Esta lista contém rótulos para experiências de gênero ou similares exclusivas de certas culturas, raças ou etnias. Ela é separada para garantir que estes rótulos não sejam confundidos com rótulos obrigatoriamente trans ou não-binários ou livres para a adoção de pessoas brancas, pois vários destes não são vistos como identidades fora da norma dentro de suas respectivas culturas e só podem ser entendidos dentro de tais contextos. Tanto transgênero quanto não-binárie são termos criados dentro de um conceito eurocêntrico de gênero; enquanto pessoas com identidades como as desta página possam se identificar como trans ou não-binárias, há também as que rejeitam tais classificações.
Pessoas das identidades citadas nesta página não são consideradas cisgênero dentro da lógica eurocêntrica, o que leva estas identidades a serem apagadas e marginalizadas violentamente pelo colonialismo.
Afrogênero: Uma identidade de gênero influenciada pelas experiências do povo africano e de sua diáspora. Este termo é exclusivo a pessoas negras.
Androgynos: Gênero exclusivo da cultura judaica, provavelmente originalmente designado a certas
pessoas intersexo. Descrito como o gênero de alguém que possui tanto qualidades de um homem quanto as de uma mulher. Comparável a alguém
bigênero homem/mulher, ou talvez a ume
andrógine.
Antibinárie/Anti-binárie: Uma identidade em oposição direta ou não afiliada com o binário de gênero eurocêntrico/branco.
Aredu/imedu: Uma identidade Boe que significa mulher/homem.
Ay’lonit/Aylonit/ ‘Aylonit: Gênero exclusivo da cultura judaica, designado a pessoas designadas como meninas ao nascimento que desenvolvem traços considerados masculinos na puberdade e são inférteis. Algumas pessoas judias
transmasculinas usam esta identidade para si. Outras consideram que deve ser somente utilizada por pessoas intersexo.
Biexgênero: Identidade específica para pessoas multirraciais. Uma pessoa biexgênero possui
dois gêneros exclusivos de suas culturas.
Bissu: Um gênero da comunidade Bugis, do sul da Indonésia. Mais ou menos análogo a andrógine ou bigênero (homem/mulher), ou talvez até
pangênero, bissu é um gênero comum entre pessoas
intersexo. Bissus possuem grande importância religiosa.
Boi (pronúncia bói): Identidade exclusiva a pessoas negras; relacionada a ser homem, mas de uma forma separada do binário de gênero branco. Também pode se referir a um jeito afetuoso de chamar pessoas masculinas di/cis/heterodissidentes em algumas comunidades.
Boyceta: Uma identidade
transmasculina brasileira que é frequentemente pautada em marginalização e aceitação/ressignificação de características sexuais congênitas.
Brotherboy: Um termo para aborígenes australianes e das Ilhas do Estreito de Torres que foram designades como mulheres, mas cujes identidades culturais, identidades de gênero, papéis sociais e afins são mais relacionades com masculinidade. É um termo amplo, e não deve ser reduzido a apenas algo como homem trans ou pessoa transmasculina.
Dois espíritos: Termo exclusivo a certos povos nativos norte-americanos. Em essência, a pessoa tem ambos o espírito de um homem e o de uma mulher, o que pode ser comparável a bigênero de tais gêneros. Porém, pessoas dois-espíritos também podem se considerar mais equivalentes a serem pessoas trans binárias ou pessoas cis que são heterodissidentes. A maior parte dos povos possui nomes e papéis de gênero específicos ao invés de dois espíritos, que é um termo guarda-chuva para agrupar essas identidades.
Fa’afafine: Um gênero exclusivo da cultura de Samoa. O equivalente branco eurocêntrico mais próximo seria uma intersecção entre homem (cis) gay e mulher trans, mas fa’afafine ainda é sua própria identidade. Fa’afafines são associades a figuras maternas, que devem ajudar em cozinhar, limpar e cuidar de crianças.
Femminiello: Um gênero italiano, mais especificamente de Nápoles. Relativamente similar a mulher trans ou a homem (cis) gay, mas também considerado como uma categoria diferente de ambas as identidades. Geralmente designades como homens ao nascimento e muito feminines, femminiellos não se veem como mulheres ou homens, e sim como femminiellos. Femminiellos são popularmente vistes como sortudes.
Fengênero: Um gênero comparável ao vento; brincalhão, instável e por todo lugar. Termo exclusivo a pessoas chinesas.
Gênero-hu: Uma identidade de gênero que é sentida como se fosse música, como uma trajetória de uma fita caindo levemente do céu. Possui ondas e vibrações calmas. Termo exclusivo a pessoas chinesas.
Hijra: Um termo na Índia e no Paquistão para um gênero ou papel de gênero. Identidade possivelmente comparável com a de uma mulher trans no ocidente; porém hijra é uma categoria separada de mulher em sua cultura. Hijras preenchem certos papéis espirituais, como fazer bençãos, casar pessoas e ajudar em nascimentos de bebês.
Imedu/aredu: Uma identidade Boe que significa homem/mulher.
Indigênero: Um termo para pessoas de culturas indígenas que possuem gêneros exclusivos a elas. Indigênero é um gênero adjacente ou relacionado a uma de tais identidades, sem preencher todos os requisitos delas.
Kathoey/Katoey: Um termo tailandês que é geralmente usado por/para pessoas transfemininas ou homens cis com expressões de gênero femininas. Pode ser considerado ofensivo, dependendo do contexto.
Lańomjgênero: Um gênero parcialmente ou completamente influenciado por ser native americane e praticar magia ou medicina.
Laogênero: Uma seleção de identidades antigas da China que foram destruídas por ocidentais. São identidades velhas, maduras e imortais. Termo exclusivo a pessoas chinesas.
Māhū: Uma identidade nativa do Taiti e do Havaí, que pode ser comparada com a identidade transgênero no geral. Historicamente, Māhū tinham certo papel espiritual, porém a demonização desta identidade por parte de colonizadories fez com que Māhū passasse a ser uma identidade marginalizada. Atualmente, existem esforços para que o reconhecimento e o respeito a Māhū retornem.
Malisiane: Alguém negre que se identifica fora do binário de gênero. Este termo foi cunhado para reunir pessoas negras que se sentem excluídas de comunidades não-binárias e genderqueer. Também foi cunhado para reconhecer identidades vindas das raízes africanas pré-colonização e a diferença de estar fora do binário de gênero para pessoas negras devido à antinegritude do binário de gênero eurocêntrico.
Muxe: Uma categoria do povo Zapoteco, um povo nativo do sul do México. Muxes são mais ou menos equivalentes a mulheres trans, ou talvez a pessoas bigênero homem/mulher. Existem festivais e rituais relacionados a muxes, e muxes podem fazer tanto trabalhos tradicionalmente associados a mulheres quanto trabalhos tradicionalmente associados a homens. Ou seja, podem ter ambos os papéis de gênero de mulheres e de homens.
Nekogênero: Uma identidade de gênero pequena que lembra ume gate, e que está bem aberta à interpretação de quem se identifica com ela. Este gênero foi cunhado por uma pessoa japonesa, mas é aberto a todas as pessoas asiáticas.
Nullagênero/Nulagênero: Uma pessoa que se identifica como
sem gênero por ter o binário de gênero eurocêntrico/branco forçado sobre si. Apenas para pessoas que experienciam racismo.
Obinrin bi okunrin: Um termo iorubá que pode ser traduzido como homem-mulher, originalmente usado por pessoas designadas mulheres ao nascimento que desempenhavam papéis de gênero considerados masculinos. Atualmente, esta identidade é usada por pessoas negras de todo o mundo que se consideram femininas e masculinas e que rejeitam ou não priorizam a utilização de termos cunhados dentro de culturas eurocêntricas.
Obinwe: Alguém negre cujo gênero é conectado com feminilidade, sem que seja obrigatoriamente alinhado com/conectado a ser mulher.
Okunwe: Alguém negre cujo gênero é conectado com masculinidade, sem que seja obrigatoriamente alinhado com/conectado a ser homem.
Qirl (pronúncia cârl): Identidade exclusiva a pessoas negras; relacionada a ser mulher, mas de uma forma separada do binário de gênero branco.
Quariwarmi: Um gênero tradicional da cultura inca. Quariwarmi são xamãs e líderes espirituais que estão entre os gêneros binários. Existem rituais que apenas quariwarmi podem realizar, relacionados à divindade Chuqui Chinchay, o Jaguar Dourado.
Saris: Gênero exclusivo da cultura judaica, designado a pessoas designadas como meninos ao nascimento que desenvolvem traços considerados femininos na puberdade e/ou não possuem pênis. Algumas pessoas judias
transfemininas utilizam esta identidade para si, enquanto outras consideram que seja um termo exclusivo a pessoas intersexo e/ou castradas.
Sekhet/Sekhety/Sekhyt: Num período do Egito antigo, a sociedade separava as pessoas em homens, sekhet e mulheres, nesta ordem. Geralmente se traduz sekhet como “eunuco”, mas isso é provavelmente uma simplificação; a categoria poderia também representar homens cis gays, no sentido de que estes não procriariam, e não apenas homem cis castrados. Hoje em dia, algumas pessoas egípcias usam o termo como equivalente de
não-binárie, mas outras o usam por serem gays, trans, queer, etc.
Sistergirl: Um termo para aborígenes australianes e das Ilhas do Estreito de Torres que foram designades como homens, mas cujes identidades culturais, identidades de gênero, papéis sociais e afins são mais relacionades com feminilidade. É um termo amplo, e não deve ser reduzido a apenas algo como mulher trans ou pessoa transfeminina.
Travesty/Travesti: Uma identidade da América do Sul geralmente definida por ser alguém que poderia se dizer
transfeminine que não vai atrás de cirurgias de redesignação sexual, mas que na verdade vai bem além disso, e que muitas vezes tem a ver com uma questão de resistência e de rejeição às normas de gênero e à supremacia branca. Travestys podem se definir de formas que entrariam no guarda-chuva não-binário e/ou podem se dizer mulheres.
Tumtum: Um gênero da cultura judaica designado a pessoas que nascem com genitália ambígua parcialmente escondida por baixo da pele. O termo é algo próximo de
agênero em seu uso atual.
Virgem juramentade/Burrnesha/Virgjnesha: Virgens juramentades dos Balcãs são pessoas designadas como mulheres ao nascimento que fazem votos de castidade para poderem ser dessa identidade, para terem o mesmo tratamento e direitos do que homens. Porém, algumes virgens juramentades utilizam linguagem diferente de o/ele/o.
Xanith/Khanith/Khaneeth: Alguém designade homem ao nascimento que participa de atos associados com feminilidade dentro da cultura omani, incluindo muitas vezes relacionamentos com homens. Xanith são tratades como uma categoria de homem ou como um gênero separado de homem e mulher, dependendo do caso.
Xジェンダー (X-gender; gênero X): Alguém cujo gênero não é nem homem, nem mulher; ou seja, alguém cujo gênero não é binário. Similar ao conceito de
não-binárie, mas possui suas particularidades relacionadas à cultura japonesa.
¿gênero: Gênero exclusivamente latinoamericano. Não pode ser descrito em inglês.