oposição a LGBTQIAPN+, alienando pessoas trans, intersexo, a-espectrais, variorientadas ou afins que se encaixam no termo hétero em pelo menos um de seus tipos de orientação. Tal alienação pode partir de afirmações e chacotas de dentro da comunidade, mas é especialmente relevante quando se trata da própria sociedade heterossexista excluindo pessoas da heterossexualidade por conta de suas identidades LGBTQIAPN+.

Obviamente, o uso do termo ante é opcional, sendo mais para o conforto de pessoas que não se sentem mais confortáveis em se dizer hétero por qualquer motivo do que uma categorização obrigatória.


Ogli-

Retângulo formado por seis faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores lilás, verde-água, amarela clara, branca, cinza e roxa.

Bandeira ogli

O termo ogligênero já existe há anos, mas, com base em tal conceito, Dionésio, Eutocansada6789 em colorid.es, cunhou em 5 de agosto a orientação ogli. Esta se refere à presença de atração por múltiplos gêneros, com quantidade não especificada além de pouca. Assim, o termo é uma alternativa a usar bi ou pôli para quem sente atração por poucos gêneros, sem também ter a obrigação de limitar um número de gêneros, como é o caso de orientações como tri (ao menos em uma de suas definições).

Pessoas que sentem atração somente por mulheres e por homens, pessoas a-espectrais que sentiram atração poucas vezes na vida por pessoas de alguns gêneros diferentes mas que não se sentem confortáveis se definindo como pan ou outro termo denotando atração por todos os gêneros e pessoas que já sentiram atração por pessoas com algumas identidades de gênero parecidas mas nunca por pessoas com identidades de gênero completamente diferentes disso são alguns exemplos de motivos para adotar o termo ogli. E nada disso exclui tais pessoas de também se dizerem múlti, bi ou pôli se preferirem, ou de não se descreverem com tais termos caso não se sintam confortáveis com isso, assim como acontece com outros casos onde é possível escolher entre vários termos para descrever certa experiência.


Hexódique

Retângulo transparente com um símbolo no meio que imita uma flor e/ou uma paleta de tintas estilizadas. Na ordem horária, começando da paleta de cima, as cores de cada "pétala" são laranja, amarela, verde, azul, roxa e vermelha. As partes vermelha e verde são maiores que as restantes, mas, fora isso, o símbolo é simétrico. No centro dessas formas, há um círculo branco.

Bandeira hexódica

Este termo não é especificamente uma identidade não-binária, e também não descreve necessariamente uma orientação ou uma experiência altersexo. Assim como vesil, porém, é um termo cunhado em um contexto LGBTQIAPN+ que pode ser usado para descrever uma identidade dissidente em tal contexto.

Enfim, hexódique descreve qualquer tipo de identidade relacionada a um código hex RGB específico.

Códigos hex são um conjunto de valores hexadecimais (base 16, assim como códigos binários possuem base 2 e a maioria dos números usados no dia-a-dia vão estar em base 10). No caso relevante à identidade hexódica, os códigos representam quantidades de luz vermelha, verde e azul (RGB é a abreviação na língua inglesa) para formar cores em monitores ou outros dispositivos eletrônicos. Cada valor vai de 00 até FF, sendo que a letras A-F representam números que, na base 10, vão do 10 ao 15 (depois de 00 até 08, os números seguintes são 09, 0A, 0B, 0C, 0D, 0E, 0F, 10, 11 e 12; os números que seguem 9E são 9F, A0, A1, A2 e assim por diante).

Assim, a cor vermelha mais forte é representada em código por #FF0000: os dois primeiros algarismos representam a luz vermelha, enquanto as luzes verde e azul estão apagadas. Enquanto isso, o tom de ciano mais forte é #00FFFF, pelos dois últimos conjuntos de cores estarem em seus valores máximos enquanto a luz vermelha está completamente desligada. #FFFFFF resulta na cor branca, #000000 resulta na cor preta e outros valores de cores iguais resultam em tons de cinza: #F8F8F8 é quase uma cor branca, mas é cinza, enquanto #333333 é um tom de cinza bem escuro. A cor atual dos links do Orientando é #B000BA, que representa uma cor roxa com nada de verde e cores vermelha e azul fortes, ainda que a azul seja um pouco mais forte.

Retângulo cujo fundo é a cor rosa de tom F1 45 81. No centro, há uma roda de cores imitando uma flor ou uma paleta, assim como na bandeira anterior, mas todas as formas são tons diferentes da cor rosa parecidos com a cor do fundo.

Bandeira hexódica . Fonte.

Identidades hexódicas podem ser vagas, isto é, só descrever que um código específico é relacionado à identidade de alguém, mas também podem ser usadas de formas mais específicas. Uma pessoa hexódica #AABBCCgênero pode se descrever como hexódica num geral ou como hexódica , e também pode dizer que é gênero-cor e xenogênero pela sua identidade de gênero ser relacionada com uma cor. Uma pessoa pode ser hexódica de forma que tem a ver com ser fictionkin, caso veja a cor específica de uma espécie/ume personagem como relevante à sua identidade. Portanto, o termo em questão é tanto mais abrangente quanto mais específico do que gênero-cor, já que tal termo só cobre identidades de gênero mas não se limita a um código específico.

Ender, enderluna no Tumblr, publicou a primeira postagem sobre hexodic no dia 10 de setembro. A conta hexodic no Tumblr se propõe a ser um arquivo de bandeiras hexódicas e de termos relacionados.


Teratical

Assim como hexódique, este termo surge em um contexto queer, mas não representa exclusivamente uma identidade queer.

Retângulo cinza escuro com cinco faixas coloridas finas indo do canto superior esquerdo ao canto inferior direito. Da esquerda para a direita, as cores das faixas são azul, verde, amarela, rosa e roxa.

Bandeira teratical

Segundo a postagem no Tumblr intervex publicada em 4 de outubro, qualquer pessoa pode adotar o termo teratical caso seu corpo seja estigmatizado de forma que a sociedade enquadre como “monstruoso”. É um termo que reinvindica o conceito de teratologia de forma que constrói solidariedade entre pessoas intersexo, gordas, com deficiência, cujos corpos foram permanentemente afetados por danos e afins.

O termo não se limita a pessoas que nasceram de forma diferente ou a pessoas com deficiências visíveis. Seu intuito é incluir além do que o campo da teratologia tende a incluir. A publicação explicando teratical também oferece os seguintes subtermos:

  • Interteratical: teratical de forma ligada a ser intersexo, como preencher o estereótipo de “mulher barbada” por ser intersexo;
  • Neuroteratical: teratical de forma neurológica, como casos onde pessoas tremem, ficam paralisadas, passam por crises epilépticas ou são afetadas por dispráxia ou autismo;
  • Musculoskeleteratical (tradução sugerida: musculoesqueleteratical): teratical de forma musculoesqueletal (como em cifoescoliose ou braquidactilia);
  • Syndesmoteratical (tradução sugerida: sindesmoteratical): teratical de forma conectada ao funcionamento do tecido conjuntivo, como nas síndromes de Ehlers-Danlos ou de Marfan;
  • Dermoteratical: teratical de forma dermatológica, como em vitiligo ou albinismo;
  • Fat-teratical (tradução sugerida: gorteratical): teratical de forma ligada a ser gorde;
  • Mad-teratical / psychoteratical (traduções sugeridas: louteratical / psicoteratical): teratical de forma louca/mental (o conceito de loucura está sendo utilizado aqui no sentido de orgulho louco);
  • Enviroteratical: teratical de forma ligada ao ambiente (como em caso de exposição ao chumbo);
  • Genoteratical: teratical de forma genética (como no caso de Down ou de hiperplasia adrenal congênita);
  • Cryptoteratical (tradução sugerida: criptoteratical): teratical de forma desconhecida ou incerta (scifimagpie é creditada com o termo);
  • Racioteratical: teratical de forma amplificada por racialização.

Notra-

Faixas horizontais do mesmo tamanho nas cores magenta clara, rosa avermelhada, amarela, ciano, turquesa e verde água.

Bandeira notrassexual (a única fornecida)

Esta orientação cunhada por Mylo (thegendercollecteroffical no Tumblr) no dia 27 de novembro denota atração por quem não é tradicional/normative, em relação a gênero, expressões de gênero ou afins.

A orientação diverse (que denota atração por identidades e expressões que diferem de normas sociais) já existe faz anos, mas, por ter um nome baseado em uma palavra já existente mesmo na língua inglesa padrão, é mais difícil pesquisar por ela, e talvez seu nome seja um empecilho de uma forma ou de outra. É uma palavra que não pode ser usada por si só que também não tem um significado diretamente relacionado com a definição da palavra em outros contextos.

Mesmo assim, há demanda para termos específicos a atração por pessoas inconformistas de gênero, ainda que isso seja muitas vezes um desejo de pessoas que também não desejariam usar um termo pouco comum para sua orientação. De qualquer forma, é sempre possível usar notra ou diverse junto com outros termos, como notragay, diversebi ou polissexual notrassexual.


Averagxan / Xormaleane / Normalxeane

Um gênero que é normal. Não se preocupe com isso

Retângulo dividido em cinco faixas horizontais, mas de forma que cada uma das faixas também é dividida em cinco subfaixas. As faixas maiores são verde escura, verde, dourada, marrom clara e marrom avermelhada. Cada uma destas faixas tem cinco faixas parecidas que vão de tons um pouco mais claros até tons um pouco mais escuros, formando degradês relativamente difíceis de enxergar.

Bandeira xormaleana

A citação acima é uma tradução direta da definição publicada por Lilac, ashenwilting no Tumblr, em 11 de dezembro. Em um comentário, Lilac especifica que a descrição é sarcástica: uma pessoa com este gênero na verdade não vê seu gênero como normal, e está falando para que outres não se preocupem de forma propositalmente suspeita.

Isso significa que esta identidade está bastante aberta à interpretação: seria alguém xormaleane alguém que se sente bastante aflite em relação a este gênero? Alguém que tem um gênero complexo demais para querer explicá-lo? Ou alguém que prefere mascarar um gênero que é pessoal demais para revelar com um termo que encobre sua natureza?

De qualquer maneira, é possível também especificar mais o termo, usando variações como xormalenebê (averagenby; “um gênero para quem é só uma pessoa não-binária normal, não se preocupe com isso”), xormalgate (averagcat; “um gênero para quem é só ume gate normal, não se preocupe com isso”) ou afins.

Não houve muito retorno ou consenso para uma tradução do termo original, averagxan. Mais possibilidades de tradução podem ser encontradas aqui.


Transwhatever / Transqueseja

Retângulo dividido em sete faixas horizontais do mesmo tamanho, mas a maioria destas faixas também são divididas na horizontal em cores diferentes. A primeira faixa é rosa avermelhada, magenta clara e lilás. A segunda faixa é verde clara e amarela clara. A terceira faixa é rosa bebê e azul bebê. A faixa central é branca. A quinta faixa é azul bebê e rosa bebê. A sexta faixa é laranja clara e roxa clara. A sétima faixa é esmeralda, ciano e amarela.

Bandeira transqueseja

Este termo cunhado em 21 de dezembro pelo sistema Choir, ridibulous no Tumblr, descreve apatia e descontentamento em relação a termos como transandrógine, transfeminine, transmasculine, transneutre, transouterine ou outros similares (isto é, termos que tendem a descrever uma transição em direção a certo ponto com o prefixo trans ou um alinhamento com certa qualidade de gênero).

É relativamente comum que pessoas não-binárias sejam perguntadas se são transfemininas ou transmasculinas, de forma que não tende a acontecer em relação a outras especificidades não-binárias (por exemplo, se são aporagênero ou gênero-fluido). Isto pode gerar uma reação negativa a ponto de alguém querer um termo apenas para rejeitar tais termos, de forma que acontece também com o próprio termo “não-binárie” (que só rejeita a possibilidade de ser 100% homem ou de ser 100% mulher sem especificar a identidade de gênero).

Existem também cobranças cissexistas em relação a apenas validar a identidade de alguém se houver alguma forma de transição envolvida. Enquanto ninguém uma transição desejada não deve ser considerada desnecessária ou frívola, pessoas cisdissidentes também não devem ser pressionadas a preencher um ideal cissexista do que alguém precisa fazer/ser para ter certa identidade de gênero, e rejeitar o uso de termos com conotação de transicionar em certa direção pode fazer parte disso.


Intercultu

Fundo composto por nove faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores amarela queimada, amarela, amarela pálida, marrom clara, marrom, marrom clara, amarela pálida, amarela e amarela queimada. No centro da bandeira, há um contorno de um círculo roxo. Todas as cores da bandeira possuem saturação relativamente baixa.

Bandeira intercultu

Este termo foi cunhado antes do dia 16 de abril de 2024, porque foi nesta data que a conta akeneki no Tumblr, que publicou a cunhagem do termo, foi desativada. Esta republicação de interarchive é do dia 25 de dezembro. Portanto, é possível que o termo não seja de 2024, mas ele é interessante e relevante o suficiente para ser escolhido para esta lista.

Intercultu descreve uma pessoa intersexo que se vê dentro de uma identidade de gênero presente somente em sua própria cultura, mas de forma também particular a pessoas intersexo. A questão de ser intersexo pode ou não alterar a forma tradicional do gênero culturalmente específico em questão.

Historicamente, existem registros de pessoas que vemos como intersexo sendo categorizadas como gêneros separados ou variações de mulher ou homem, como napumsakapandala ou hijra. Nem todas as identidades específicas a determinadas culturas surgiram como formas de incluir pessoas intersexo, mas é possível que pessoas intercultu usem termos que podem ser definidos por suas variações intersexo.


Observações finais

Tive bastante dificuldade em reunir esta lista, já que busco destacar termos mais versáteis e com conceitos mais originais. Um padrão que percebi neste ano é de muitas cunhagens de identidades de gênero relacionadas a mídias específicas. Eu não sou contra pessoas se descreverem de tais formas, mas, para propósitos de exemplificar a diversidade existente em listas, tais termos acabam sendo relativamente repetitivos, se encaixando majoritariamente em:

  1. Termos que descrevem identidades descritas por/relacionadas a certa mídia ou aspecto de certa mídia (como música, personagem ou espécie fictícia), como freakfortrenestes termos relacionados à trilha sonora da parte 5 de JoJorainflowercharicthedesolationgender ou handlermuseical;
  2. Termos que adicionam aspectos em cima do item anterior, como hostshadowclanbonnietismestes termos relacionados com a Triforcelindaric ou estes termos relacionados com The Magnus Archives;
  3. Termos que descrevem uma forma de algum termo que já existe, mas que é relacionada a tal mídia, como estes termos relacionados com Horrid Henrywybieazurboy ou battermascglessic.

Assim, acabo considerando mais útil focar em termos mais gerais (como xenogênero ou gênero-alterumano) quando se trata de destacar esses tipos de identidades.

Eu compilei a lista entre o final do ano passado e as primeiras semanas deste ano; a demora em publicar isto vem de outros fatores. Dito isso, é possível que eu reduza a lista de 2025 e coloque um holofote maior em criações que vão além da cunhagem de termos.

Além disso, eu recomendo manter backups locais de quaisquer publicações queer. Váries governos e empresas estão avançando contra direitos de grupos marginalizados, especialmente de pessoas cisdissidentes, o que significa que espaços corporativos como o Tumblr e o Instagram estão em risco de acatar a censuras impostas por grupos dominantes. Sites de arquivamento como archive.today, web.archive.org e ghostarchive.org são úteis para manter backups online, mas é importante ter em mente que mesmo tais sites podem vir a desaparecer. Tumblr-utils permite fazer backups locais de Tumblrs inteiros e a função de RSS do Thunderbird grava postagens recebidas no próprio computador, e estes são exemplos de métodos pelos quais mídias podem ser preservadas para além da possibilidade de uma conta ser apagada. Além do mais, wikis e contas pessoais podem ser utilizadas para recompartilhar informações.

Feliz 2025, e que continuemos fortes.