Um espaço de aprendizagem

Gênero-fae

Sete faixas horizontais do mesmo tamanho, nas cores verde, verde clara, amarela clara, branca, rosa, roxa clara e roxa.

Bandeira gênero-fae por superpopcorn101 e Pride-Flags no deviantArt

O termo gênero-fae ou gênero-corça foi originalmente cunhado como genderfae, “uma experiência gênero-fluido que nunca abrange se sentir masculine”. Atualmente, é mais comum ver definições do termo que especificam que ele é para pessoas que nunca passam por experiências de gênero masculinas ou de homens, excluindo assim identidades como melle. Como sempre, fica a cargo de cada pessoa decidir qual das definições se aplica melhor a si.

As diferenças entre gênero-fae e outros termos envolvendo identidades não masculinas e/ou fluidas são simples:

  • Gênero-fae é uma identidade fluida, e portanto difere de outras que não necessariamente são fluidas (mesmo que sejam descritas com múltiplos aspectos), como mulher não-binárie, librafeminine ou anderselkie;
  • Gênero-fae não especifica por quantas ou quais identidades ou tipos de identidades a pessoa passa, apenas que tais identidades não são masculinas (e/ou relacionadas com o gênero homem), enquanto uma identidade como mulher-fluxo especifica um gênero mulher que vai mudando de intensidade e uma identidade como scorineutre especifica fluidez entre três gêneros neutros.

Uma pessoa gênero-fae pode fluir somente entre mulher e neutrois, enquanto outra pode fluir entre agênero e uma porção de xenogêneros e aporagêneros não masculinos. Existe uma quantidade imensa de identidades de gênero que não são mulher, homem, gênero neutro e agênero, e é fundamental considerar isso ao discutir a identidade gênero-fae, assim como identidades gênero-fluido e não-binárias num geral.

Para expressar a presença de uma quantidade imensa/infinita de gêneros não masculinos dentro da identidade de gênero, é possível utilizar o termo pangênero-fae.

Retângulo composto por formas curvas irregulares nas cores magenta, rosa, salmão e creme. No centro da bandeira, há uma estrela de quatro pontas vermelha que é mais alta do que larga.

Bandeira gênero-fae por Jane

O termo faeran, cunhado por shrubmogai no Tumblr em uma publicação de 21 de setembro de 2024, pode ser usado como um substantivo que descreve pessoas gênero-fae adultas. No caso, ao invés de dizer que alguém é gênero-fae (palavra usada como adjetivo), seria possível dizer que a pessoa é ume faeran (termo que acompanha artigo por ser um substantivo), da mesma forma que se usam termos como homem ou mulher.

A identidade gênero-fae foi originalmente cunhada de forma anônima, provavelmente diretamente como envio ao Tumblr MOGAI Archive, atualmente desativado, em algum ponto até 18 de agosto de 2014.

Em 22 de maio de 2016, Jane de Pride Flags For Us (Tumblr atualmente desativado) publicou uma bandeira de orgulho gênero-fae, que apesar de ter sido possivelmente a primeira, não foi muito popularizada.

Em 9 de janeiro de 2017, a bandeira gênero-fae do topo desta página foi publicada no deviantArt Pride-Flags. A bandeira também foi creditada a superpopcorn101 no deviantArt.

Símbolo preto composto por um símbolo de infinito quebrado, onde o círculo da esquerda tem um traço horizontal no meio, um asterisco saindo em direção ao canto superior esquerdo e um traço reto sem adornos saindo da parte de baixo do círculo na posição vertical, enquanto o círculo da direita tem um círculo preenchido flutuando em seu centro, um traço saindo em direção ao canto superior direito o qual também tem um traço menor saindo de seu centro em direção à parte de cima do círculo direito e outro traço saindo do círculo em direção ao canto inferior direito o qual é atravessado por outro traço menor.

Símbolo gênero-fae, por nicprice127-blog/themogaidragon

Um símbolo gênero-fae foi publicado em 11 de julho de 2018 por nicprice127-blog no Tumblr, junto de símbolos para as identidades gênero-fauno e gênero-flor. Posteriormente, themogaidragon no Tumblr publicou versões com fundos transparentes e qualidades maiores dos símbolos.

Em 2020, uma publicação feita por en.bees no Instagram sugeriu mudar o nome da identidade para genderdoe (gênero-corça), argumentando que o uso do termo fae, que se refere a fadas e a outros seres relacionados, é desrespeitoso com culturas e práticas religiosas que respeitam tais seres. Esta discussão provavelmente só aconteceu por conta de um contexto maior onde o neopronome fae usado em contextos anglófonos começou a ser criticado pelo mesmo motivo, a qual resultou nos seguintes contra-argumentos:

  1. Fae é uma palavra que vem da língua francesa, a qual não é usada por celtas e não é considerada o nome verdadeiro dos seres em questão;
  2. Fae é um conceito extremamente abrangente e comum em várias mídias, vários nomes e afins, e atacar especificamente pessoas não-binárias com isso quando não há reclamações equivalentes para outros grupos mostra o quanto a discussão tem mais a ver com censurar a expressão de pessoas não-binárias do que com respeito a outras culturas;
  3. Pessoas queer, especialmente em espaços anglófonos, sofrem e sofreram o uso de fada ou palavras similares como xingamento, e merecem o direito de reinvindicar tal palavra, algo que inclusive acontece em certos grupos;
  4. Forçar pessoas a deixar de usar certos termos ou pronomes por crenças pessoais é equivalente a forçar pessoas ateias a não usar a palavra Deus ou a não se identificarem de certas formas porque “Deus não gosta”, obrigando o mundo ao redor a se moldar de acordo com o que uma interpretação de uma crença específica acredita.

Enquanto pessoas estão livres para usar o termo gênero-corça caso prefiram, o termo gênero-fae ainda é amplamente utilizado. No Gender Census de 2024, uma pesquisa que coleta os termos usados por pessoas não-binárias cada ano, o termo genderfae foi escrito por 165 pessoas, enquanto genderdoe foi escrito por 16 e genderthil (outra alternativa para gênero-fae) foi escrito por 2.


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