Pessoas bi são pessoas que sentem atração por dois ou mais gêneros.
A proposição sobre pessoas bi terem atração pelo próprio gênero e por outros gêneros não funciona bem. Uma pessoa agênero que sente atração por homens e mulheres não é bi de verdade? Uma mulher que sente atração por mulheres não-bináries, pessoas agênero, e homens não é bi de verdade? Ume nanomenino que só sentiu atrações por maveriques, andrógines, e outras pessoas não-binárias, sem nunca ter visto alguém de seu próprio gênero, não é bi de verdade?
Vale lembrar que, enquanto alguém pode, por exemplo, ver homens trans e mulheres cis como sendo do mesmo gênero (o que é errado), dificilmente tal alguém vai se chamar de bi, ao invés de hétero ou lésbica.
Enquanto bi cobre qualquer possibilidade de pessoas atraídas por mais de um gênero, e no passado também foi uma comunidade para qualquer pessoa que não era gay, lésbica, ou hétero, não é respeitoso tentar reduzir qualquer pessoa com atração por mais de um gênero a “basicamente bi”. Algumas pessoas fogem do termo bi, mesmo que a culpa não seja necessariamente da comunidade bi, pela maioria das pessoas achar que bi se refere a atração por homens e mulheres, por dois gêneros, ou por pessoas cis.
Também há uma tendência de reduzir bi a “atração por qualquer gênero”/”atração onde não importa o gênero”, o que não abre espaço para pessoas que se atraem por mais de um gênero sem se atraírem por todos os gêneros. O crescimento de tal tendência faz com que várias pessoas que não se encaixem nesta definição não se sintam mais seguras usando bi como rótulo próprio ou como guarda-chuva.
Para se referir a pessoas que sentem atração por mais de um gênero num geral, a alternativa mais segura é utilizar multi.
Em 1886, o conceito de bissexual como alguém que participa de atividades sexuais tanto com homens quanto como mulheres foi utilizado pela primeira vez, no livro Psychopathia Sexualis, de Richard von Krafft-Ebing. Este conceito foi baseado em flores que, por produzirem tanto gametas “masculinos” quanto gametas “femininos”, podem cruzar com qualquer um desses dois tipos de gametas. Krafft-Ebing acreditava que pessoas bi tinham mais de um gênero, porém esta ideia foi descartada posteriormente.
Antes disso, bissexual se referia a pessoas intersexo, especificamente as com genitália ambígua ou com mosaicismo.
Na década de 60, nos Estados Unidos, começaram a ser travadas lutas por direitos de gays e lésbicas; porém, para convencer que gays e lésbicas eram assim como pessoas hétero, só mudando o gênero o qual “amam” (sentem atração), pessoas bi passaram a ser vistas como ilegítimas.
Movimentos feministas radicais dos anos 70 pensavam em relacionamentos de homens com mulheres como problemas, criando a ideia de que uma lésbica era uma mulher que prioriza mulheres, e que isso incluía não dormir com homens. Muitas feministas da época acabavam suprimindo ou escondendo sua atração por homens, em nome da teoria que dizia que a conclusão lógica do feminismo radical era que a dedicação política levava a ter atração sexual apenas por mulheres.
Antes disso, comunidades de mulheres bi e lésbicas eram a mesma – de mulheres com interesse em mulheres – porém, com essa pressão, mulheres bissexuais passaram a formar suas próprias comunidades.
Michael Page criou a bandeira bissexual, hoje conhecida apenas como a bandeira bi, em 1998. As cores são as mesmas dos biângulos, outro símbolo bi, que depois foi substituído por duas luas crescentes. A bandeira bi é composta de três faixas horizontais, sendo que a do meio tem a metade do tamanho das outras. A faixa de cima é rosa escura, a do meio é roxa, e a de baixo é azul.
Page escreveu que “a chave para entender o simbolismo da bandeira bi é saber que os pixels roxos são misturados imperceptivelmente tanto com a cor rosa tanto quanto a cor azul, assim como no ‘mundo real’, onde pessoas bi se misturam imperceptivelmente tanto nas comunidades gay/lésbicas quanto nas hétero”.
Bi é o mesmo prefixo em inglês (bisexual, biromantic, bialterous, bisensual, etc).
Links adicionais:
- Centro de Recursos Bissexuais
- Bi.org
- BiNet EUA
- Mensagens Bissexuais Positivas
- FAQ Bi
- Comunidade Bissexual/Não-Monossexual e Queer
- GL x BT – Jillian Todd Weiss
- História da bissexualidade – Wikipédia
- Psychopathia Sexualis – Wikipédia
História da palavra bissexual como orientação(link morto, favor avisar se souber de algum backup)- Uma Breve História do Movimento Bissexual – BiNet USA (Wayback Machine)
- Políticas Bissexuais: Teorias, Pedidos, e Visões – Antologia editada por Naomi Tucker
- Trechos de Identidade/Políticas: Uma História do Movimento Bissexual, por Amanda Udis-Kessler, texto publicado na antologia acima: [1] [2] [3] (trechos postados por kvvilder)
- As diferenças (ou não diferenças) entre orientações multi
- Manifesto Bissexual Brasileiro
- Bandeira de orgulho bi – Flags Of The World
- Um Glossário Histórico de Bandeiras e Símbolos LGBT Ícones – Mashable
- Símbolo de luas crescentes bi – Pride-Flags
- Bandeiras bi (Pride-Flags): bi; birromântica [1] [2]; bisensual [1] [2]; bialternativa