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Participe de um encontro virtual para usuáries de neolinguagem no dia 05/10/25!  2

nuvem cinza com degradê arco-íris em diagonal no meio. Várias sílabas estão espalhadas pela imagem, como zi, li, ó, y, ae, lu, xi, é, e, ol, am, ni e i.

Embora existam vários grupos focados em não-binaridade, transgeneridade ou ser LGBTQIAPN+, há poucos grupos dedicados a usuáries de neolinguagem, a ponto de posições antineolinguagem acontecerem até mesmo dentro de espaços LGBTQIAPN+, trans ou não-binários. Este encontro pretende reunir pessoas que buscam ter os elementos neolinguísticos em suas linguagens pessoais afirmados, e ser um local menos hostil ou ignorante com usuáries de neolinguagem do que outros espaços tendem a ser.

 

Informações sobre hora, local e cadastro

 

Informações sobre o público-alvo

Este encontro é focado em usuáries de neolinguagem, no sentido de serem pessoas que podem ou devem ser tratadas com elementos neolinguísticos. Porém, entendo que esta descrição em si pode ser ambígua, ou ser insuficiente para certas pessoas. Por conta disso, aqui estão alguns exemplos de pessoas que são bem vindas (usando o modelo artigo/pronome/final de palavra):

  • Pessoas que preferem somente o uso de neolinguagem para que se refiram a elas (em relação a marcações de gênero gramatical), com apenas -/-/- sendo uma opção para que neolinguagem não seja utilizada. Por exemplo, uma pessoa que só diz usar ê/elu/e, ou outra pessoa que só pede ser tratada por i/éli/i ou le/ile/e;
  • Pessoas que possuem preferências parciais pelo uso de neolinguagem, mas que também usam outros conjuntos. Por exemplo, uma pessoa que usa tanto -/ilu/e quanto o/ele/o, ou outra pessoa que usa quaisquer conjuntos além de o/ele/o mas que prefere i/ila/i;
  • Pessoas cujos conjuntos contém tanto elementos neolinguísticos quanto elementos existentes na língua padrão. Por exemplo, uma pessoa que usa só e/ele/e, ou outra pessoa que usa tanto a/ila/a quanto -/-/a;
  • Pessoas sem preferência por um ou mais elementos em seus conjuntos, mas que aceitam ser tratadas com o uso de neolinguagem dentro de tal falta de preferência. Por exemplo, alguém que usa qualquer linguagem e que não se importa em ser tratada por -/ily/y ou ê/elu/e ou quaisquer outros conjuntos, ou outra pessoa que pede para que os pronomes e finais de palavra sejam trocados mas para que artigos não sejam usados (-/[r.]/[r.]) e que não se importa com pronomes como ulae, ilã ou elé ou com palavras como pintoroa, alune ou bonitel sendo utilizadas para si;
  • Pessoas que geralmente não exigem tratamento com neolinguagem, mas que estão questionando o próprio tratamento e que, por conta de tal processo de descoberta, querem testar um ou mais conjuntos que contém neolinguagem para se referir a si.

Não há a obrigação de ser não-binárie ou trans para participar; também aceitamos pessoas não-conformistas de linguagem de quaisquer identidades ou modalidades de gênero, desde que priorizem ou aceitem tratamentos com neolinguagem.

Porém, eu peço para que haja ao menos a compreensão do modelo artigo/pronome/final de palavra, o qual é importante não só para aquelus que usam conjuntos não considerados “óbvios” mas também para ser possível a discussão de elementos neolinguísticos. Ninguém será obrigade a demonstrar seu conjunto apenas com tais elementos, e é entendível alguém preferir só escrever “qualquer” ao invés de “[q.]/[q.]/[q.]” ao lado do próprio nome, mas é importante entender que alguém dizendo que usa a/elu/e não está demonstrando que usa os pronomes alu, elu, ale e ele, e sim que elu quer ser tratade com artigo a, pronome elu e final de palavra e.

Para quem não tem prática com tal modelo, é possível treiná-lo em Teste um conjunto (que testa um conjunto específico de cada vez) e Teste sobre conjuntos de linguagem (que testa a compreensão acerca de vários conjuntos). O texto Uma postagem sobre conjuntos e neolinguagem inspirada por respostas erradas também pode ser uma leitura útil por apontar erros comuns, como a troca de artigo por final de palavra, flexões em palavras que não flexionam e a fixação em tentar memorizar um “gênero linguístico que concorda com pronome tal” e tentar aplicá-lo a todes es usuáries daquele pronome.

 

Haverão pautas ou atividades?

A ideia é que seja um espaço de socialização onde usuáries de neolinguagem possam se conhecer e trocar contatos e experiências. Dito isso, para haver algum foco, no início serão definidas pautas para a conversa, com cada pessoa podendo contribuir onde quiser (tanto em relação aos assuntos quanto em relação a falar sobre tais assuntos). Os assuntos podem ser tanto representação da neolinguagem na mídia quanto como é usar neolinguagem no trabalho, ou mesmo questões menos relacionadas com neolinguagem, como quais jogos cada pessoa jogou recentemente. Vai depender muito do que cada pessoa quiser levantar!

No entanto, já aviso que quero levantar as pautas da negatividade acerca da neolinguagem e da falta de prática com neolinguagem até mesmo dentro de espaços não-binários. É provável que ao menos relatos de cissexismo, exorsexismo e outras formas de queermisia sejam levantados, e, assim como qualquer outro evento aberto a diversas falas, não há como fornecer avisos de conteúdo com antecedência.

 

Ajude a divulgar!

Os resultados da Feira da Diversidade 2024  1

Um céu majoritariamente nublado sob o qual estão três tendas (há mais no fundo), com algumas pessoas: na da esquerda, há uma bandeira intersexo pendurada e um banner escrito "Orgulhe-se do Museu da Diversidade Sexual", além de um tapete e de algumas cadeiras e pranchões. Na do meio, há dois pranchões, sendo que o da esquerda tem uma toalha de mesa e uma bandeira arco-íris. Acima deste, há uma bandeira da Câmara de Comércio e Turismo LGBT, e no fundo há uma bandeira do Brasil e uma bandeira arco-íris, com outra bandeira arco-íris estando pendurada na frente. À direita disso, ainda na tenda central, na direção que uma seta roxa adicionada no Paint está apontando, há um banner do Orientando e nosso pranchão, cheio de panfletos, com dois displays A4 e com duas caixas com canetinhas disponíveis. Na tenda da direita, há uma mesa cheia de coisas, e alguém está prestes a pendurar um banner, o qual não está virado para a câmera.

Para quem não sabia, Orientando.org foi escolhido como um dos coletivos chamados para compor a Feira Cultural da Diversidade LGBT+, no Memorial da América Latina em São Paulo. Por termos entrado como coletivo, não pudemos comercializar qualquer produto: tudo o que oferecemos foram informações, panfletos informativos e adesivos de conjuntos de linguagem.

Infelizmente, nossa posição estava entre as mais desprivilegiadas. Colocaram um palco à nossa frente, o qual teve música altíssima pela maior parte do evento; também estávamos próximes à entrada restrita a idoses e pessoas com deficiência, mas estávamos nas últimas tendas do ponto de vista da entrada pela qual a grande maioria iria chegar.

É muito difícil dizer quantas pessoas que pegaram nossos panfletos foram atrás de mais informações no site. Não houveram novos registros no nosso fórum desde antes da feira, e houve um pico de atividade no site que começou na segunda (dia 27), enquanto o dia após a feira (sexta, dia 31) foi onde houveram menos visitas nos últimos dias. Além disso, como estamos no mês do orgulho, também é comum que pessoas achem o Orientando enquanto estão tentando pesquisar assuntos do site por conta própria, como o que significa a sigla LGBTQIAPN+ (nossa página mais acessada desde que a sigla popularizou) ou quais identidades não-binárias existem.

Captura de tela de um gráfico do plugin Burst, mostrando um período de 5 de maio até 3 de junho. As estatísticas de visualizações (pageviews), sessões (sessions), visitas (visitors) e pulos (bounces) são relativamente proporcionais nessa ordem, sendo que parecem ter havido menos pulos proporcionalmente a outras estatísticas no dia 17 de maio e muito mais visualizações proporcionalmente a outras estatísticas dos dias 27 a 29 de maio. As visualizações em geral ficaram abaixo de 1000, ficando um pouco abaixo de 1200 no dia 17 de maio, acima de 3000 no dia 27 de maio, acima de 1500 nos dias 28 e 29, um pouco acima de 1000 no dia 30 e acima de 1200 nos dias 31 de maio e 01 de junho.

Estatísticas do último mês que contam todas as páginas em orientando.org

Outra captura de tela, desta vez só dos últimos dias. O número de visualizações de 28 de maio está acima de 1800, 29 de maio está acima de 1600, 30 de maio e 01 de junho estão por volta de 1200, 31 de maio está um pouco acima de 1000 e 02 de junho está quase em 1500. Os outros dados possuem curvas similares, mas menos drásticas, com pulos ficando em volta dos 400, visitantes ficando em volta dos 600 e sessões ficando em volta dos 800. Pulos e sessões são os únicos números que ficaram mais altos no dia 02 de junho em comparação a 29 de maio.

Estatísticas da última semana que contam todas as páginas em orientando.org

Enfim, conseguimos entregar:

  • 98 exemplares de Tudo, ou pelo menos muita coisa, sobre linguagem pessoal (texto original aqui);
  • 97 exemplares do nosso panfleto sobre espectro assexual e arromântico (listado aqui);
  • 94 exemplares do nosso panfleto sobre orientações (também disponível na nossa seção de orientações de materiais para imprimir);
  • 94 exemplares de O que é intersexo? (listado aqui);
  • Mais de 90 exemplares de um panfleto que combinou Qual é a sua linguagem? com o Guia rápido para o uso de conjuntos no estilo artigo/pronome/flexão (listados na seção de linguagem. A falta de números exatos é devido a algumas folhas terem que ter sido descartadas devido a erros de impressão);
  • 86 exemplares de Sobre atração por mais de um gênero (outro da seção de orientações);
  • Pelo menos 86 adesivos de conjuntos de linguagem (não temos dados sobre alguns porque algumas pessoas pediram para recortar folhas e levar adesivos para casa). Temos dados concretos sobre os seguintes adesivos terem sido pegos:
    • 39 apenas com o conjunto o/ele/o;
    • 29 apenas com o conjunto a/ela/a;
    • 7 com a informação de que qualquer artigo/pronome/flexão podem ser utilizades;
    • 4 apenas com o conjunto ê/elu/e;
    • 2 com [espaço para preencher artigo]/elu/e e a/ela/a;
    • 2 com [espaço para preencher artigo]/elu/e e o/ele/o;
    • 1 com os conjuntos ê/elu/e e o/ele/o;
    • 1 com os conjuntos a/ela/a e o/ele/o;
    • 1 com os conjuntos o/ele/o e a/ela/a (mesma coisa, só a ordem que inverte);
    • 1 com espaço personalizável para um conjunto organizado em artigo/pronome/flexão e mais o conjunto [espaço para preencher artigo]/elu/e;
    • 1 com o/ele/o e espaço personalizável para outro conjunto organizado em artigo/pronome/flexão;
    • 1 com um conjunto envolvendo o pronome ela e espaços personalizáveis para artigo e flexão;
    • 1 com um conjunto envolvendo o pronome éli e espaços personalizáveis para artigo e flexão;
    • 1 com um conjunto envolvendo a flexão o e espaços personalizáveis para artigo e pronome;
    • 1 com um conjunto envolvendo a flexão a e espaços personalizáveis para artigo e pronome;
    • 1 com a informação de que qualquer artigo/pronome/flexão podem ser usades, mas com mais de uma exceção (as quais a pessoa pode preencher no adesivo).

Também haviam opções envolvendo conjuntos rotativos, conjuntos quaisquer desde que estejam dentro da neolinguagem, o uso de nenhume artigo/pronome/flexão (-/-/-), diversas opções envolvendo neopronomes diferentes (elo, ile, elae, el e ila, para citar alguns) e muitos adesivos que permitiam o preenchimento de qualquer conjunto ou de quaisquer dois conjuntos, então as escolhas acima não foram feitas por falta de opção.

Para finalizar o relato, quero dizer que ainda é cedo para saber se vamos tentar novamente no ano que vem. O problema de distribuir panfletos é que muitas vezes dá a impressão de que nada adiantou, de que as pessoas podem ter lido e achado as informações vagamente interessantes mas ainda vão nas redes sociais perguntar qual a diferença de bi e pan ou usar conjuntos no formato “elu/delu”. É possível que tenhamos mudado vidas, mas também é possível que a gente tenha perdido tempo e dinheiro com um esforço inútil.

Pessoalmente, eu não gosto de jogar a toalha. Um esforço de visibilidade pode ser provado inútil, mas desistir de ir em eventos físicos também não vai ajudar a disseminar informações ou ideias. Sendo alguém não-binárie que deve ser referide apenas usando conjuntos de linguagem que não possuem a aprovação dos grandes nomes da “linguagem neutra” brasileiros, eu não tenho a opção de descansar e esperar que algum dia as pessoas vão parar de insistir em me maldenominar (ou indicar que gostariam de fazer isso sem serem pintadas como exorsexistas): o sistema artigo/pronome/final de palavra foi publicado aqui já faz mais de 8 anos, mas já percebi que a maioria das pessoas só vai tentar se esforçar em ser inclusiva quando tem alguém dando motivo pra isso. Também tem as outras questões LGBTQIAPN+ que afetam a mim e a outres, como visibilidade a-espectral, múlti, não-binária e xenogênero.

Ficar batendo na mesma tecla é horrível, mas é isso o que tem pra hoje. Ao menos é possível que a próxima geração tenha que bater menos teclas pra conseguir ser respeitada das mesmas formas.